terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Oficina " Discutindo Gênero no espaço Urbano"


A Ação Urbana, em parceria com o Observatório de Políticas Urbanas PROEX - PUC Minas, promoverá nesta sexta, dia 5/12, ás 14 hs, a "Oficina de Trabalho: Discutindo Gênero no Espaço Urbano".

Objetivos da Oficina: Reunir as instituições que trabalham com políticas públicas, com projetos sociais voltados às mulheres, com a questão de gênero, dentre outros temas afins, buscando uma discussão de incorporação da temática de equidade de gênero no âmbito das políticas públicas e urbanas. Será , também, discutido na oficina a proposta de elaboração de um banco de dados a fim de levantar, sistematizar e divulgar informações sobre as ações na área, bem como propicipar a articulação entre estas instituições;

Público Alvo: ONG's, Conselheiras Municipais do Conselho da Mulher, representantes do poder público, militantes, representantes de movimentos sociais e associações civis e estudante.

A ficha de inscrição poderá ser enviada pelo e-mail
acao.urbana@gmail.com.

Qualquer informação pelo telefone do OPUR (31) 3319 4588
AÇÃO URBANA-formação, cultura e movimento para promoção do direito à cidade.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Oblatas lançam cartilha sobre a violência contra a Mulher



“Diga NÃO à Violência contra a Mulher” é o nome da Cartilha organizada pela Rede Oblata de Pastoral do Instituto Oblatas, a ser lançada oficialmente no próximo dia 25 de novembro.


25 de novembro, é o dia que se lembra também a luta internacional em combate a esta violência. A cartilha elaborada em conjunto pelos projetos de Belo Horizonte (Pastoral da Mulher), Salvador, Juazeiro da Bahia e São Paulo, que mantém contato direto com a realidade da mulher em situação de prostituição, visa contribuir com as informações básicas sobre o tema, abordando o que é gênero, violência de gênero e os direitos humanos da mulher.
O material traz também índices sobre a origem da violência contra a mulher em situação de prostituição, de acordo com dados de pesquisa realizada no Projeto Força Feminina de Salvador, além de depoimentos das próprias mulheres que estão ou estiveram nessa situação.

O material que também está disponível para download na internet, lista uma série de entidades que podem ajudar a mulher em situação de violência. O lançamento da cartilha “Diga NÃO à Violência contra a Mulher” é parte final de uma ação que começou no início do mês, envolvendo o website da entidade:
www.oblatas.org.br, que traz uma série de links e campanhas semelhantes sobre o tema, além de cartazes de utilidade pública distribuídos nas estações de metrô de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.

Para acessar a íntegra desse material e fazer seu download, vá ao link: Diga Não à violência contra a mulher, no lado esquerdo da home das oblatas e imprima sua cartilha.

Campanha Diga NÃO à Violência Contra à Mulher Adesão até dia 25 de novembro de 2008





25 de Novembro é o dia internacional de combate à violência contra a mulher


O desafio de 25 de novembro?

Entregar um milhão de nomes para o Secretário-Geral da ONU, Ban-Ki-Moon, em 25 de novembro.


Por que isto é tão importante?


Para demonstrar o amplo apoio internacional a fim de tornar o fim da violência contra a mulher uma prioridade absoluta.


Como superar o desafio?
Computar sua assinatura no formulário presente no site das oblatas, conforme as instruções que, apesar de redigidas em inglês, se referem basicamente ao seu nome e e-mail.


Diga NÃO à violência contra a mulher você também.
Obrigada!
Acesse o site das oblatas e contribua com sua assinatura, tornando-se voz ativa na luta contra a violência!

http://www.oblatas.com.br/artigos_detalhes.asp?codigo=285&categoria=14&subcategoria=46

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

"A arte de cavar túneis"


Estou a cavar túneis
Enquanto busco sentidos
Cavando túneis diariamente
Buscando minas insistentemente...

Estou a cavar túneis
Lapidando pedras
Rompendo solos
Tocando raízes
Estremecendo cascalhos

Difícil arte de cavar
Longo processo
Contínuo e preciso
O movimento de revirar

Cavando túneis diariamente
Buscando à mina chegar
Túneis a cavar
Até encontrar...

Descendo túnel
Na escuridão
Ou no clarão
Descendo...
Lapidando
Até o chão!


Difícil é cavar
Preciso, porém
Àquel@ que ousar.


Por Fernanda Priscila Alves da Silva

Refelxão sobre a "arte de cavar túneis", o processo educativo, a pedagogia da aprendizagem de si mesm@ e do mundo.


O ABSURDO DO ABSOLUTO



O que fazer quando as certezas se calam? Teorias perdem a força diante de perguntas sem resposta. Contemplo Jesus na sinagoga¹. Os fariseus o observam. Ele tenta um diálogo. É possível gerar vida em dia de sábado? Silêncio. Ninguém responde. A pergunta cala. E Jesus não espera autorizações para realizar o que deseja. Ele cura. E novamente pergunta: é possível curar em dia de sábado? Mas eles são incapazes de responder.

Diante desta cena, Jesus mais uma vez silencia nossos corações. Alguns o observavam, mas, desta vez não conseguem elaborar respostas, fogem-lhes as palavras. O silêncio rouba a cena. Caem por terra teorias e frases prontas. O texto bíblico nos surpreende. Basta que atentemos aos cheiros, sabores, gostos e gestos.

Tendo esta palavra diante de mim pergunto-me: e quando as certezas se calam? Será que sempre teremos respostas para nossos anseios? O que fazer quando não somos capazes de responder? É hora de deixar o silêncio ser o protagonista?

Em tempo de tantas perguntas e buscas por respostas rápidas e eficazes, tempo de aprofundar saberes, ou melhor, tempo de muito saber, pois afinal de contas “o mundo corre”, as coisas passam e não podemos perder tempo.

Diante de tantas correrias, de perguntas sem respostas, ainda perguntamos: qual é o sentido? E mais: qual é o Absoluto de nossas vidas? A resposta poderia ser rápida e rasteira: Deus é o Absoluto de nossas vidas. Ele mesmo é o sentido Último, ou diria ainda que Ele seja na verdade o sentido Primeiro. Mas o que fazemos com esta certeza? Por hoje, fico com a atitude daqueles fariseus... Não que seja a melhor. Mas talvez seja tempo de observar Jesus, nada responder, calar. Talvez em determinados momentos seja hora de silenciar. Tempos em que apenas escutamos as perguntas. Também elas são necessárias. Tempo do silêncio que escuta, que volta a si para sentir o pulsar de dentro. O pulsar que nos faz voltar ao Absoluto: voltar ao sentido Primeiro e Último sentido.

