segunda-feira, 19 de maio de 2008

Palavra do Diretor da Escola Superior Dom Helder Câmara


Palavra do diretor da Escola Superior Dom Helder Câmara

“Conversando com a coordenação da Pastoral lembrei de uma fala do padre Adolfo Nicolas, que há pouco tempo foi eleito superior geral da Companhia de Jesus. Demandado sobre certo alinhamento nas questões relativas à moral sexual da igreja, um alinhamento dos religiosos para uma posição oficial da igreja, ele respondeu: Quando a gente entra na vida das pessoas, aprende a questionar as próprias posições, as opiniões próprias. Aprende que a verdade não é assim linear, pelo contrário, as verdades como que dançam ao nosso redor. E ele disse isso certamente, tendo bem presente a experiência dele como superior provincial no Japão, na China. Ele, que era espanhol, foi lá para o Japão e para a China aprendendo a falar japonês e tendo que aprender no dia-a-dia a conviver com culturas tão diversas, com culturas tão diferentes como essas a que estamos acostumados.

Mas sem dúvida isso é o que nós aprendemos como prática cristã, que brota da própria prática de Jesus Cristo. Esse entrar na vida das pessoas, que é um colocar-se no lugar das pessoas para entende-las, para perceber como elas vêem o mundo e compreendem a realidade, ou seja, colocar-se no lugar do outro e da outra, entender e compreender. Jesus Cristo fez isso e foi mestre nisso, colocando-se no lugar, especialmente, dos mais pobres. Em casos de conflitos, de qualquer conflito, Jesus se colocava do lado do mais fraco, do menor, do perseguido, da vítima, sem colocar como primeira questão ou primeira pergunta se ela tinha ou não razão. Se havia conflito, havia alguém sofrendo, sendo perseguido, com ameaça inclusive de ser apedrejado ou apedrejada, ele se colocava ao lado, junto da vítima.

“Que esse seminário possa nos ajudar realmente a aprofundar essas questões, colocando-se no lugar, na posição da mulher que é marginalizada, uma mulher que é sofrida e discriminada, que sofre todo tipo de preconceito, para, a partir dessa visão de mundo, contribuir sem dívida com visões externas e contribuir para a libertação dessas pessoas”.

Paulo Umberto Stumpf