Para fazer os programas, mulheres
abordam clientes e não se inibem mesmo diante das famílias que transitam pelo
mercado; uso de entorpecentes é frequente no entorno
Localizado em uma das regiões
mais tradicionais do município, o Mercado Central de Betim, popularmente
conhecido como Ceabe, se tornou um ponto de prostituição e de uso de drogas. Em
plena luz do dia, mulheres que fazem programa dividem espaço com comerciantes
que trabalham no local e com as famílias que passam pelo mercado para comprar
algum produto.
O uso de entorpecentes também é frequente no entorno.
Revoltados, lojistas afirmam que o problema é antigo e denunciam que, apesar de
já terem cobrado várias vezes um posicionamento do atual governo, nada ainda
foi feito.
De acordo com Cláudio*,
proprietário de um dos estabelecimentos do Ceabe, a situação está prejudicando
o comércio do mercado. “Muitas famílias estão deixando de vir aqui por causa
das prostitutas e desses usuários de drogas que ficam agindo aqui no entorno.
Imagina um casal que vem fazer compras: o homem vai ao banheiro e é abordado
por uma das mulheres. É uma situação complicada. Já pedimos várias vezes para
que a prefeitura tome providências, mas nada acontece”, reclamou.
Depois de passar vários dias
observando a rotina dentro do Ceabe, O Tempo Betim confirmou as denúncias
feitas pelos comerciantes. Em uma dessas ocasiões, um grupo de mulheres foi
abordada por homens da nossa equipe de reportagem, por volta das 15h. Durante
um bate-papo descontraído em um dos bares que fica dentro do Ceabe, elas
confirmaram serem prostitutas e, para fechar o programa, disseram cobrar R$ 50
dos supostos “clientes”.
“São muitas prostitutas e de
todas as idades. No fim de semana, a movimentação é ainda maior. Tem até
meninas menores de idade. Na semana passada mesmo, um homem teve a carteira
roubada e a nossa suspeita é de que seja por uma delas. Geralmente, essas
mulheres ficam sentadas nos bares tomando cerveja. Outras ficam disfarçadas nos
cantos. É uma situação muito desagradável para os comerciantes e para os
clientes, que estão deixando de vir ao Ceabe. Esses dias, um homem disse para
mim que não precisa nem ir em uma boate para encontrar mulheres, que aqui tem
de tudo”, contou a vendedora Cida*.
O uso indiscriminado de drogas
também é outro desafio para os comerciantes, que contam que a situação acontece
quase diariamente no entorno do mercado. Contudo, nesse caso, a reportagem
apurou que os usuários preferem ser mais discretos, e utilizam os entorpecentes
dentro dos banheiro e nas ruas e praça que ficam nos arredores do Ceabe. “Adoro
comprar aqui, mas quando saio, tenho medo de ser roubada. As pessoas que ficam
foram do Ceabe são muito mal encaradas”, disse Vânia*, uma das clientes do
local.
Promessa
Há uma década, os cooperados do
Ceabe aguardam ansiosos pelo cumprimento das promessas de revitalização do
mercado, feitas desde o governo da ex-prefeita MDC (PT), em 2009, e que
continuaram na gestão do atual prefeito Carlaile Pedrosa (PSDB).
Na campanha eleitoral de 2008, a
petista afirmou que iria revitalizar o camelódromo do centro e reestruturar a
área comercial do Ceabe, entretanto, o projeto nunca foi implementado.
Antes de assumir a prefeitura, em
2013, Carlaile também prometeu em seu “Plano de Governo” ampliar e reformar o
camelódromo e o mercado. Contudo, as mudanças prometidas pelo tucano também
continuam só no papel. “Até hoje estão negociando a reforma, mas não há
previsão da execução”, disse Cláudio*.
Posicionamento
A Cooperativa dos Comerciantes do
Ceabe (Coopceabe), responsável pela administração do mercado, foi procurada,
porém, não quis se pronunciar.
A assessoria da Prefeitura de
Betim informou que a Polícia Militar já foi informada da situação e que foram
estabelecidas ações da Guarda Municipal com a Secretaria de Assistência Social.
“Uma operação já foi realizada, há duas semanas, na região do Ceabe e, desde
então, a Guarda Municipal tem realizado operações semanais para inibir
ocorrências de crimes diversos. As operações contam com patrulha diária, ação
de abordagem dos moradores de rua, encaminhamento dos mesmos ao Centro Pop,
dentre outros”.
*Os nomes são fictícios para
garantir a segurança das fontes.
Fonte: O Tempo
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