Eduardo Hoornaert
O Deus de Natal é um Deus estranho. Ele nasce num presépio na periferia da cidade, pois não há lugar para ele’ na sociedade estabelecida. Pois a sociedade prefere a ordem, ou seja, a desordem instalada. Desde o nascimento de Jesus, o Deus dos cristãos se torna o Deus da desordem, ou seja, da formação de uma nova ordem, baseada em justiça e respeito por todas e todos. O Deus de Belém rejeita a ideia que toda sociedade, para funcionar bem, tem de produzir necessariamente vítimas que devem ser expulsas do convívio ‘decente’. O casal José e Maria, proveniente da Galileia, foi rejeitada em Belém, na orgulhosa Judeia, por ser considerado indigno de hospedagem decente. Foi rejeitado para o campo, entre pastores (uma classe ‘fora da lei’) e animais. Assim pobres, empregadas domésticas, operários explorados, marginais, ladrões, prostitutas, homossexuais e divorciados são hoje afastados da boa convivência.