sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Tráfico de mulheres - Um mal que precisa ser abolido



O mundo em que vivemos tem estabelecido uma expansão do mercado de trabalho que segue as idéias e formas de agir do capitalismo, favorecendo, cada vez mais, uma rede de relações desiguais e injustas. Nesse sentido, não temos dúvidas de que as mulheres têm sido, na maioria das vezes, as que mais têm sofrido este impacto negativo da realidade.

Uma das realidades que demonstra esta expansão do mercado são os deslocamentos de pessoas de uma região a outra, de cidade a cidade, ou até mesmo de um país a outro. É neste contexto que falamos em tráfico sexual de mulheres e crianças, um assunto que você certamente já ouviu falar, mas que deve nos ajudar a esclarecer para tantas outras mulheres o que está por detrás desta história.

Dentro da história de nosso país, temos marcas ligadas ao tráfico de seres humanos. Os próprios europeus, quando chegaram em nossas terras, trouxeram consigo esta marca. Em países como Brasil, México, Equador e Uruguai, as profissionais do sexo têm se organizado para se defenderem da violência sexual e social que sofrem.

Em uma pesquisa realizada no Brasil pela Secretária Nacional de Justiça e Ministério da Justiça, em 2002, constatou-se 241 rotas nacionais e internacionais de tráfico de pessoas. Vários países se encontram nessas rotas, tais como a
Itália, Índia, Suécia, Japão, Dinamarca e Tailândia. No Brasil, constatou-se que os Estados em que a situação é mais grave são: Ceará, São Paulo, Rio de Janeiro e Goiás. Desse modo, é possível perceber que o tráfico é a forma mais avançada de um longo processo de exclusão social.

A existência de cárcere privado, de exploração sexual forçada e escravização de pessoas são práticas que estão diretamente associadas ao tráfico de pessoas e contrariam todos os princípios dos direitos humanos. As pessoas acreditam ser “normal” esse tipo de exploração e assim, a sociedade passa a não enxergar essa pessoa como Ser violado em seus direitos humanos. As próprias pessoas envolvidas neste contexto não se reconhecem como sujeitos de direitos.

É nesse sentido que precisamos nos ajudar: todos nós somos responsáveis por esta realidade e por isso precisamos conversar com quem conhecemos e esclarecer a situação. Precisamos mostrar que existem altos índices de mulheres traficadas para outros lugares, que sofrem os mais variados tipos de violência. Torna-se urgente realizarmos essa discussão e assumirmos atitudes que no dia –a -dia podem ajudar a colocar por terra este tipo de exploração.

O crime do tráfico internacional de pessoas alimenta uma grande teia de ações na qual envolve o tráfico de drogas, o turismo sexual, a prostituição e, em alguns casos, o trabalho escravo. No Brasil, são vários os fatores que contribuem para o aumento do tráfico: baixa escolaridade, pobreza, falta de oportunidades, facilidade com que estrangeiros chegam ao nosso país, entre outros. A maioria das vítimas do tráfico são mulheres, muitas ainda adolescentes. Os aliciadores são na sua maioria homens, ainda que hoje perceba-se um alto número de mulheres aliciadoras também. Tais aliciadores vinculam-se a atividades profissionais que favorecem o comércio sexual, dentre elas a de motoristas de táxi, donos (as) de casas noturnas e profissionais do sexo. Traficam-se pessoas para realização de transplante de órgão, trabalho escravo, adoção, etc, mas, certamente a exploração sexual está ainda em maior escala. De acordo com os estudos da Secretaria Nacional de Justiça, 83 % das pessoas traficadas são mulheres.

Principais causas do Tráfico:
•Globalização;
•Pobreza;
•Ausência de oportunidades de trabalho;
•Discriminação de gênero;
•Violência doméstica;
•Instabilidade política e econômica;
•Turismo sexual.

Prejuízos causados ao país pelo tráfico:
•Aumento e diversificação do crime organizado;
•Corrupção do setor público;
•Corrupção do setor político;
•Desestabilização dos mercados de trabalhos ilegais.

Diante da realidade do tráfico de pessoas, e em especial de mulheres, somos todos chamados a lutar pela diminuição do índice de mulheres traficadas, que sentem em seus corpos as marcas dessa violência.

Convocamos a sociedade e, em especial, as mulheres, para disseminar essa notícia conosco e auxiliar na divulgação de uma realidade que precisa ser combatida, a do tráfico de seres humanos. A Pastoral da Mulher já está realizando essa discussão. Venha você também somar forças conosco!Por Fernanda

Texto publicado no Jornal Grito Mulher - Pastoral da Mulher de Belo horizonte.

Autora: Priscila Alves da Silva - Edição Junho de 2008



Gênero

No dia 02 de julho, aconteceu uma palestra sobre gênero no Cantinho da Paz (Espaço da Pastoral da Mulher). Mas o que é gênero?

O conceito de gênero é relativamente recente, surgiu dos estudos sobre a mulher na década de 70, visando eliminar os obstáculos da vida social, política, econômica e cultural na promoção da igualdade entre homens e mulheres. Esses estudos permitiram uma maior visibilidade aos problemas das mulheres e expuseram a desigualdade de poder nas relações entre as pessoas de ambos os sexos, particularmente no que diz respeito às decisões sobre a vida reprodutiva. (*)

O conceito de gênero surgiu como um instrumento de análise para ajudar a melhor entender as relações entre homens e mulheres numa determinada sociedade e num determinado momento histórico. É um conceito importante porque procura mostrar que certos modelos de conduta e expectativas para homens e mulheres são construídos socialmente através dos tempos - e não determinados pelo sexo biológico - e, assim sendo, podem ser mudados. Aliás, há autores que se referem a gênero como o sexo social para diferenciá-lo do sexo biológico.
(*) Autor: Comunicação em Sexualidade-ECOS

No debate entre mulheres, agentes, parceria da Prefeitura de BH e a palestrante Márcia de Cássia, ficou claro que a questão do gênero é mais ampla que apenas nascer mulher ou homem, envolve os papéis sociais, que trata-se de uma construção social dada pela sociedade.

Discutindo-se sobre a atualidade, a família foi citada. Hoje, o papel do Chefe de Família não é do homem, cabe aos dois, Pai e Mãe, homem e mulher.