"O importante é perceber que
Madalena surgiu na literatura quase como uma visionária, uma grande mística que
conseguiu ver, muito mais que os discípulos, o que Jesus representava",
destaca a professora Salma Ferraz. "A constituição desta face de Madalena
contribui para outra luta das feministas cristãs que é a ordenação das
mulheres".
Existe um ditado popular entre
escritores e jornalistas: “o que não se sabe, se inventa”. É evidente que se
trata de uma brincadeira entre aqueles que vivem de escrever, mas no caso da
história de Maria Madalena se pode afirmar que é mais ou menos isso que
acontece. A professora da Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC e
doutora em Letras Salma Ferraz destaca que, nos Evangelhos Canônicos, o que
seria a fonte oficial dessa personagem bíblica, Maria Madalena se constitui com
muitos vazios. “Pouca coisa se sabe sobre o passado dela, o que é narrado é
sempre muito sucinto”, aponta. Além disso, há as leituras equivocadas sobre o
pouco que se sabe. “Por essa interpretação problemática da bíblia sobre quem
foi Madalena, ela passa para a ficção como um verdadeiro baú de histórias”,
completa.
E se as fontes oficiais revelam
pouco, as não oficiais encontram terreno fértil para tecer suas ilações. “É por
esses vazios, na história de Jesus e também de Madalena, entre o sagrado e o
profano, entre a literatura e a teologia, que entram os escritores”, completa,
em entrevista concedida por telefone à IHU On-Line.
Para Salma, é preciso ter
clareza. “Os autores são ficcionistas e não têm nenhum compromisso com a
realidade, nem com a teologia ou com qualquer outra coisa”, adverte. A
professora alerta que mais produtivo do que debater sobre a relação do Cristo
com essa mulher, é pensar na perspectiva feminina do cristianismo que emerge a
partir de Madalena, mas que se perde ao longo dos tempos. “A Igreja Primitiva,
por excelência, dependeu muito das mulheres. Eram elas que abriam suas casas
para as primeiras reuniões. E o seu papel não era somente de receber as pessoas
nas casas, pois muitas andavam com Jesus”, esclarece.
Salma Ferraz é graduada em
Letras, com mestrado e doutorado em Letras pela Universidade Estadual Paulista
Júlio de Mesquita Filho. Cursou o pós-doutorado na Universidade Federal de
Minas Gerais e atualmente é professora da Universidade Federal de Santa
Catarina – UFSC. Tem, ainda, experiência na Teologia, com graduação na área, e
por isso vem orientando projetos de pesquisa na área de Teopoética, estudos
comparados entre Teologia e Literatura. Dirige o Núcleo de Estudos comparados
entre Teologia e Literatura - Nutel, com sede na UFSC, em Florianópolis. É
contista com diversos prêmios recebidos e livros publicados, entre eles Maria
Madalena: das páginas da bíblia para a ficção (Maringá, Paraná: Editora da
Universidade Estadual de Maringá – Eduem, 2011).
Confira a entrevista.
IHU On-Line - Quem foi Maria
Madalena? Como distinguir entre a personagem histórica e a personagem de
ficção?
Salma Ferraz - Ela foi a
discípula amada e que foi olvidada, esquecida, por dois milênios da história do
cristianismo. Como personagem histórico, Maria Madalena foi muito forte porque
foi vítima do erro histórico de ser tomada como uma meretriz, um erro
gravíssimo. Assim, passou a ser vista como a protetora dos cabelereiros, das
mulheres sofredoras, dos arrependidos. Passa então para a história com esse
subtítulo: a Madalena arrependida.
É um título que advém do erro de
confundir com a face daquelas outras mulheres citadas no Evangelho [1]. E com
esse título de penitente passa para a história como alguém que sempre vai
proteger as mulheres arrependidas, as prostitutas... A história dela a partir
da bíblia é de uma mulher que não é respeitada como a discípula amada,
começando como uma mulher endemoniada, e com o passar do tempo se torna essa
Madalena penitente e que antes era prostituta.
Por essa interpretação
problemática da bíblia sobre quem foi Madalena, ela passa para a ficção como um
verdadeiro baú de histórias. É um mar de histórias em que os escritores
mergulham e cada um constrói a sua Madalena. E só há cerca de 30 anos esse
rosto verdadeiro de Madalena tem sido pesquisado de forma diferente. Esse rosto
tem sido moldado de forma diferente tanto pela Teologia como pela Literatura.
