terça-feira, 6 de julho de 2010

Casa sobre rocha, casa sobre areia




“Portanto, quem ouve essas minhas palavras e as põe em prática, é como o homem prudente que construiu sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, vieram as enxurradas, os ventos sopraram com força contra a casa, mas ela não caiu, porque fora construída sobre a rocha. Por outro lado, quem ouve essas minhas palavras e não as põe em prática, é como o homem sem juízo, que construiu sua casa sobre a areia. Caiu a chuva, vieram as enxurradas, os ventos sopraram com força contra a casa, e ela caiu, e a sua ruína foi completa!” - (Mateus, 7,24)



Comentário



Construir a nossa casa sobre a rocha, significa construirmos nossa segurança, o bem-estar íntimo, sobre algo sólido como a rocha, ou seja, sobre os valores do Espírito, este permanente, não sujeito às transformações, as mudanças da matéria. Em outras palavras, construir nossa felicidade sobre algo duradouro, firme como a rocha. Por outro lado, construir sobre a areia seria fazê-lo sobre algo movediço (como a areia), não durável, que sofre constantes modificações. Mas o detalhe importante é praticar, e não só “ouvir”. A alma e quintessência de toda sabedoria e felicidade da vida consiste em praticar, realizar as grandes verdades, e não somente em ouvi-las. Quem apenas ouve, mas não realiza, não pratica o que ouviu, é um “homem insensato”; quem ouve e realiza é um “homem sábio”. A diferença fundamental entre a insensatez e sabedoria está em ouvir sem realizar, e por outro lado, em realizar o que se ouviu.



Conta-se que Gandhi certa vez foi procurado por uma senhora, com um filho que tinha o péssimo hábito de comer açúcar. Aquela mãe tomou conhecimento do saber de Gandhi e de sua capacidade para ensinar, fazer com que as pessoas se transformassem para melhor, por isso o procurou, solicitando ajuda para o filho. Após ouvi-los, Gandhi recomendou que voltassem depois de 15 dias. Decorrido o tempo marcado, voltou a mãe com o filho. Foram bem recebidos, receberam toda a orientação sobre como dominar aquele mau hábito, e, ao se despedir, a mãe pediu permissão para fazer uma pergunta: Por que o senhor não nos atendeu da primeira vez que o procuramos? E Gandhi respondeu, com naturalidade: É que eu também possuía o hábito de comer açúcar. Preferi primeiro aplicar a orientação em mim próprio, para, só depois, transmiti-la a outrem...



É bom pensar nisso, pois na vida somos atacados constantemente por “enchentes” e isso é inevitável. Se pularmos a etapa de criarmos fundamentos estaremos nos arriscamos a perder tudo. Não se deve construir sobre areia. Não tenha pressa de ter tudo na vida no menor tempo possível, “vem fácil, vai fácil”, diz a sabedora popular.



Pense no que sua vida está fundamentada, quais são os valores que você cultiva. Você realmente norteia sua vida por um ideal ou simplesmente vai decidindo as coisas como uma barata tonta que foge pela cozinha, agindo impulsivamente a cada situação? Será que se fosse atacado pela enchente, sua vida resistiria como a casa fundamentada na rocha ou desabaria como uma casa construída sobre a areia?