Segundo Henri J. M. Nouwen escutamos: “Não corra, fique quiet@, em silêncio. Escute com atenção a sua própria luta. A resposta à sua pergunta está escondida em seu coração” (trecho do livro Crescer: os três movimentos da vida espiritual).

Qual o Absoluto de nossas vidas? Pergunto de novo. Escutemos a resposta. Observamos. E nos calamos.

Perguntar pelo Absoluto de nossas vidas é ainda perguntar: de que modo fazemos e realizamos nosso viver? Como expressamos o agir de Deus- Absoluto nas realidades nas quais estamos inserid@s? Que espírito nos move? De que modo concreto o Absoluto se realiza em nossos tempos? E, talvez, nos Absurdos cotidianos ele esteja presente. Quando uma mulher nos diz: “Ele não dorme nunca ... Nós dormimos...Mas Ele (Deus) não dorme nunca”. Eis aí a certeza do Absoluto de forma tão concreta. Verdadeiramente é tempo de “não correr, ficar em silêncio, escutar nossas próprias lutas, pois a resposta está em nós...” E também Aquele que “não dorme nunca”, está conosco. O Absoluto se faz Absurdo na vida diária. É Ele mesmo quem nos move e impulsiona. O Absoluto está mais próximo do que possamos imaginar.

Texto de Fernanda Priscila Alves da Silva.

1- Cf. Lc 13, 1-6.
@: faz referência ao gênero feminino e masculino quando utilizado na composição das palavras.

ORAÇÃO À MULHER MARGINALIZADA

Desenho de Suely da Silva (ir. Marista)

ORAÇÃO À MULHER MARGINALIZADA
Por Heber Faria, CM

Senhor Jesus, Tu que te fizeste marginalizado e sofrido,
permita que nossos corações possam voltar-se para as mulheres
e que possamos nos destinar e inserir na realidade delas;
em sua angústia, seu desespero e sua dor.
Suscita em todos nós esse desejo
da presença, do testemunho, da inserção.
Inflama em nós a verdadeira caridade,
que nos questiona nesse grande desafio.
Dá-nos a força para que, fiéis à prática desse amor,
possamos ser, estar e sentir a pessoa da mulher marginalizada.
E, um dia, unirmo-nos a elas no Teu reino de justiça e paz.
Amém! Assim seja!

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Usando a cooperação e a criatividade de uma equipe





Certa vez um grupo de amigos se reuniu para uma caminhada de 20 quilômetros na mata. Começaram a jornada logo ao amanhecer. No meio da manhã, o grupo deparou com um trecho abandonado de uma estrada de ferro. Era preciso andar pelos trilhos estreitos, mas todos, após alguns passos inseguros, acabavam perdendo o equilíbrio e caindo. Depois de observar um após outro cair, dois deles garantiram aos demais que poderiam andar o trecho inteiro sem cair uma vez sequer.

Os amigos riram e disseram: - Impossível, vocês não vão conseguir!...
Desafiados a cumprir a promessa, os dois subiram nos trilhos, cada um em um dos trilhos paralelos, estenderam o braço um para o outro, deram-se as mãos para se equilibrar e, assim unidos, andaram com toda a estabilidade pelo trecho inteiro, sem dificuldades.

Essa pequena história mostra que o trabalho em equipe começa dando-se as mãos. Mostra o quanto a criatividade e o senso de cooperação contribuem para solucionar os problemas que enfrentamos seja na Pastoral ou em nossa vida pessoal.

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Mulheres no sistema prisional brasileiro


Texto retirado do Jornal Grito Mulher - Edição 104 Pastoral Da mulher/BH
Por Luciana Colares Figueiredo


Segundo a Constituição Federal de 1988 "Nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido." (Art. 5º, inciso XLV)

As penas permitidas na Constituição Federal e que podem ser aplicadas são:
a) privação ou restrição de liberdade;
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos; " (Art. 5º, inciso XLVI)

As penas proibidas pela Constituição Federal são:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de banimento;
d) cruéis." (Art. 5º, inciso XLVII)

Conforme a Constituição Federal as penas impostas serão cumpridas em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado; " (Art. 5º, inciso XLVIII). As garantias do preso são: "é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral; " (Art. 5º, inciso XLIX)

A MULHER presa tem alguns privilégios como condições para que possam permanecer com seus filhos durante o período de amamentação; " (Art. 5º, inciso L). Entretanto, em razão da precariedade dos presídios este direito não tem sido observado. Os presos também têm direito à integridade física e moral nos seguintes termos: "ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante; " (Art. 5º, inciso III) " é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem; (Art. 5º, inciso V) "são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização material ou moral decorrente de sua violação." (Art. 5º, inciso X)

A pena de prisão tem como principal função a Ressocialização. A prisão, que deveria ser um instrumento de ressocialização, de educação para a liberdade, vem a ser, não importam os recursos materiais disponíveis, um meio corruptor, um núcleo de aperfeiçoamento no crime, onde os primários, os menos perigosos, adaptam-se aos condicionamentos sociais intramuros, ou seja, assimilam, em maior ou menor grau, os usos, costumes, hábitos e valores da massa carcerária, os "influxos deletérios" de que nos fala João Farias Júnior, num fenômeno apelidado por Donald Clemmer de prisonization.

A SITUAÇÃO DAS MULHERES

O Governo admite que mulheres são torturadas e violentadas nas prisões. O Relatório preliminar de um grupo interministerial do governo admite que mulheres presas no Brasil têm sido torturadas e violentadas. O grupo foi criado em maio deste ano para elaborar propostas de reformulação do sistema prisional feminino. A Comissão de Direitos Humanos do Senado fez uma audiência pública para discutir o assunto. O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Cezar Britto, participou do encontro e defendeu o aumento de defensorias públicas. Ele alega que muitos dos presos nas superlotadas carceragens brasileiras deveriam estar soltos.
Britto admite que a situação das mulheres presas é muito pior que a dos homens.
- Se o sistema é indigno para todos em situação prisional, é muito mais indigno para as mulheres.

