Prostitutas reclamaram da
truculência da Guarda Municipal de Campinas: "Trabalho na praça e pelo que
eu sei prostituição não é crime. E eu fui agredida porque não aceitei ser
enquadrada. Tenho o direito de estar na praça como qualquer outra pessoa.
Estava trabalhando discretamente. Não estava pelada, nem mexendo com ninguém.
Mesmo assim o policial jogou spray de pimenta no meu olho. Não estou nem
conseguindo abrir direito. Para mim, isso é preconceito", afirmou uma profissional
do sexo, que preferiu não se identificar. Outras prostituta relatou que foi
humilhada com palavras.
Um grupo de 14 pessoas, entre
prostitutas, travestis e moradores de rua, foi abordado pela Guarda Municipal
de Campinas na Praça Carlos Gomes, no Centro, após denúncia de tráfico de
entorpecentes, no período da tarde. O patrulhamento ostensivo no local vem
ocorrendo desde o início da semana, após relatos de que profissionais do sexo
estariam intimidando os demais frequentadores a saírem dos pontos considerados
"exclusivos" para o negócio, conforme foi mostrado em reportagem na
última terça-feira (25). Nada foi encontrado com o grupo, que reclamou de abuso
e truculência da Guarda Municipal.
A intervenção da Guarda foi por
volta das 15h. Pelo menos três viaturas foram usadas na operação. Como havia
denúncia de tráfico, foi feita revista corporal e nos pertences de cada um. Foi
feita a identificação e alguns tinham passagem pela polícia, mas nenhum era
considerado foragido. Também não foram encontradas drogas.
Limpar o espaço
Após a revista, eles foram
orientados a limpar o espaço, retirar os papelões que estavam espalhados na
grama e a deixarem o espaço. Alguns seguiram a orientação dos agentes, outros
ficaram pelo local, aguardando um momento para retornar a praça.
A reportagem conseguiu ouvir
alguns moradores de rua e profissionais do sexo, que relataram violência da
Guarda Municipal durante a abordagem. "Trabalho na praça e pelo que eu sei
prostituição não é crime. E eu fui agredida porque não aceitei ser enquadrada.
Tenho o direito de estar na praça como qualquer outra pessoa. Estava
trabalhando discretamente. Não estava pelada, nem mexendo com ninguém. Mesmo
assim o policial jogou spray de pimenta no meu olho. Não estou nem conseguindo
abrir direito. Para mim, isso é preconceito", afirmou uma profissional do
sexo, que preferiu não se identificar.
Humilhação
Uma prostituta também relatou que
foi humilhada com palavras. "Teve um que me chamou de velha. Que era para
eu estar num asilo usando bengala. Foi bem agressivo. Abriu a minha bolsa,
jogou tudo no chão", contou. Uma moradora de rua também afirmou que foi
agredida durante a abordagem.
"Quem revistou a gente foi
mulher. Elas foram educadas, mas os homens judiaram. Me beliscaram. Chegaram
metendo o pé e eu estou grávida. Cataram um moleque pelo pescoço",
afirmou. Tem que colocar câmera para ver o que fazem com a gente à noite"
, disse outra moradora de rua.
Outro lado
O patrulhamento na área, segundo
a Secretaria de Segurança de Campinas, faz parte da rotina da GM. Apesar dos
relatos, a pasta informou que não houve necessidade da utilização de recursos
de contenção, já que a abordagem se deu de forma pacifica.
Ainda assim, segundo orientação
da secretaria, caso alguém tenha se sentido lesado de alguma forma, pode
recorrer À Corregedoria da GM para apuração dos fatos. A Secretaria de
Segurança acrescentou que a Guarda Municipal trabalha de acordo com normas
técnicas de segurança e uso progressivo da força quando necessário e pauta suas
ações nos conceitos de respeito, cidadania e Direitos Humanos.
Luz do dia
A prostituição a luz do dia tem
se tornado mais frequente em praças públicas da região central de Campinas. A
migração de locais também é um fato registrado recentemente por moradores e
comerciantes, conforme mostrou o Correio no domingo. Além disso, profissionais
do sexo chegam a intimidar demais frequentadores a saírem dos pontos.
Uma reportagem na última
terça-feira mostrou o caso de três
mulheres que se reuniram no gramado da praça para definir locais para a prática
de Yoga e foram expulsas sob ameaça de agressão. Comerciantes ouvidos pela
reportagem relataram aumento das prostitutas no espaço e diversos problemas,
como brigas em disputa por território.
Fonte: Correio Popular de
Campinas
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