Veja: só em 1967 que o Vaticano reconheceu que Maria Madalena nunca foi
prostituta. E a ficção vai ajudar a moldar esse novo rosto, o rosto perdido de
Madalena. Não o rosto de uma prostituta, mas de uma mulher livre, avante de seu
tempo para quem Jesus apareceu. Ela foi a anunciadora, a que primeiro viu que o
túmulo estava vazio e para quem Jesus apareceu ressuscitado pela primeira vez.
IHU On-Line - Como entender essas
confusões e toda essa nebulosidade em torno da figura de Maria Madalena? O que
a leva dos erros históricos até o reconhecimento que tem hoje?
Salma Ferraz - E essa perspectiva
confusa ainda persevera ainda hoje. Tanto é que Mel Gibson [2], no filme A Paixão
de Cristo (2004) [3], que é alguém da extrema-direita católica norte-americana,
comete um equívoco gravíssimo. Depois de todos esses esclarecimentos, ele vai e
retrata na Paixão de Cristo Madalena sendo apedrejada, coisa que efetivamente
nunca aconteceu. A mulher que foi apedrejada não é nomeada, uma mulher adúltera
que não é identificada [4].
História de mulheres fortes X leitura machista
Eu não vejo machismo no Velho
Testamento e tampouco no Novo Testamento. A leitura que é feita deles é que é
machista. No Velho Testamento, vemos que as matriarcas deixavam todos
estarrecidos. Elas discutiam e resolviam muitas coisas. Veja a Rebeca [5]
articulando, a Sara no meio de toda a confusão mandando Agar para o deserto e
Agar questionando “o que tenho eu a ver com isso?” [6]. Então, podemos dizer
que há uma espécie de feminismo no Velho Testamento. As matriarcas são muito
fortes e podemos perceber na própria genealogia de Jesus. São mulheres muito a
frente de seu tempo, Tamar (Mt 1,3); Raabe e Rute (Mt 1,5); a mulher de Urias,
o heteu - Bate-Seba/Betsabéia (Mt 1,6).
E também no Novo Testamento, nem
mesmo naquelas palavras do apóstolo Paulo, que são completamente
descontextualizadas (“que vossas mulheres estejam caladas na Igreja”, 1 Cor.
14,34), não se pode dizer que há machismo. É na leitura descontextualizada que
se dá o machismo. Nessa passagem de Paulo, é preciso levar em conta que a
comunidade estava se formando e que deveriam ser cultos muito barulhentos.
A “mulher ideal”
Para a Igreja Católica, e até
para o cristianismo, que faz uma releitura machista tanto do Velho como do Novo
Testamento, era muito mais importante ter uma mulher como Maria (a Virgem, mãe
de Jesus). Assim, eleva-se a imagem de Maria, uma mulher assexuada, que gerou
sem ter amado. Esse modelo de Maria era o modelo perfeito e completamente
inatingível para a maioria das mulheres. Como a mulher vai ser santa, mãe, pura
e virgem? Assim, o modelo de Maria Madalena não servia, pois era uma mulher
livre, que não pertencia a ninguém, que não era pobre, que seguia a Jesus –
pois a bíblia diz que elas o seguiam com seus bens. Tanto é que os evangelistas
não falam que Madalena era filha de alguém, irmã de alguém, mulher de alguém,
enquanto todas as mulheres daquela época tinham uma certa pertença.
Então, essa nebulosidade sobre o
rosto e o corpo de Maria Madalena foi proposital, porque ela era um modelo que
não se encaixava. Veja que foi ela que foi ao túmulo, mas mesmo assim não foi
suficiente seu testemunho. Foi necessário que Pedro fosse lá, visse e voltasse
para contar o que vira. E se fosse um homem que tivesse visto Jesus primeiro?
Talvez o cristianismo não existisse, pois é provável que ele pensasse: “eu não
vou contar isso daí, não vão acreditar em mim”. Então, para a Igreja Católica,
que, digamos, detém o monopólio do cristianismo, não interessava essa imagem de
uma mulher que estava milênios à frente de sua época. Por favor, não estou aqui
tirando os méritos de Maria, mãe de Jesus, mas, ao mesmo tempo em que vai se
agregando uma série de dogmas à jovem Maria ao longo da história, surge essa
nebulosidade que vai embaçando a figura de Maria Madalena.
IHU On-Line - Como compreender o papel da mulher no cristianismo
primitivo?