Atualmente, 25.909 mulheres estão presas no país. Em todo o território nacional existem apenas 55 unidades prisionais exclusivamente femininas.

O presidente da OAB acredita que falta uma "compreensão" do Estado de que prisões, não são "depósitos de mercadorias". Ele cita o exemplo da prisão de Urso Branco, em Rondônia, onde só agora os presos terão acesso à água potável.

O relatório conclusivo deverá ser apresentado em janeiro, quando irá propor medidas ao Ministério da Justiça.

Algumas mulheres, entretanto, encontram-se presas por terem se envolvido em condutas de seus companheiros. Atitudes aparentemente insignificantes como levar alguma droga, arma ou aparelho celular ao companheiro que está preso poderá envolver a mulher em um processo criminal. O mais indicado é que aquela que visita alguém em um presídio obedeça ao regulamento do local e só fale com o presidiário em presença de outra pessoa.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Mulheres na política: maioria e minoria ao mesmo tempo

Por Patrícia Rangel - Cientista Política, consultora do CFEMEA

As mulheres se tornaram maioria do eleitorado, segundo dados preliminares do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) divulgados pela Agência Brasil em 15/07/2008. Somos 51,7% dos 130 milhões de eleitores aptos a votar nas próximas eleições municipais, em outubro próximo. Isso sem somar inúmeras mulheres não computadas (o TSE contou 67,5 milhões de mulheres, 62 milhões de homens e 160 mil eleitores de sexo não-informado). Ceará, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo, por exemplo, possuem eleitorados femininos expressivos, com mais de 52% de eleitores do sexo feminino. Somente nas UFs Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins, os colégios eleitorais continuam com maioria masculina.

Tal tendência vinha se consolidando desde pelo menos 2000, quando o eleitorado feminino totalizou 50,4%, superando o masculino naquelas eleições. Infelizmente, a tendência não se refletiu no número de candidaturas femininas. Mesmo sendo maioria do eleitorado, as mulheres permanecem bem atrás dos homens quando se trata de concorrer a um cargo político. Segundo balanço parcial de registro de candidat@s para eleições municipais, dos 371 mil candidat@s que concorrerão cargos de prefeit@, vice-prefeit@ ou vereador em 5.565 municípios do país, as mulheres são apenas 77 mil, ou 20,8% do total. Entre os 15 mil que concluíram os processos de registro de candidaturas a prefeito, estão 13,5 mil homens (90%) e somente 1,5 mil mulheres (10%). Em relação a candidaturas ao cargo de vereador, dos 340.831 candidat@s, foram 267.439 homens (78,5%) e 73.392 mulheres (21,5%).

Nas últimas eleições municipais, em 2004, segundo dados também preliminares do TSE, dos 15,7 mil candidat@s à prefeitura, 1,4 mil eram mulheres (9,5%) e, dos 345.855 candidat@s a vereador, somente 76.551 candidaturas eram femininas (22,1%). Somando-se candidat@s à prefeitura e à câmara de vereadores, havia 361.571 registros, dos quais 78.049, ou 21,5% eram mulheres. Ainda sendo baixo, o número preliminar de candidaturas femininas de 2004 foi maior do que o da atual eleição, 20,8%. Além disso, ainda segundo dados do TSE, as mulheres eram 51,1% dos 119.8 milhões de eleitores naquele ano. Em 2008, elas são quase 52%. Ou seja, cresceu a proporção de eleitoras e diminuiu a porcentagem de candidatas.

Esse quadro ilustra bem a situação de retrocesso de representação feminina e déficit democrático que enfrentam os municípios brasileiros. Falamos em déficit democrático, pois uma assembléia legislativa só é considerada representativa se sua composição for uma reprodução reduzida da sociedade. Uma vez que há aproximadamente 50% de cidadãos de cada sexo, se não existe paridade entre homens e mulheres nas casas legislativas, é porque existe um déficit de representação nesses municípios. É exatamente por esse motivo que a proporção de mulheres em cargos legislativos tem sido cada vez mais apontada como indicador da qualidade da representação política e critério relevante para se mensurar a democracia e a igualdade de oportunidades.

Também não se trata de um problema exclusivamente brasileiro, apesar de no país a situação ser especialmente dramática: um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) apontou que no atual ritmo, a igualdade de participação entre os gêneros em casas legislativas só será concretizada em cem anos. Os motivos para dados tão desanimadores são inúmeros, que vão desde fatores sócio-econômicos e culturais até o tipo de sistema eleitoral. Seja como for, as dificuldades encontradas pelas mulheres não são decorrentes de sua situação individual ou de deficiências particulares, as razões para a baixa representação feminina são de natureza estrutural, ancoradas nos valores de nossa sociedade que ainda enfrenta sistemas ideológicos excludentes e perversos como o machismo, o racismo e o elitismo.
Nota: Neste artigo, usamos o símbolo @ para o masculino e o feminino, quando falamos dos dois sexos. Exemplo: candidat@s significa candidatos e candidatas.
O CFEMEA - Centro Feminista de Estudos e Assessoria é uma organização não-governamental, sem fins lucrativos, que trabalha pela cidadania das mulheres e pela igualdade de gênero. Luta, de forma autônoma e suprapartidária, por uma sociedade e um Estado justos e democráticos.
Fundado no pensamento feminista, o CFEMEA participa ativamente do movimento nacional de mulheres, integra articulações e redes feministas internacionais, especialmente da América Latina, além de participar de diferentes iniciativas para o combate ao racismo.O CFEMEA - Centro Feminista de Estudos e Assessoria é uma organização não-governamental, sem fins lucrativos, que trabalha pela cidadania das mulheres e pela igualdade de gênero. Luta, de forma autônoma e suprapartidária, por uma sociedade e um Estado justos e democráticos.

