sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Sentimentos e lembranças bordadas


Elizabeth Oliveira

Em março de 2008 deu-se início à produção da Colcha de retalhos com as mulheres, cada parte bordada por uma delas. Essa colcha foi finalizada em agosto e virou um objeto de decoração do Cantinho. Foi um instrumento utilizado para trabalhar com as mulheres suas identidades, histórias, criatividade e conhecimento de si.

A monitora da oficina de bordado, Elizabeth Oliveira, fala sobre a experiência.

APMMBH: Como se deu o primeiro contato com as mulheres e a iniciação ao bordado?

Elizabeth: O que eu achei interessante foi que logo no 2º dia elas tomaram a liberdade de falar das suas experiências profissionais. A maioria não sabia bordar e mostrou uma habilidade que elas próprias não conheciam. No momento em que viam se admiravam com próprio resultado do trabalho.

APMMBH: E as idéias para compor a peça?


Elizabeth: Pensei a princípio em bordar o universo infantil, dando a elas a oportunidade de voltarem ao seu passado. Elas tinham a liberdade de fazer o próprio traço e cores. Foi super tranqüilo e rico.

APMMBH: Nos fale sobre as dificuldades desse trabalho.

Elizabeth: Quando colocamos a proposta da infância nos bordados elas disseram que não tinham nada para falar, que só tiveram sofrimento. Com o passar do tempo os relatos demonstraram histórias de exclusão, abusos sexuais, condição de pobreza, doenças, abandono, drogas e a própria prostituição.

Para mim foi difícil lidar a todo momento com a dor da outra. O que podia fazer era escutar.

Nos momentos em que elas pensavam em desistir, pela falta de compreensão do sentido sobre o fazer artístico e da troca de experiências, era preciso sempre instigar.

A necessidade financeira (clientes para atender) e a dependência de drogas roubam dessas mulheres as oportunidades, tirando-as dos locais e do convívio com pessoas que tentam resgatá-las.

A colcha pronta:

Elas disseram que deu muito trabalho, mas valeu a pena. Como disse uma delas: “Fomos nós que fizemos”. E outra mulher diz: “é uma pena que as outras mulheres não tenham a consciência da importância desse trabalho.

Defina a colcha:

Momento de prazer, dor, alegria e de convivência com a outra.








Pastoral da Mulher participa de debate na UFMG




No dia 19 de agosto de 2008, ir. Lúcia Alves, representando a Pastoral da Mulher de Belo horizonte, participou da palestra “Corpos femininos: profissionais do sexo” na Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais. O evento foi organizado pelo GSS – Grupo de Estudos sobre Gênero, Sexualidade e Sexo na Educação (UFMG).

A mesa foi composta por Amadeu Cruz, IGB/UFMG, Lucilene França, atriz da peça “Hotel Açucenas”, Dos Anjos e Laura, representantes da Associação das Profissionais do Sexo em Belo Horizonte e, Regina Medeiros, antropóloga e professora da PUC/MG.

Estiveram presentes para assistir à palestra professores da rede municipal de BH e contagem, alunos da FAE, representantes de instituições não-governamentais e grupos ligados ao trabalho com mulheres em situação de prostituição.

A abertura do evento deu-se com uma breve apresentação da coordenadora do GSS, a professora Adla Teixeira, que deu as boas-vindas e explicou a finalidade da palestra. Os componentes da mesa tiveram cerca de 20 minutos para exposição do trabalho que realizam e das experiências vividas relacionadas ao tema. Em seguida, abriu-se espaço para debate.

A princípio foi levantada a questão de retirar ou não as mulheres da prostituição. Na mesa havia diferentes posturas, o que enriqueceu o debate e também gerou algumas contradições e novos pontos de discussão.

O assunto específico voltado para a Pastoral da Mulher girou em torno de duas questões: se a Pastoral tem a proposta de retirar as mulheres da prostituição e se o trabalho da Pastoral com as mulheres trata-se de promoção social ou catequese.

Ir. Lúcia esclareceu que a proposta não é retirar as mulheres da prostituição, mas sim trabalhar no sentido do resgate da cidadania, da auto-estima, da emancipação dessas mulheres e da busca pelos seus direitos. Para aquelas que apresentam interesse em deixar a prostituição, a Pastoral oferece ações de apoio como: inclusão digital, a alfabetização, oficinas formativas e de capacitação, encaminhamentos na área trabalhista e social, além de proporcionar atendimentos individualizados. Sobre a segunda questão, ir. Lúcia também colocou que o trabalho desenvolvido não tem cunho catequético, pois a Pastoral procura respeitar as crenças de cada uma e suas formas de viver a espiritualidade. Portanto, pode-se dizer que a Pastoral atua no sentido da promoção social, vivendo valores cristãos como: acolhida, escuta, gratuidade, partilha, amor, perseverança, entre outros.

A Pastoral da Mulher ainda foi convidada a participar do grupo GSS – Grupo de Estudos sobre Gênero, Sexualidade e Sexo na Educação/UFMG, que se reúne a cada 15 dias para debater e pesquisar sobre o tema. A proposta será avaliada, mas considera-se uma participação importante, principalmente porque envolve pesquisas.

comunicaapmm@gmail.com
lucialves16@hotmail.com
gss.fae@gmail.com

Rádio Gospa Mira abre espaço para a Pastoral da Mulher


À esq. Nanda Soares (Relações Públicas da APMMBH) e
à direita Marcela Cricco ( uma das apresentadoras do programa).

No dia 18 de agosto de 2008, a Pastoral da Mulher de Belo Horizonte teve seu trabalho divulgado na rádio Gospa Mira. O convite surgiu da Comunidade Árvore da Vida, responsável pelo programa No Coração da Igreja.


A Rádio Gospa Mira foi criada pela Comunidade Gospa Mira, nome de origem Croata que significa “A Senhora da Paz”; daí o slogan “A voz de Maria irradiando a Paz”. No ar desde 1º de maio de 2005, a rádio tem como finalidade divulgar as mensagens de Maria, envolvendo-se com um trabalho de evangelização. Antes funcionava por meio da rádio 830 AM, com horários definidos, mas, atualmente, está na freqüência 105.7 FM, 24 horas por dia.

Em entrevista à apresentadora Marcela Cricco, voluntária da Pastoral e pertencente à Comunidade Árvore da Vida, a agente de comunicação da APMM/BH, Nanda Soares, concedeu entrevista que teve foco na atuação da associação em prol da justiça social e no trabalho pela emancipação das mulheres em situação de prostituição, realizado desde 1982. A rádio ainda abriu espaço para demais divulgações e notícias relacionadas à Pastoral da Mulher nos próximos programas.