Salma Ferraz - A Igreja
Primitiva, por excelência, dependeu muito das mulheres. Eram elas que abriam
suas casas para as primeiras reuniões, pois o cristianismo sai de dentro da
sinagoga e vai para as casas. E o seu papel não era somente de receber as
pessoas nas casas, pois muitas andavam com Jesus. Ele tinha muitas seguidoras,
e o próprio Paulo, depois, revelou em suas cartas que chegou a nomear algumas
mulheres como discípulas. Por isso dizer que Paulo não autorizou a ordenação de
mulheres por aquela frase sobre as mulheres se calarem na Igreja é retirar uma
passagem de seu contexto.
Paulo tinha uma série de
discípulas que trabalhavam com ele, e elas eram muito importantes como fator de
agregação. E, depois, quando Roma se cristianizou, ou o cristianismo se
romanizou, certas senhoras ofereciam suas domus ecclesiae, um lugar em que
havia uma espécie de capela, que também foram muito importantes. Antes de ir
para a Igreja, as reuniões se davam nesses espaços.
E Jesus, como sempre à frente de
seu tempo, estava cercado de mulheres. Veja a quantidade de mulheres que ele
curou. Ele falava em público e tocava nas mulheres, veja o exemplo da
samaritana [7]. E observe que a primeira vez que Jesus escreveu, no Novo
Testamento, quando se tem a escritura crística, ele escreveu na areia diante de
uma mulher adúltera [8]. Sua primeira escrita foi vista e lida somente por essa
mulher que seria apedrejada. Posso colocar Jesus como o grande antecipador do
movimento feminista. E veja: na hora da cruz, não ficam os homens.
Importantes, mas preteridas
Então, as mulheres são
fundamentais para a Igreja Primitiva se organizar. Isso fica evidente tanto nos
evangelhos como nas cartas de Paulo, que menciona dezenas de mulheres. E,
assim, chegamos a um ponto de interrogação: por que uma mulher sendo figura que
pode ser considerada uma das mais importantes daquele grupo, e sendo as
mulheres tão importantes para o surgimento do cristianismo, a figura feminina
se torna envolta em tanta nebulosidade? Isso gera marcas, são coisas que não se
recuperam. Há algo que se tenta resgatar agora, mas o imaginário é sempre muito
forte e mantém essas perspectivas vivas. Voltemos ao exemplo do Mel Gibson na
forma como retratou Madalena em seu filme.
É muito curioso. Tenho uma amiga
cultíssima e ela me disse que sempre imaginou Maria Madalena dentro de um
buraco sendo apedrejada. Eu mesma, apesar de ser estudiosa de Madalena, quando
estive na França, visitando a igreja em homenagem a ela [9], vendo uma imagem
de mulher com tanto destaque no altar fiquei surpreendida e até achando meio
estranho. Fiquei até meio em êxtase, meio... [10]
IHU On-Line - Que tipo de Jesus
nos é revelado através de Maria Madalena? No que esse Cristo se difere do de
Pedro ou de Paulo, por exemplo?
Salma Ferraz - O apóstolo Paulo
era um homem do mundo, falava duas, três línguas, e viajava muito. Já Pedro era
um pescador humilde. Segundo Pedro, Jesus veio apenas para os judeus e ficaria
ali entre eles. Tanto é que Pedro era um homem muito duro e preso ao seu tempo,
insistia ainda que os judeus fizessem a circuncisão, enquanto o apóstolo Paulo
tinha uma dimensão muito grande de Jesus, era o Cristo do mundo, o Jesus de
todos. E o Jesus de Madalena é, por excelência, o Jesus amigo, o companheiro,
aquele que todas as mulheres gostariam de ter por perto, como alguém para
conversar, contar as suas mágoas. Assim, por ela, Jesus é por excelência o
interlocutor das mulheres.
IHU On-Line - Então, como a
senhora apresenta, as faces de Jesus por cada um deles não constitui
contraposição. É isso?
Salma Ferraz - É muito mais
produtivo pensar na ideia de complementaridade. Só que as perspectivas de Pedro
e de Paulo vingaram, e essa como Jesus interlocutor privilegiado das mulheres,
na visão de Maria Madalena, ficou um pouco prejudicada. Há um texto de Paulo Leminski
[11] chamado “Jesus A.C.” [12], em que ele explora bem essa face de Jesus
enquanto interlocutor entre as mulheres.
