quinta-feira, 16 de outubro de 2008

"A arte de cavar túneis"


Estou a cavar túneis
Enquanto busco sentidos
Cavando túneis diariamente
Buscando minas insistentemente...

Estou a cavar túneis
Lapidando pedras
Rompendo solos
Tocando raízes
Estremecendo cascalhos

Difícil arte de cavar
Longo processo
Contínuo e preciso
O movimento de revirar

Cavando túneis diariamente
Buscando à mina chegar
Túneis a cavar
Até encontrar...

Descendo túnel
Na escuridão
Ou no clarão
Descendo...
Lapidando
Até o chão!


Difícil é cavar
Preciso, porém
Àquel@ que ousar.


Por Fernanda Priscila Alves da Silva

Refelxão sobre a "arte de cavar túneis", o processo educativo, a pedagogia da aprendizagem de si mesm@ e do mundo.


O ABSURDO DO ABSOLUTO



O que fazer quando as certezas se calam? Teorias perdem a força diante de perguntas sem resposta. Contemplo Jesus na sinagoga¹. Os fariseus o observam. Ele tenta um diálogo. É possível gerar vida em dia de sábado? Silêncio. Ninguém responde. A pergunta cala. E Jesus não espera autorizações para realizar o que deseja. Ele cura. E novamente pergunta: é possível curar em dia de sábado? Mas eles são incapazes de responder.

Diante desta cena, Jesus mais uma vez silencia nossos corações. Alguns o observavam, mas, desta vez não conseguem elaborar respostas, fogem-lhes as palavras. O silêncio rouba a cena. Caem por terra teorias e frases prontas. O texto bíblico nos surpreende. Basta que atentemos aos cheiros, sabores, gostos e gestos.

Tendo esta palavra diante de mim pergunto-me: e quando as certezas se calam? Será que sempre teremos respostas para nossos anseios? O que fazer quando não somos capazes de responder? É hora de deixar o silêncio ser o protagonista?

Em tempo de tantas perguntas e buscas por respostas rápidas e eficazes, tempo de aprofundar saberes, ou melhor, tempo de muito saber, pois afinal de contas “o mundo corre”, as coisas passam e não podemos perder tempo.

Diante de tantas correrias, de perguntas sem respostas, ainda perguntamos: qual é o sentido? E mais: qual é o Absoluto de nossas vidas? A resposta poderia ser rápida e rasteira: Deus é o Absoluto de nossas vidas. Ele mesmo é o sentido Último, ou diria ainda que Ele seja na verdade o sentido Primeiro. Mas o que fazemos com esta certeza? Por hoje, fico com a atitude daqueles fariseus... Não que seja a melhor. Mas talvez seja tempo de observar Jesus, nada responder, calar. Talvez em determinados momentos seja hora de silenciar. Tempos em que apenas escutamos as perguntas. Também elas são necessárias. Tempo do silêncio que escuta, que volta a si para sentir o pulsar de dentro. O pulsar que nos faz voltar ao Absoluto: voltar ao sentido Primeiro e Último sentido.

Segundo Henri J. M. Nouwen escutamos: “Não corra, fique quiet@, em silêncio. Escute com atenção a sua própria luta. A resposta à sua pergunta está escondida em seu coração” (trecho do livro Crescer: os três movimentos da vida espiritual).

Qual o Absoluto de nossas vidas? Pergunto de novo. Escutemos a resposta. Observamos. E nos calamos.

Perguntar pelo Absoluto de nossas vidas é ainda perguntar: de que modo fazemos e realizamos nosso viver? Como expressamos o agir de Deus- Absoluto nas realidades nas quais estamos inserid@s? Que espírito nos move? De que modo concreto o Absoluto se realiza em nossos tempos? E, talvez, nos Absurdos cotidianos ele esteja presente. Quando uma mulher nos diz: “Ele não dorme nunca ... Nós dormimos...Mas Ele (Deus) não dorme nunca”. Eis aí a certeza do Absoluto de forma tão concreta. Verdadeiramente é tempo de “não correr, ficar em silêncio, escutar nossas próprias lutas, pois a resposta está em nós...” E também Aquele que “não dorme nunca”, está conosco. O Absoluto se faz Absurdo na vida diária. É Ele mesmo quem nos move e impulsiona. O Absoluto está mais próximo do que possamos imaginar.

Texto de Fernanda Priscila Alves da Silva.

1- Cf. Lc 13, 1-6.
@: faz referência ao gênero feminino e masculino quando utilizado na composição das palavras.

ORAÇÃO À MULHER MARGINALIZADA

Desenho de Suely da Silva (ir. Marista)

ORAÇÃO À MULHER MARGINALIZADA
Por Heber Faria, CM

Senhor Jesus, Tu que te fizeste marginalizado e sofrido,
permita que nossos corações possam voltar-se para as mulheres
e que possamos nos destinar e inserir na realidade delas;
em sua angústia, seu desespero e sua dor.
Suscita em todos nós esse desejo
da presença, do testemunho, da inserção.
Inflama em nós a verdadeira caridade,
que nos questiona nesse grande desafio.
Dá-nos a força para que, fiéis à prática desse amor,
possamos ser, estar e sentir a pessoa da mulher marginalizada.
E, um dia, unirmo-nos a elas no Teu reino de justiça e paz.
Amém! Assim seja!