Fundado no pensamento feminista, o CFEMEA participa ativamente do movimento nacional de mulheres, integra articulações e redes feministas internacionais, especialmente da América Latina, além de participar de diferentes iniciativas para o combate ao racismo.








quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Seminário VIVER MULHER


PARCERIAS - UNIÃO EM TORNO DE UMA CAUSA

A missão da Pastoral não seria possível sem as parcerias que têm estabelecidas. Elas possibilitam que nossas ações tenham maior repercussão social e ajudam a otimizar a realização dos nossos projetos, para se atingir um objetivo comum. Neste momento a Pastoral da Mulher trabalha em parceria com varias Congregações Religiosas, com outras associações e ONG’S, com empresas e instituições do setor privado e com alguns órgãos da Administração Pública.

Graças aos recursos captados a Pastoral concretiza projetos que envolvem cursos de capacitação, alfabetização, inclusão digital, oficinas de arte, contratação de profissionais qualificados para atender ao público-alvo, além de conseguir manter a infra-estrutura e alimentação. A atuação de voluntários junto à equipe da Pastoral da Mulher também agrega muito ao trabalho desenvolvido.

Atualmente a Pastoral está envolvida no projeto de uma cartilha sobre os direitos das mulheres em situação de prostituição, em parceria com Jaqueline de Oliveira Silva, estudante de Direito da Escola Dom Helder e outras instituições. Para concluir tal projeto a associação está em busca de colaboradores que auxiliem na publicação e lançamento da peça.

Quem quiser ser parceiro na luta pela justiça social e ajudar na concretização de projetos junto à Pastoral da Mulher, entre em contato pelos telefones (31) 3272-7135/8751-2848 ou envie e-mail para apmmbh@yahoo.com.br.

PASTORAL DA MULHER
NA BATALHA PELA JUSTIÇA SOCIAL

FIQUE POR DENTRO - Lei Maria da penha e o exercício da cidadania



Com sete anos de atraso, Maria da Penha Maia Fernandes (63), que deu o nome à lei que pune com mais rigidez os agressores de mulheres, receberá uma indenização de R$ 60 mil do governo do Ceará. Em 2001, a cearense conseguiu uma vitória na Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA (Organização dos Estados Americanos), que determinou que o Estado do Ceará pagasse uma indenização de US$ 20 mil por não ter punido judicialmente o homem que a agredia e que até tentou matá-la: seu ex-marido.Após postergar o pagamento, o Estado decidiu finalmente pagá-la, em valores corrigidos.


A lei Maria da Penha, aprovada em 2006, tornou o processo de punição aos agressores de mulheres mais célere e com penas mais duras.

O pagamento da indenização foi anunciado pelo Estado, por uma mensagem do governador Cid Gomes à Assembléia. No texto, Cid afirmou que "vale ressaltar a importância do reconhecimento das dificuldades singulares do caso Maria da Penha, não só para ela em particular, mas para a luta dos direitos humanos e para as mulheres em geral, num caso que se tornou emblemático e conhecido mundialmente, representando o restabelecimento da Justiça".


Para a chefe da Defensoria Pública do Ceará, Francilene Gomes, o Estado tinha de admitir a culpa nesse caso, pois falhou no seu dever de garantir o direito à vida e à integridade física. A demora em cumprir a determinação da OEA foi, para ela, uma omissão política.

“Houve um amadurecimento do Estado, que demonstra uma profunda preocupação com a questão social. Indenizar a Maria da Penha representa, sobretudo, um estímulo para as mulheres buscarem seus direitos.”


POR KAMILA FERNANDESDA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

Debate na pastoral coloca em pauta políticas públicas, cidadania e direitos da mulher



Da esq. para a direita: Margareth Araújo (COMDIM)
e Marisa Leão (PBH)



No dia 27 de agosto de 2008, estiveram presentes no Cantinho da Paz (espaço da Pastoral da Mulher BH) Margareth Araújo, da Coordenadoria dos Direitos da Mulher/Prefeitura BH, e Marisa Leão, Gerente regional de programas sociais/Prefeitura BH. A proposta era abordar Políticas Públicas, Cidadania e os Direitos da Mulher. No decorrer do debate as mulheres participantes do cantinho da Paz foram levantando questões primordiais, como “o que são Políticas Públicas?”.



Margareth abordou esse tema dirigindo-o para as mulheres e falando da utilidade das Políticas Públicas. Segundo ela, tais políticas devem ser buscadas. Ela cita aquelas mulheres que se organizam e propõem uma mudança à sociedade. Baseando-se em uma atividade realizada no cantinho da Paz, ela diferencia a sociedade vivida da Sociedade sonhada, a qual estamos sempre buscando, que se traduziria na conquista da harmonia.



“Temos necessidades diferentes, mas essas têm que ser atendidas. As políticas têm que contemplar a todos. Vamos protestar, mas vamos nos organizar”.



Para Margareth uma coisa é passar por um problema e não ser vista e outra é ter a visibilidade para tal problema. Falando sobre a cidade de Belo horizonte diz que existem muitas questões sendo revistas, que a cidade está começando a se abrir para as pessoas diferentes, mudando para abrir os olhos para a questão da violência.



“As coisas não estão prontas, estão sendo construídas”. Dentre as questões revistas pode-se citar a situação dos idosos e idosas, de pessoas portadoras de deficiência, da própria mulher (pobre, negra, em situação de prostituição etc).

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Sentimentos e lembranças bordadas


Elizabeth Oliveira

Em março de 2008 deu-se início à produção da Colcha de retalhos com as mulheres, cada parte bordada por uma delas. Essa colcha foi finalizada em agosto e virou um objeto de decoração do Cantinho. Foi um instrumento utilizado para trabalhar com as mulheres suas identidades, histórias, criatividade e conhecimento de si.

A monitora da oficina de bordado, Elizabeth Oliveira, fala sobre a experiência.

APMMBH: Como se deu o primeiro contato com as mulheres e a iniciação ao bordado?

Elizabeth: O que eu achei interessante foi que logo no 2º dia elas tomaram a liberdade de falar das suas experiências profissionais. A maioria não sabia bordar e mostrou uma habilidade que elas próprias não conheciam. No momento em que viam se admiravam com próprio resultado do trabalho.

APMMBH: E as idéias para compor a peça?


Elizabeth: Pensei a princípio em bordar o universo infantil, dando a elas a oportunidade de voltarem ao seu passado. Elas tinham a liberdade de fazer o próprio traço e cores. Foi super tranqüilo e rico.

APMMBH: Nos fale sobre as dificuldades desse trabalho.