IHU On-Line - Como Madalena é
representada na literatura ao longo dos tempos? O que está por trás de cada uma
dessas representações?
Salma Ferraz - Pouca coisa se
sabe sobre o passado dela, o que é narrado é sempre muito sucinto quanto a
isso. Na própria história de Jesus, há um período de silêncio muito grande
entre a infância e o início da vida adulta. Há na bíblia muitos vazios e é por
esses vazios, na história de Jesus e também de Madalena, entre o sagrado e o
profano, entre a literatura e a teologia, nesses vazios dos narradores dos
evangelhos, que entram os escritores. Na literatura contemporânea, Madalena não
vem mais com essa imagem de meretriz, mas vem sempre como alguém que antevê o
papel de Jesus.
É por aí que se escreve muita
coisa, como o Código da Vinci [13], que coloca Madalena como a esposa de Jesus.
Mas os autores – como Dan Brown [14] – são ficcionistas e não têm nenhum
compromisso com a realidade, nem com a teologia ou com qualquer outra coisa.
Mas eu me pergunto: se Jesus tivesse sido casado? No que mudaria a história do
cristianismo? Claro que nada. Para um judeu da época pareceria muito esquisito
não ser casado. Mas, efetivamente, claro que Jesus não foi casado. Sua vida
pública sempre foi muito tumultuada.
Muita gente se escandalizou com a
possibilidade de Jesus ter sido casado, falavam em ameaça de fim do
cristianismo se isso tivesse acontecido. Quer dizer que Jesus sofreu, passou
dificuldades, chorou, mas só se tivesse sido casado é que o cristianismo
estaria ameaçado? Eu não vejo por esse lado. O que é importante é perceber que
Madalena surgiu na literatura quase como uma visionária, uma grande mística que
conseguiu ver, muito mais que os discípulos, o que Jesus representava. E nos
(evangelhos) apócrifos, não quero entrar muito nisso, apenas destacar que ela
aparece como alguém muito forte e, por vezes, até é colocada discutindo com
Pedro. Ou seja, reforça esse papel de mulher muito especial que foi de perceber
o Salvador e antever misticamente que aquele homem que estava ali não era
qualquer um, pois ele tinha uma missão na terra.
IHU On-Line - Por que Madalena, e
a história – ou as histórias – que se construiu dela, é importante para as
discussões feministas? E quais outras mulheres na história da Igreja contribuem
para essa perspectiva?
Salma Ferraz - São inúmeras as
mulheres dentro da Igreja que contribuem para a perspectiva feminina. Não vou
citar nenhuma para não cometer injustiças, mas são as santas, as doutoras da
Igreja Católica. Estamos a mais de dois mil anos do início do cristianismo, e
muita coisa já se conseguiu. Porém, quando vemos notícias de que houve um
estupro coletivo [15] numa favela, podemos pensar que a violência contra a
mulher é uma questão de classe. Mas não é. A mulher, ainda hoje, sofre
violência e é estigmatizada em várias classes sociais. Há cerca de um mês, essa
menina foi estuprada por vários homens numa comunidade pobre. E, agora, na
semana passada, veio à tona o caso da atriz Luiza Brunet, que foi agredia por
seu parceiro, um homem milionário.
O feminismo conseguiu muitas
coisas, mas ainda temos uma cultura muito forte de opressão à mulher, por isso
ainda precisamos avançar muito. Isso falando apenas em termos de ocidente. E é
nesse contexto que Madalena acaba sendo tomada como heroína, como alguém muito
bem quista entre as feministas. É curioso como o protestantismo parece se
apegar muito mais à Maria Madalena, enquanto o catolicismo se prende muito mais
à Maria, mãe de Jesus.
E, além da questão da violência,
a constituição desta face de Madalena contribui para outra luta das feministas
cristãs que é a ordenação das mulheres.
IHU On-Line - Por que a senhora
acha importante a ordenação feminina?
Salma Ferraz - Porque é algo que
não pode ser negado às mulheres. Se os cristãos creem que a mensagem tem de ser
levada a todas as nações, por que negar isso à mulher? Elas têm o direito de
poder escolher. Observe a cúpula da Igreja Católica, mesmo em outros cargos
(não clericais), não se veem mulheres. Elas ficam nos serviços de base como
leigas, e nos mosteiros, como religiosas, chegam a certo nível, mas apenas
dentro dos mosteiros ou nas ordens. E vemos missionárias que fazem todo um
trabalho, como no caso da Amazônia, com as comunidades, preparam as famílias e
daí vem um pastor ou padre de fora e faz os batismos. Por que ela mesma não
poderia fazer isso? Por que não dar à mulher essa opção pela ordenação?
