Foto: Rodrigo Paredes - Flickr -
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“Um grito coletivo contra a
violência machista”. É assim que se define o movimento Ni una menos, que surgiu
na Argentina, em 2015. Desde sua criação, vem ganhando força. Em um ato no
último dia 3 de junho, mais de 200 mil pessoas participaram de uma manifestação
do Ni una menos em Buenos Aires. O movimento espalhou-se por outros países da
América Latina: houve atos não só em outras cidades da Argentina, mas também no
Chile, no México e no Uruguai.
Feminicídios
O estopim do movimento argentino
foi o brutal assassinato de Chiara Páez, ocorrido em maio de 2015 em Rufino, um
município de 20 mil habitantes localizado na província de Santa Fé. Páez tinha
14 anos, estava grávida e foi morta por seu namorado, que a enterrou no quintal
de casa.
A partir desse caso, tornou-se
notória a informação de que, em 2014, ocorreram 277 feminicídios no país. Ou
seja, a cada um dia e meio uma mulher foi morta por ser mulher. Segundo um
manifesto lido no ato de 3 de junho, “feminicídio é uma categoria política, é a
palavra que denuncia o modo em que a sociedade torna natural algo que não o é:
a violência machista. E a violência machista é um assunto de direitos humanos”.
Nesse sentido, um dos lemas do
movimento é “vivas nos queremos”. O movimento tem sido impulsionado por
familiares das vítimas – assim como ocorreu em relação às vítimas da última
ditadura militar no país, a partir das organizações das Avós e das Mães da
Praça de Maio.
Violência contra as mulheres
Há na Argentina um plano nacional
de prevenção, assistência e erradicação da violência contra as mulheres, que
foi criado por uma lei aprovada em 2009. No entanto, ele ainda não foi
regulamentado, e não há previsão para sua implementação. Embora a lei preveja um
orçamento para esse programa, até hoje ele não foi contemplado com recursos
federais.
A medida ajudaria a combater
outras formas de violência, segundo seus defensores. De acordo com uma enquete
realizada com mulheres durante a manifestação de 3 de junho por pesquisadores
da Universidade de Buenos Aires - UBA, 91% delas dizem já ter sofrido assédio
na rua.
Representação na mídia
Ainda segundo essa pesquisa, da
Faculdade de Ciências Sociais da UBA, mais de 80% valorizaram o fato de que os
meios de comunicação estejam dando mais atenção para o tema da violência contra
a mulher. No entanto, 40% delas têm críticas à abordagem da mídia. Ativistas
notam que a própria repercussão dos casos reproduz discursos de uma sociedade
machista. Um deles é o de duas jovens argentinas que foram mortas em fevereiro
último, no Equador. A cobertura do caso foi alvo de críticas por conta da
expressão, frequente em reportagens sobre o crime, de que elas “viajavam
sozinhas” – o que, considerando que elas estavam juntas, significava, na
verdade, que elas viajavam sem homens.
América Latina
No mesmo dia da manifestação do
Ni una menos em Buenos Aires, também houve atos, embora menores, em Santiago do
Chile, na Cidade do México, e em Montevidéu, no Uruguai. No Brasil, o recente
estupro coletivo de uma adolescente no Rio de Janeiro ficou marcado pela
culpabilização da vítima, o que inclusive levou ao afastamento do delegado que
inicialmente cuidava do caso. Após a transferência da investigação para uma
delegacia da Criança e Adolescente Vítima, os responsáveis foram indiciados.
Por João Flores da Cunha / Com
Agências
Fonte:Ihu
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