Elizabeth: Quando colocamos a proposta da infância nos bordados elas disseram que não tinham nada para falar, que só tiveram sofrimento. Com o passar do tempo os relatos demonstraram histórias de exclusão, abusos sexuais, condição de pobreza, doenças, abandono, drogas e a própria prostituição.

Para mim foi difícil lidar a todo momento com a dor da outra. O que podia fazer era escutar.

Nos momentos em que elas pensavam em desistir, pela falta de compreensão do sentido sobre o fazer artístico e da troca de experiências, era preciso sempre instigar.

A necessidade financeira (clientes para atender) e a dependência de drogas roubam dessas mulheres as oportunidades, tirando-as dos locais e do convívio com pessoas que tentam resgatá-las.

A colcha pronta:

Elas disseram que deu muito trabalho, mas valeu a pena. Como disse uma delas: “Fomos nós que fizemos”. E outra mulher diz: “é uma pena que as outras mulheres não tenham a consciência da importância desse trabalho.

Defina a colcha:

Momento de prazer, dor, alegria e de convivência com a outra.








Pastoral da Mulher participa de debate na UFMG




No dia 19 de agosto de 2008, ir. Lúcia Alves, representando a Pastoral da Mulher de Belo horizonte, participou da palestra “Corpos femininos: profissionais do sexo” na Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais. O evento foi organizado pelo GSS – Grupo de Estudos sobre Gênero, Sexualidade e Sexo na Educação (UFMG).

A mesa foi composta por Amadeu Cruz, IGB/UFMG, Lucilene França, atriz da peça “Hotel Açucenas”, Dos Anjos e Laura, representantes da Associação das Profissionais do Sexo em Belo Horizonte e, Regina Medeiros, antropóloga e professora da PUC/MG.

Estiveram presentes para assistir à palestra professores da rede municipal de BH e contagem, alunos da FAE, representantes de instituições não-governamentais e grupos ligados ao trabalho com mulheres em situação de prostituição.

A abertura do evento deu-se com uma breve apresentação da coordenadora do GSS, a professora Adla Teixeira, que deu as boas-vindas e explicou a finalidade da palestra. Os componentes da mesa tiveram cerca de 20 minutos para exposição do trabalho que realizam e das experiências vividas relacionadas ao tema. Em seguida, abriu-se espaço para debate.

A princípio foi levantada a questão de retirar ou não as mulheres da prostituição. Na mesa havia diferentes posturas, o que enriqueceu o debate e também gerou algumas contradições e novos pontos de discussão.

O assunto específico voltado para a Pastoral da Mulher girou em torno de duas questões: se a Pastoral tem a proposta de retirar as mulheres da prostituição e se o trabalho da Pastoral com as mulheres trata-se de promoção social ou catequese.

Ir. Lúcia esclareceu que a proposta não é retirar as mulheres da prostituição, mas sim trabalhar no sentido do resgate da cidadania, da auto-estima, da emancipação dessas mulheres e da busca pelos seus direitos. Para aquelas que apresentam interesse em deixar a prostituição, a Pastoral oferece ações de apoio como: inclusão digital, a alfabetização, oficinas formativas e de capacitação, encaminhamentos na área trabalhista e social, além de proporcionar atendimentos individualizados. Sobre a segunda questão, ir. Lúcia também colocou que o trabalho desenvolvido não tem cunho catequético, pois a Pastoral procura respeitar as crenças de cada uma e suas formas de viver a espiritualidade. Portanto, pode-se dizer que a Pastoral atua no sentido da promoção social, vivendo valores cristãos como: acolhida, escuta, gratuidade, partilha, amor, perseverança, entre outros.

A Pastoral da Mulher ainda foi convidada a participar do grupo GSS – Grupo de Estudos sobre Gênero, Sexualidade e Sexo na Educação/UFMG, que se reúne a cada 15 dias para debater e pesquisar sobre o tema. A proposta será avaliada, mas considera-se uma participação importante, principalmente porque envolve pesquisas.

comunicaapmm@gmail.com
lucialves16@hotmail.com
gss.fae@gmail.com

Rádio Gospa Mira abre espaço para a Pastoral da Mulher


À esq. Nanda Soares (Relações Públicas da APMMBH) e
à direita Marcela Cricco ( uma das apresentadoras do programa).

No dia 18 de agosto de 2008, a Pastoral da Mulher de Belo Horizonte teve seu trabalho divulgado na rádio Gospa Mira. O convite surgiu da Comunidade Árvore da Vida, responsável pelo programa No Coração da Igreja.


A Rádio Gospa Mira foi criada pela Comunidade Gospa Mira, nome de origem Croata que significa “A Senhora da Paz”; daí o slogan “A voz de Maria irradiando a Paz”. No ar desde 1º de maio de 2005, a rádio tem como finalidade divulgar as mensagens de Maria, envolvendo-se com um trabalho de evangelização. Antes funcionava por meio da rádio 830 AM, com horários definidos, mas, atualmente, está na freqüência 105.7 FM, 24 horas por dia.

Em entrevista à apresentadora Marcela Cricco, voluntária da Pastoral e pertencente à Comunidade Árvore da Vida, a agente de comunicação da APMM/BH, Nanda Soares, concedeu entrevista que teve foco na atuação da associação em prol da justiça social e no trabalho pela emancipação das mulheres em situação de prostituição, realizado desde 1982. A rádio ainda abriu espaço para demais divulgações e notícias relacionadas à Pastoral da Mulher nos próximos programas.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Tráfico de mulheres - Um mal que precisa ser abolido



O mundo em que vivemos tem estabelecido uma expansão do mercado de trabalho que segue as idéias e formas de agir do capitalismo, favorecendo, cada vez mais, uma rede de relações desiguais e injustas. Nesse sentido, não temos dúvidas de que as mulheres têm sido, na maioria das vezes, as que mais têm sofrido este impacto negativo da realidade.

Uma das realidades que demonstra esta expansão do mercado são os deslocamentos de pessoas de uma região a outra, de cidade a cidade, ou até mesmo de um país a outro. É neste contexto que falamos em tráfico sexual de mulheres e crianças, um assunto que você certamente já ouviu falar, mas que deve nos ajudar a esclarecer para tantas outras mulheres o que está por detrás desta história.

