Deitada em lençóis brancos da
grife M. Martan e encostada nos seis travesseiros, Sarug Dagir está toda nua.
Com uma mão, envolve uma almofada roxa em frente ao colo. Com a outra, segura a
apostila que reúne a obra Inibição, sintoma e angústia, de Sigmund Freud
(1856-1939), criador da psicanálise. Como o movimento está fraco, ela adianta a
leitura dos textos do doutorado. Sarug, com seu 1,80m e 38 anos, não cabe em
definições simplistas. Transexual, psicóloga, mestre em literatura, doutoranda,
casada, professora universitária e “puta”, como gosta de ser chamada nas
imediações da Rua Guaicurus.