Medo de quê? De tudo. Mas
sobretudo de ter que do nada me prostituir, ter que ir da noite pro dia buscar
cada centavo do meu sustento na prostituição. E não eram os corpos sem nome,
vários, variados, via de regra fora do padrão, em diversos graus de higiene e
saúde, o que me assustava. Com esses me dou bem, e até prefiro, anônimos, fora
do padrão (como eu própria me sentia sempre, ainda mais agora). Sexo nunca foi
foda (...). Meu medo era, antes, a violência da exclusão, me ver pária da noite
pro dia, tratada feito lixo, perder família, amigos, círculo social, não ter um
teto pra chamar de meu, o direito de continuar estudando, de poder buscar
emprego que não fosse esse que não consideram emprego: puta.