Dentro da história de nosso país, temos marcas ligadas ao tráfico de seres humanos. Os próprios europeus, quando chegaram em nossas terras, trouxeram consigo esta marca. Em países como Brasil, México, Equador e Uruguai, as profissionais do sexo têm se organizado para se defenderem da violência sexual e social que sofrem.

Em uma pesquisa realizada no Brasil pela Secretária Nacional de Justiça e Ministério da Justiça, em 2002, constatou-se 241 rotas nacionais e internacionais de tráfico de pessoas. Vários países se encontram nessas rotas, tais como a
Itália, Índia, Suécia, Japão, Dinamarca e Tailândia. No Brasil, constatou-se que os Estados em que a situação é mais grave são: Ceará, São Paulo, Rio de Janeiro e Goiás. Desse modo, é possível perceber que o tráfico é a forma mais avançada de um longo processo de exclusão social.

A existência de cárcere privado, de exploração sexual forçada e escravização de pessoas são práticas que estão diretamente associadas ao tráfico de pessoas e contrariam todos os princípios dos direitos humanos. As pessoas acreditam ser “normal” esse tipo de exploração e assim, a sociedade passa a não enxergar essa pessoa como Ser violado em seus direitos humanos. As próprias pessoas envolvidas neste contexto não se reconhecem como sujeitos de direitos.

É nesse sentido que precisamos nos ajudar: todos nós somos responsáveis por esta realidade e por isso precisamos conversar com quem conhecemos e esclarecer a situação. Precisamos mostrar que existem altos índices de mulheres traficadas para outros lugares, que sofrem os mais variados tipos de violência. Torna-se urgente realizarmos essa discussão e assumirmos atitudes que no dia –a -dia podem ajudar a colocar por terra este tipo de exploração.

O crime do tráfico internacional de pessoas alimenta uma grande teia de ações na qual envolve o tráfico de drogas, o turismo sexual, a prostituição e, em alguns casos, o trabalho escravo. No Brasil, são vários os fatores que contribuem para o aumento do tráfico: baixa escolaridade, pobreza, falta de oportunidades, facilidade com que estrangeiros chegam ao nosso país, entre outros. A maioria das vítimas do tráfico são mulheres, muitas ainda adolescentes. Os aliciadores são na sua maioria homens, ainda que hoje perceba-se um alto número de mulheres aliciadoras também. Tais aliciadores vinculam-se a atividades profissionais que favorecem o comércio sexual, dentre elas a de motoristas de táxi, donos (as) de casas noturnas e profissionais do sexo. Traficam-se pessoas para realização de transplante de órgão, trabalho escravo, adoção, etc, mas, certamente a exploração sexual está ainda em maior escala. De acordo com os estudos da Secretaria Nacional de Justiça, 83 % das pessoas traficadas são mulheres.

Principais causas do Tráfico:
•Globalização;
•Pobreza;
•Ausência de oportunidades de trabalho;
•Discriminação de gênero;
•Violência doméstica;
•Instabilidade política e econômica;
•Turismo sexual.

Prejuízos causados ao país pelo tráfico:
•Aumento e diversificação do crime organizado;
•Corrupção do setor público;
•Corrupção do setor político;
•Desestabilização dos mercados de trabalhos ilegais.

Diante da realidade do tráfico de pessoas, e em especial de mulheres, somos todos chamados a lutar pela diminuição do índice de mulheres traficadas, que sentem em seus corpos as marcas dessa violência.

Convocamos a sociedade e, em especial, as mulheres, para disseminar essa notícia conosco e auxiliar na divulgação de uma realidade que precisa ser combatida, a do tráfico de seres humanos. A Pastoral da Mulher já está realizando essa discussão. Venha você também somar forças conosco!Por Fernanda

Texto publicado no Jornal Grito Mulher - Pastoral da Mulher de Belo horizonte.

Autora: Priscila Alves da Silva - Edição Junho de 2008



Gênero

No dia 02 de julho, aconteceu uma palestra sobre gênero no Cantinho da Paz (Espaço da Pastoral da Mulher). Mas o que é gênero?

O conceito de gênero é relativamente recente, surgiu dos estudos sobre a mulher na década de 70, visando eliminar os obstáculos da vida social, política, econômica e cultural na promoção da igualdade entre homens e mulheres. Esses estudos permitiram uma maior visibilidade aos problemas das mulheres e expuseram a desigualdade de poder nas relações entre as pessoas de ambos os sexos, particularmente no que diz respeito às decisões sobre a vida reprodutiva. (*)

O conceito de gênero surgiu como um instrumento de análise para ajudar a melhor entender as relações entre homens e mulheres numa determinada sociedade e num determinado momento histórico. É um conceito importante porque procura mostrar que certos modelos de conduta e expectativas para homens e mulheres são construídos socialmente através dos tempos - e não determinados pelo sexo biológico - e, assim sendo, podem ser mudados. Aliás, há autores que se referem a gênero como o sexo social para diferenciá-lo do sexo biológico.
(*) Autor: Comunicação em Sexualidade-ECOS

No debate entre mulheres, agentes, parceria da Prefeitura de BH e a palestrante Márcia de Cássia, ficou claro que a questão do gênero é mais ampla que apenas nascer mulher ou homem, envolve os papéis sociais, que trata-se de uma construção social dada pela sociedade.

Discutindo-se sobre a atualidade, a família foi citada. Hoje, o papel do Chefe de Família não é do homem, cabe aos dois, Pai e Mãe, homem e mulher.

sexta-feira, 4 de julho de 2008


Entre bordas e poços

(Por Fernanda Priscila Alves da Silva)

Entre bordas e poços
Entre corpos marcados
Semblantes cansados...

À beira de poços
Revigoram-se as forças
Palpitam relações
Entoam-se canções...

À beira do poço
Povos cantam hinos
De louvor
E resistência

Entre poços e bordas
Fecundam-se sonhos
Restauram-se elos...

À beira do poço me encontro
Cansada por vezes
Sedenta... Sedenta...
À beira do poço
Revigorando-me...
Revigorando-me

Poços trazem elos
Entrelaça fios
Restabelecem relações...