E outra coisa muito importante: a
mulher tem de ocupar todos os espaços, e não só ficar com os serviços da igreja
(no sentido de templo), cuidar dos necessitados. Elas se ocupam de uma série de
coisas, mas também têm de ir para outros espaços. Porque os espaços decisórios
são espaços de poder. Se formos olhar a história da Igreja Católica e mesmo da
Protestante, veremos que as mulheres conquistaram muitos espaços, mas não
espaços de poder.
IHU On-Line - Como tem visto os
movimentos recentes da Igreja, principalmente na figura de Francisco, de
resgate a Maria Madalena? O que inferir a partir desses movimentos?
Salma Ferraz - O papa Francisco
está muito à frente de seu tempo. Aliás, como Francisco de Assis [16], que é de
quem ele toma o nome, estava. Só que o papa tem atrás de si uma Igreja muito
conservadora. E eu o admiro porque, mesmo em meio a um colégio de cardeais
muito conservadores, está tocando em assuntos muito polêmicos, como a segunda
união, como a Igreja não se preocupou devidamente com a questão da
homossexualidade, e até elevando esse dia de Maria Madalena à Festa. É
diferente de Ratzinger [17], um teólogo por excelência e que também estava
muito cansado, embora elogie muito a atitude dele em reconhecer que seu tempo
já passou e deixar o pontificado.
O cristianismo em geral, e
principalmente a Igreja Católica, terá que se confrontar com questões muito
sérias. Entre elas, a ordenação das mulheres, a questão de gays, lésbicas e
todas as questões de gêneros, porque a história caminha para frente. Assim, o
papa Francisco vai tocando com muita cautela nessas questões, levando em conta
o colégio cardinalício muito conservador. Não sei até que ponto ele vai
conseguir avançar. Mas o fato de vir tocando nesses temas, o que vem fazendo
sistematicamente, é importante. Na Igreja, a cada mil anos se andam alguns
passos pequeninhos para frente. Até hoje a Igreja não entendeu bem tudo que vem
com o Concílio Vaticano II [18]. Então, creio que os frutos do papa Francisco
talvez não sejam colhidos de imediato. Entretanto, provavelmente serão um
caminho para uma abertura. E acho que será um caminho sem volta, sem retrocessos.
Notas:
[1] Maria, irmã de Marta e Lázaro
(João 12 e Marcos 14, 2-11); a pecadora que seria apedrejada (João 8); a mulher
que unge os pés de Jesus com nardo (Lucas 7). (Nota da IHU On-Line)
[2] Mel Columcille Gerard Gibson
(1956): é um ator, diretor de cinema, produtor cinematográfico e roteirista
estadunidense naturalizado australiano. (Nota da IHU On-Line)
[3] A Paixão de Cristo (he
Passion of the Christ, por vezes referido como The Passion. No Brasil e em
Portugal, A Paixão de Cristo): é um filme bíblico estadunidense de 2004, do
gênero drama épico, dirigido por Mel Gibson e estrelado por Jim Caviezel como
Jesus Cristo. Ela retrata a Paixão de Jesus, em grande medida de acordo com os
Evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João do Novo Testamento. Inspira-se
também sobre a Sexta-Feira das Dores, juntamente com outros escritos
devocionais, como os atribuídos a mística e visionária Anna Catarina Emmerich,
beata da Igreja Católica. Parte do filme foi inspirado no livro A Dolorosa
Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo. O filme abrange principalmente as 12 horas
finais da vida de Jesus. (Nota da IHU On-Line)
[4] A história é narrada em João
8. (Nota da IHU On-Line)
[5] A figura de Rebeca e suas
posições são muito claras ao longo de Gêneses. Porém, em Gêneses 27, manifesta
a posição do matriarcado a que a entrevistada quer evidenciar. (Nota da IHU
On-Line)
[6] A história a que a
entrevistada se refere está em Gêneses 16. (Nota da IHU On-Line)
[7] A história é narrada em João,
4. (Nota da IHU On-Line)
[8] A história é narrada em João
8. (Nota da IHU On-Line)
[9] A Igreja da Madalena (em
francês: Église de la Madeleine), está situada perto da Praça da Concórdia, em
Paris, na França. A imagem a que a entrevista se refere pode ser conferida
aqui. (Nota da IHU On-Line)
[10] A entrevistada interrompe a
frase com um profundo suspiro. (Nota da IHU On-Line)
[11] Paulo Leminski Filho (1944
—1989): foi um escritor, poeta, crítico literário, tradutor e professor
brasileiro. (Nota da IHU On-Line)
[12] São Paulo: Editora
Brasiliense, 2003. (Nota da IHU On-Line)
[13] BROWN, Dan. O Código Da
Vinci. Rio de Janeiro: Sextante, 2004. (Nota da IHU On-Line).
