O Diversitas (Núcleos de Estudos
das Diversidades, Intolerâncias e Conflitos) –FFLCH USP (Universidade de São
Paulo) realizou nesta terça-feira, 24 de fevereiro, o Simpósio "Democracia
Universitária, ética e corpo: não à opressão, nenhuma vida vale menos”.
O evento aconteceu em meio a denúncias de estupro e abuso de alunas
da Medicina, da Universidade de São Paulo (USP), que têm deposto na CPI das
Universidades instaurada pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.
No encontro, a antropóloga
Heloisa Buarque, do USP Diversidade, apresentou a Carta pelo Fim do Trote
Violento contra Gênero e Raça, elaborada pela ONU Mulheres, grupos de estudos
de gênero e raça de universidades brasileiras, coletivos feministas e a
Diretoria de Mulheres da UNE (União Nacional dos Estudantes). "A ONU
Mulheres reconhece a violência crescente nas universidades como expressão de
misoginia, agressão e intimidação da livre convivência e circulação de
estudantes. Em conjunto com lideranças das universidades, estamos trabalhando
para dar visibilidade a essas violências que precisam de respostas ágeis e
efetivas do poder público, para a justiça aos casos e a prevenção da violência
de gênero e raça”, afirma Nadine Gasman, representante da ONU Mulheres Brasil.
A programação contou com alunas e
professores da USP e os diretores da FMUSP (Faculdade de Medicina da USP),
entre eles José Otávio Costa Auler Júnior.
Nos últimos dois anos, surgiram
no Brasil denúncias contra trotes universitários organizados por estudantes
veteranos, que lançam mão de práticas machistas, lesbofóbicas, homofóbicas,
transfóbicas e racistas contra calouras e calouros. Ano após ano, esse grupo é
submetido a atividades agressivas definidas por veteranos, nas festas das
faculdades e dentro das residências estudantis – a maioria deles, homens
brancos e de classe média alta.
Entre as atividades propostas na
Carta para dar fim a essas práticas violentas estão: a elaboração de uma
campanha de mídia e advocacy contra o trote violento, que conscientize
universitárias e universitários a respeito da violência de gênero e raça, e a
formação de uma rede institucionalizada de apoio, com a implementação de
comitês de apuração e ouvidorias.
A mobilização acontece no marco
da iniciativa "O Valente não é Violento”, da campanha do secretário-geral
da ONU "UNA-SE pelo Fim da Violência contra as Mulheres”, com o intuito de
expressar, publicamente, um compromisso institucional em favor de mulheres, trans,
lésbicas, gays, negras e negros, que há anos são vítimas da violência nos
trotes.
Na recepção da calourada, no
primeiro semestre letivo de 2015, serão realizadas aulas públicas sobre o trote
violento e a igualdade de gênero e raça, na Faculdade Cásper Líbero (São
Paulo), na USP e na Universidade Federal de Goiás, onde alunas e alunos também
tomarão contato com o tema por meio de materiais de comunicação, como
lambe-lambes e faixas.
As ações também incentivam a
denúncia de violências sofridas ou presenciadas por meio do aplicativo Clique
180 (http://clique180.org.br) disponível para download nos sistemas de
telefones inteligentes (smartphones) IOS e Android, do portal Minha Voz (www.minhavoz.com)
e do mapa Chega de Fiu Fiu (www.chegadefiufiu.com.br), a fim de tornar públicos
os casos de violência e fornecer informações como serviços públicos de
assistência policial, jurídica e psicológica pós-violência ou de prevenção.
Eliminação da violência de gênero
"O Valente não é Violento” é
uma iniciativa da campanha UNA-SE Pelo Fim da Violência Contra as Mulheres, do
secretário geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, que conta com o envolvimento
de todas as agências da ONU e é coordenada pela ONU Mulheres. No Brasil, a ação
conta com o apoio da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da
República (SPM-PR).
Tem com o objetivo estimular a
mudança de atitudes e comportamentos machistas, enfatizando a responsabilidade
que os homens devem assumir na eliminação da violência contra as mulheres e
meninas. Desse modo, a juventude da América Latina e do Caribe poderá ter uma vida
livre da violência de gênero.
Leia aqui a íntegra da carta pública pelo Fim do Trote Violente contra Gênero e Raça.
Leia aqui a íntegra da carta pública pelo Fim do Trote Violente contra Gênero e Raça.
Fonte: Adital
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