Em certos poços
Em certas bordas
Remexo secos ossos
Fortaleço certas cordas

Entre poços e bordas
Sacio minha sede
E compartilho o bom sabor do encontro

À beira do poço
Tocando as bordas...
Reviro-me
Re-faço-me...

segunda-feira, 30 de junho de 2008

Inclusão Digital

Inclusão digital a serviço da cidadania é uma realidade na APMM/BH que, desde a criação do telecentro Pastoral da Mulher, capacita mais mulheres para o uso do computador, através dos cursos de introdução à informática e internet. No dia 06 junho, as alunas estiveram no Cantinho da Paz para receberem os certificados, foi um momento de muita festa, satisfação e felicidade. Durante o curso as alinas criaram um blog intitulado Mulher Vencedora (mulhervencedora.blogspot.com) , fizeram pesquisas, acessaram sites de serviços,etc.

Na entrega dos certificados a equipe de Crescimento Humano fez uma homenagem às mulheres, reconhecendo seu esforço por meio de uma apresentação contendo fotos das alunas e falas de cada uma sobre o curso e o blog.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Palavra do Diretor da Escola Superior Dom Helder Câmara


Palavra do diretor da Escola Superior Dom Helder Câmara

“Conversando com a coordenação da Pastoral lembrei de uma fala do padre Adolfo Nicolas, que há pouco tempo foi eleito superior geral da Companhia de Jesus. Demandado sobre certo alinhamento nas questões relativas à moral sexual da igreja, um alinhamento dos religiosos para uma posição oficial da igreja, ele respondeu: Quando a gente entra na vida das pessoas, aprende a questionar as próprias posições, as opiniões próprias. Aprende que a verdade não é assim linear, pelo contrário, as verdades como que dançam ao nosso redor. E ele disse isso certamente, tendo bem presente a experiência dele como superior provincial no Japão, na China. Ele, que era espanhol, foi lá para o Japão e para a China aprendendo a falar japonês e tendo que aprender no dia-a-dia a conviver com culturas tão diversas, com culturas tão diferentes como essas a que estamos acostumados.

Mas sem dúvida isso é o que nós aprendemos como prática cristã, que brota da própria prática de Jesus Cristo. Esse entrar na vida das pessoas, que é um colocar-se no lugar das pessoas para entende-las, para perceber como elas vêem o mundo e compreendem a realidade, ou seja, colocar-se no lugar do outro e da outra, entender e compreender. Jesus Cristo fez isso e foi mestre nisso, colocando-se no lugar, especialmente, dos mais pobres. Em casos de conflitos, de qualquer conflito, Jesus se colocava do lado do mais fraco, do menor, do perseguido, da vítima, sem colocar como primeira questão ou primeira pergunta se ela tinha ou não razão. Se havia conflito, havia alguém sofrendo, sendo perseguido, com ameaça inclusive de ser apedrejado ou apedrejada, ele se colocava ao lado, junto da vítima.

“Que esse seminário possa nos ajudar realmente a aprofundar essas questões, colocando-se no lugar, na posição da mulher que é marginalizada, uma mulher que é sofrida e discriminada, que sofre todo tipo de preconceito, para, a partir dessa visão de mundo, contribuir sem dívida com visões externas e contribuir para a libertação dessas pessoas”.

Paulo Umberto Stumpf

segunda-feira, 12 de maio de 2008

A prostituição feminina no hipercentro de Belo Horizonte

A prostituição feminina sob olhar de gênero

Dentre as reflexões apresentadas no seminário ressalta-se a exposição de Maria Inês de Castro Milen sobre a questão do gênero. Em sua fala ela coloca o conceito de gênero em foco e discute linhas teológicas também. Citamos aqui uma parte desse discurso em torno do gênero, apresentado por Maria Inês.

"Para iniciar o que é gênero?

O gênero tem a propriedade de ampliar o sentido das relações entre pessoas diferentes, mas não é muito bem compreendido.
Existe uma dificuldade com o conceito de gênero, que assume uma dimensão redutora, é preciso ampliá-la.

Gênero é uma ideologia, segundo cada um pode escolher sua orientação sexual sem levar em conta as diferenças dadas pela natureza, o que favorece o enfraquecimento da vida familiar. Maria Inês diz que este é um conceito redutor, então ao falar de gênero assume uma proposta mais positiva e mais abrangente.

Recordo aqui que todas as pessoas são sexuadas. Porém pertencem a grupos distintos que se relacionam, experimentando o ser e o poder ser a partir de suas idéias, etnias, raças, costumes, culturas, idades, sexualidade, etc. Penso junto com um teólogo, o professor Marcelo Vidal, que diz que o mais correto seja usar o termo sexo para falar de machos e fêmeas, homens e mulheres; e o termo gênero para falar de masculino e feminino nas suas diferentes situações e relações, incluindo as relações de poder.

Então posso dizer que o conceito de gênero considera que as instituições sociais, com seus símbolos, legislação e política estão perpassadas por representações e pressupostos do que seja o masculino e o feminino, e por essa razão é preciso que examinemos como o gênero opera na função de estruturar o próprio tecido social. Partindo dessa dimensão de gênero, a prostituição feminina pode ser considerada como uma atividade que põe em relevo o poder opressor dos homens sobre as mulheres.

No nosso contexto cultural patriarcal, desde os tempos mais antigos, a mulher foi considerada como algo a ser temido, conquistado, dominado e possuído, e na melhor das hipóteses protegido, enquanto constituída como propriedade do seu senhor, seja ele o pai, o marido ou o patrão.

Essa cultura patriarcal, que traz já no seu bojo um desprezo pelas mulheres se reproduz de certa forma até hoje. E que é mais complexo, está introjetada na mentalidade geral, inclusive na mentalidade das mulheres, o que pode ser percebido na maneira como as mulheres criam seus filhos e filhas e no modo como elas se produzem para agradar aos homens e para competir com as outras mulheres. Então até hoje podemos pensar que muitas mulheres não tem nenhuma dificuldade e até se sentem valorizadas quando são objetivadas e usadas para consumo dos outros. Basta um olhar sobre alguns modos de se fazer propaganda, moda, música, danças, a linguagem. Esses modos de vivência continuam a considerar a mulher como objeto sexual perfeitamente inserida no mercado lucrativo de compra e venda.

