Uma cooperativa de profissionais do sexo de Songachi (India) ,
que funciona como um banco para elas, ganhou o prestigioso prêmio da “Melhor Cooperativa
“ em West Bengal de 2014.
Rita Rai, de 35 anos, deixa as
alamedas lotadas do bairro de prostituição de Sonagachi, em Kolkata, às 9h
todos os dias, para ir ao escritório do banco Cooperativo Usha. Ela passa seu
dia ajudando mulheres a abrir contas e avaliando pedidos de empréstimos para
apresentar à diretoria para aprovação. Para Rita, uma trabalhadora sexual que
também é integrante da diretoria, suas responsabilidades são uma rota para o
empoderamento.
O banco, comandado por e para as
trabalhadoras do sexo, é a tentativa delas de pavimentar o caminho para
segurança social para elas mesmas e de de lançar as bases de um futuro para
suas crianças. Rita disse que a ideia do banco surgiu quando mulheres dos
bordéis de Sonagachi perceberam que nenhum banco abriria uma conta para elas
por causa do estigma associado à sua ocupação. “No fim, encontramos a solução
nós mesmas.”
“As autoridades registraram o
banco com uma diretoria de trabalhadoras sexuais. Agora, somos nós que
aprovamos empréstimos e ajudamos trabalhadoras sexuais a planejar seus
investimentos”, disse Rita.
Foi a pobreza que levou Rita ao
trabalho com sexo. “depois que meu marido me abandonou e eu voltei para meus
pais, não havia comida suficiente para todos nós. Encontrei trabalho como
costureira, mas foi obrigada a abandoná-lo depois de o proprietário do centro
onde eu trabalhava me assediar sexualmente. Tive uma experiência similar na
fábrica onde entrei em seguida. Hoje, este é o meu meio de vida, e quero ser
tratada com dignidade”, afirmou Rita.
Rita é uma das representantes de
trabalhadoras sexuais de 13 estados indianos filiadas à Rede de Trabalhadoras
do Sexo de Toda a Índia (AINSW), que estão na capital para uma consulta
nacional sobre “proteção da dignidade e dos direitos das trabalhadoras do
sexo”. A consulta vai culminar no lançamento da primeira campanha nacional
pelos direitos e benefícios das trabalhadoras sexuais.
Bharati Dei, presidente da AINSW
e secretária da Durbar Mahila Samanwaya Samiti, de Kolkata, que trabalha pelas
trabalhadoras sexuais, citou a experiência do banco Cooperativo Usha como um
sinal de que as trabalhadoras do sexo estão saindo em defesa de si mesmas. “Um
conselho regulador em nível estadual precisa ser estabelecido para prevenir o
tráfico de meninas e a violência contra aquelas que estão no trabalho com sexo
por vontade própria”, disse Dey, que é integrante de um comitê nomeado pelo
Supremo Tribunal sobre o combate ao tráfico e a reabilitação de trabalhadoras
sexuais.
Ela acrescentou que os
legisladores precisam perceber que o trabalho sexual não pode ser eliminado com
ações coercivas e leis punitivas. “Eles precisam se engajar em desafios como
pobreza, discriminação de gênero, desigualdades sociais e a violência
incessante que as comunidades marginais enfrentam”, disse Dey.
Em uma mensagem de vídeo para a
consulta, C. Rangarajan, conselheiro econômico do primeiro-ministro e
ex-presidente da Comissão Independente sobre Aids na Ásia, disse que “chegou o
momento de reduzir a vulnerabilidade das trabalhadoras sexuais por meio do
desenvolvimento de um plano de ação sistêmico, que envolva a melhora de sua
autoestima e sua inserção na corrente
principal de todas as atividades sociais”.
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