quinta-feira, 5 de maio de 2011

Curso formará multiplicadores para prevenção ao tráfico de pessoas

O tráfico de seres humanos é uma das atividades criminosas mais lucrativas e que envolve milhares de pessoas em todo o mundo. Para aprofundar as discussões sobre esse tipo de crime, a Rede Um Grito pela Vida promoverá, neste mês, em Fortaleza (CE), o Curso de Formação de Multiplicadores para a Prevenção ao Tráfico de Pessoas.

O curso será dividido em dois encontros: os participantes se reunirão entre os dias 13 e 15, e nos dias 21 e 22 na Casa Yolanda (Rua Eurico Medina, 1260 - Henrique Jorge). Baseada na metodologia do "Ver, Julgar e Agir", a formação discutirá a definição de tráfico de pessoas, as causas, o perfil das vítimas, assim como as formas de atendimento às vítimas, e de enfrentamento e prevenção ao crime.

O curso é destinado a "pessoas que tenham compromisso" com a questão social e com combate ao tráfico de pessoas. Segundo irmã Gabriella Bottani, integrante da Rede Um Grito pela Vida, a turma será formada por 25 pessoas. Quem não conseguir se inscrever para o curso deste mês terá a oportunidade de participar em setembro, quando a Rede formará outra turma.

Irmã Gabriella comenta que é importante formar uma "rede bem articulada" de enfrentamento ao tráfico de pessoas por este ser um crime que ainda apresenta uma realidade "escondida". "Precisamos formar uma rede para quebrar o silêncio", afirma.

De acordo com ela, o Brasil é um país de origem, destino e trânsito, que apresenta tráfico tanto interno quanto externo. Realidade que também acontece em Fortaleza. As vítimas podem tanto ir para o exterior quanto permanecer no país, sendo levadas para outras cidades e estados.

O Protocolo Relativo à Prevenção, Repressão e Punição do Tráfico de Pessoas, em Especial Mulheres e Crianças, complementar à Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional, considera como tráfico de pessoas: "recrutamento, transporte, transferência, abrigo ou recebimento de pessoas, por meio de ameaça ou uso da força ou outras formas de coerção, de rapto, de fraude, de engano, do abuso de poder ou de uma posição de vulnerabilidade ou de dar ou receber pagamentos ou benefícios para obter o consentimento para uma pessoa ter controle sobre outra pessoa, para o propósito de exploração".

A integrante da Rede Um Grito pela Vida revela que está crescendo o número de homens jovens e de travestis traficados. Entretanto, a grande maioria das vítimas segue sendo as mulheres. "O perfil das vítimas é mulher jovem, de baixa renda", afirma, comentando que, além da questão de gênero, a etnia também está presente no tráfico de pessoas. Segundo ela, a maioria das vítimas é afrodescendente.

Irmã Gabriella ressalta que o enfretamento ao tráfico deve levar em consideração tanto a "oferta" quanto a "demanda". Para ela, a prevenção deve atuar para reduzir a demanda e para sensibilizar e informar as vítimas. Ela lembra que também é importante trabalhar na redução das causas que levam essas pessoas a se tornarem vítimas do tráfico, como questões de gênero e condições econômicas.

Karol Assunção
http://www.adital.com,.br/

quarta-feira, 4 de maio de 2011

O SENHOR DA MINHA FÉ

Frei Betto
Não creio no deus dos magistrados, nem no deus dos generais, ou das orações patrióticas.

Não creio no deus dos hinos fúnebres, nem no deus das salas de audiências, ou dos prólogos das consti­tuições ou dos epílogos dos discursos eloqüentes.

Não creio no deus da sorte dos ricos, nem no deus do medo dos opulentos, ou da alegria dos que roubam do povo.

Não creio no deus da paz mentirosa, nem no deus da justiça impopular, ou das venerandas tradições na­cionais.

Não creio no deus dos sermões vazios, nem no deus das saudações protocolares, ou dos matrimônios sem amor.

Não creio no deus construído à imagem e semelhança dos poderosos, nem no deus inventado para sedativo das misérias e sofrimentos dos pobres.

Não creio no deus que dorme nas paredes ou se es­conde no cofre das igrejas. Não creio no deus dos natais comerciais nem no deus das propagandas colo­ridas. Não creio no deus feito de mentiras, tão frágil como o barro, nem no deus da ordem estabelecida sobre a desordem consentida.

O DEUS da minha fé nasceu numa gruta. Era judeu, foi perseguido por um rei estrangeiro, e caminhava errante pela Palestina. Fazia-se acompanhar por gente do povo; dava pão aos que tinham fome; luz aos que viviam nas trevas; liberdade aos que jaziam acorrenta­dos; paz aos que suplicavam por justiça.

O DEUS da minha fé punha o homem acima da lei e o amor no lugar das velhas tradições.

Ele não tinha uma pedra onde recostar a cabeça e confundia-se entre os pobres...

O DEUS da minha fé não é outro senão o Filho de Maria, Jesus de Nazaré.

TODOS OS DIAS ELE MORRE CRUCIFICADO PELO NOSSO EGOÍSMO.

TODOS OS DIAS ELE RESSUSCITA PELA FOR­ÇA DO NOSSO AMOR.


(Extraído do livro Salmos Latino-Americanos)