[14] Dan Brown (1964): é um
escritor norte-americano. Seu primeiro livro, Fortaleza Digital, foi publicado
em 1998 nos Estados Unidos. A este seguiram-se Ponto de Impacto e Anjos e
Demônios, a primeira aventura protagonizada pelo simbologista de Harvard Robert
Langdon. Seu maior sucesso foi o polêmico best-seller “O Código da Vinci”, mas
seus outros cinco livros também tiveram uma grande tiragem. Entre seus grandes
feitos, está o de conseguir colocar seus quatro primeiros livros
simultaneamente na lista de mais vendidos do jornal The New York Times. (Nota
da IHU On-Line)
[15] A secção Notícias do Dia, do
sítio do IHU, tem reproduzido textos com as repercussões desse fato. Entre eles
"As pessoas não estupram porque estão loucas, estupram porque são
machistas", publicada em 30-05-2016, disponível em , e “Por que mulheres
ficaram contra a vítima de estupro coletivo no Rio?”, publicado em 07-06-2016.
Confira mais textos aqui. (Nota da IHU On-Line)
[16] São Francisco de Assis
(1181-1226): frade católico, fundador da "Ordem dos Frades Menores",
mais conhecidos como Franciscanos. Foi canonizado em 1228 pela Igreja Católica.
Por seu apreço à natureza, é mundialmente conhecido como o santo patrono dos
animais e do meio ambiente. Sobre Francisco de Assis confira a edição 238 da
IHU On-Line, de 01-10-2007, intitulada Francisco. O santo. (Nota da IHU
On-Line)
[17] Bento XVI, nascido Joseph
Aloisius Ratzinger (1927): Foi papa da Igreja Católica e bispo de Roma de 19 de
abril de 2005 a 28 de fevereiro de 2013, quando oficializou sua abdicação.
Desde sua renúncia é Bispo emérito da Diocese de Roma, foi eleito, no conclave
de 2005, o 265º Papa, com a idade de 78 anos e três dias, sendo o sucessor de
João Paulo II e sendo sucedido por Francisco. (Nota da IHU On-Line)
[18] Concílio Vaticano II:
convocado no dia 11-11-1962 pelo Papa João XXIII. Ocorreram quatro sessões, uma
em cada ano. Seu encerramento deu-se a 8-12-1965, pelo Papa Paulo VI. A revisão
proposta por este Concílio estava centrada na visão da Igreja como uma
congregação de fé, substituindo a concepção hierárquica do Concílio anterior,
que declarara a infalibilidade papal. As transformações que introduziu foram no
sentido da democratização dos ritos, como a missa rezada em vernáculo,
aproximando a Igreja dos fiéis dos diferentes países. Este Concílio encontrou
resistência dos setores conservadores da Igreja, defensores da hierarquia e do
dogma estrito, e seus frutos foram, aos poucos, esvaziados, retornando a Igreja
à estrutura rígida preconizada pelo Concílio Vaticano I. O Instituto Humanitas
Unisinos - IHU produziu a edição 297, Karl Rahner e a ruptura do Vaticano II,
de 15-6-2009, bem como a edição 401, de 03-09-2012, intitulada Concílio
Vaticano II. 50 anos depois, e a edição 425, de 01-07-2013, intitulada O
Concílio Vaticano II como evento dialógico. Um olhar a partir de Mikhail
Bakhtin e seu Círculo. Em 2015, o Instituto Humanitas Unisinos – IHU promoveu o
colóquio O Concílio Vaticano II: 50 anos depois. A Igreja no contexto das
transformações tecnocientíficas e socioculturais da contemporaneidade. As
repercussões do evento podem ser conferidas na IHU On-Line, edição 466, de
01-06-2015, e também em Notícias do Dia no sitio IHU. (Nota da IHU On-Line)
Fonte: Ihu
Nenhum comentário:
Postar um comentário