Então, assim, em vista desse olhar de gênero, a prostituição das mulheres apenas reproduz o modelo opressor e escravizante dos homens sobre elas. As mulheres continuam, neste ofício da prostituição, a ter que dispor de si mesmas para sobreviver, submetendo-se aos donos e donas do negócio, ao tráfico de pessoas, à iniciação ao uso de drogas, ao serviço de traficantes, à exposição a doenças sexualmente transmissíveis e à discriminação de todos os tipos. Assim, a luta feminina por igualdade e por libertação, sobretudo na questão da sexualidade e dos direitos reprodutivos fica dificultada".


Maria Inês Milen ainda aborda brevemente o ponto da prostituição explícita e a implícita e abre sua fala para questões teológicas e pastorais. Tal abordagem será publicada no blog em breve, assim como outras colocações e discussões advindas do seminário.

domingo, 11 de maio de 2008

Palavra da Pastoral


A celebração do I Seminário Interdisciplinar sobre Prostituição Feminina da Pastoral da Mulher, realizado graças ao imenso trabalho da equipe, à colaboração dos parceiros e ao interesse das mulheres afetadas, foi um passo importante na historia de nossa Associação, pois levou à praça pública o debate sobre a situação das mulheres em prostituição, algo que frequentemente é logo tratado de ocultar. Suscitou-se aí o interesse e a sensibilidade de representantes de órgãos públicos, de entidades do Terceiro Setor e da sociedade em geral perante esta realidade.


Durante esses três dias de seminário, deu-se um enfoque que implicou diversas áreas do saber, que necessariamente devem ser trabalhadas em conjunto para possibilitar o conhecimento e compreensão deste fenômeno, podendo assim, dar as respostas adequadas. Ressaltamos a mobilização das próprias mulheres envolvidas no evento. Tal participação certamente lhes ajudou a tomar mais consciência da necessidade de unir forças e lutar para que sua voz seja escutada nos foros de debate sobre sua situação.


O Seminário A PROSTITUIÇÃO FEMININA: UM OLHAR INTERDISCIPLINAR fechou as comemorações dos XXV anos da Pastoral, configurando-se não como ponto de chegada, mas sim como um ponto de partida. Abriram-se novos desafios, novos caminhos para o diálogo e para o debate entre os movimentos e grupos de mulheres com as Administrações Públicas, novas possibilidades de parcerias e uma maior compreensão das demandas que esta realidade apresenta. Continuamos a caminhada com mais força e consciência da nossa responsabilidade, lembrando que está é uma caminhada realizada com elas, as mulheres em situação de prostituição, e para elas. Elas são quem verdadeiramente nos ensinam, nos mostram a direção. Seguimos trabalhando em prol da cidadania de fato e por um mundo mais humano.

Pastoral da Mulher - Na batalha pela justiça Social


quarta-feira, 7 de maio de 2008

Entrevista com Regina Medeiros

Um enfoque antropológico. A questão do estigma.

APMM: Durante a apresentação do tema você abordou a questão do estereótipo. Como transformar essa questão do estereótipo? Quais as alternativas, ou se existem alternativas, para a transformação do olhar social, para trabalhar ou amenizar a percepção negativa da sociedade diante dos sujeitos estigmatizados, como você mesma colocou?

Regina: Não existe uma fórmula mágica. A questão de trabalhar essa negatividade desse olhar em relação à prostituta deve e já está sendo trabalhado por vocês da Pastoral da Mulher e por outros grupos que trabalham especificamente esse tema. Vocês já encontraram o caminho. Conforme analisamos percebe-se que, no caso das prostitutas de baixo meretrício, elas têm uma condição sócio-econômica muito prejudicada. Muitas delas são analfabetas, não tendo o mínimo de condição de leitura, ou não tiveram a chance de passarem pela escola. Configura-se aí o caminho, isto é, para o cidadão ou cidadã ter um lugar na sociedade é preciso que ele (a) tenha recursos para competir nesse lugar, pois como é que uma pessoa vai competir sendo que não tem informação e formação, não sabe ler ou assinar um cheque etc. Então delineia-se aí a primeira questão para transformar esse olhar negativo.

A segunda questão, e talvez seja até conseqüência, é a necessidade dessa prostituta se organizar e reconhecer os direitos que ela tem, saindo do lugar de vítima e passando para o lugar de protagonista, dona da sua própria história, sujeito dos seus atos.

APMM: Com relação aos grupos estigmatizados, você pode citar outros exemplos?

Regina: Eu posso citar, por exemplo, o grupo de presidiários ou as pessoas que passaram alguma vez pela prisão, os usuários de drogas, os dependentes de drogas, que muitas vezes são dependentes porque são doentes, sendo então vistos sempre como malandros, vagabundos que não querem saber de nada e etc. Mas nós sabemos que têm pessoas que lançam mão da droga ou se tornam dependentes de drogas por outras questões que não essa, então não tem absolutamente nada a ver uma coisa com a outra.

APMM: Então diante desses grupos que você apresentou, as prostitutas, enquanto grupo estigmatizado, sofre as mesmas discriminações ou tem a mesma relação de desprezo em relação a esses outros grupos?

Regina: Eu acho que tem, e especialmente por ser mulher, um grupo de prostitutas feminino. Elas já têm a marca de sujeira, de transgressão, de ocupar lugar de homem, de ser mulher, de ser pobre, de viver nessas zonas bem delineadas e colocadas à margem da sociedade. Nesse sentido eu acho que elas estão muito mais vulneráveis do que os outros grupos. Um grupo com o qual faço estudo é o grupo dos travestis. Embora esteticamente qualquer pessoas possa reconhecer um travesti no lugar onde ele estiver, este mesmo ainda sofre menos do que uma mulher prostituta, pois eles dizem: nós podemos estar em lugar público por sermos homem e podemos usar maquiagem por sermos mulher; nós podemos sofrer violência do cliente, mas também podemos bater devido à força física do homem; nós podemos cuspir no chão e falar palavrão por sermos homens, mas podemos dar beijinho e ir para uma missa rezar pois somos mulheres. É diferente.

Visibilidade

O seminário também obteve visibilidade por meio de um spot de divulgação na Rádio América; entrevista para a TV Horizonte; entrevista para Rádio Inconfidência; Matéria de uma página inteira no jornal de Opinião (edição 986 - 24 a 30 de abril), que abordou o seminário e o trabalho da APMM