quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Simpósio debate violência de gênero e raça em trotes universitários

O Diversitas (Núcleos de Estudos das Diversidades, Intolerâncias e Conflitos) –FFLCH USP (Universidade de São Paulo) realizou nesta terça-feira, 24 de fevereiro, o Simpósio "Democracia Universitária, ética e corpo: não à opressão, nenhuma vida vale menos”. 

O evento aconteceu em meio a denúncias de estupro e abuso de alunas da Medicina, da Universidade de São Paulo (USP), que têm deposto na CPI das Universidades instaurada pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.

No encontro, a antropóloga Heloisa Buarque, do USP Diversidade, apresentou a Carta pelo Fim do Trote Violento contra Gênero e Raça, elaborada pela ONU Mulheres, grupos de estudos de gênero e raça de universidades brasileiras, coletivos feministas e a Diretoria de Mulheres da UNE (União Nacional dos Estudantes). "A ONU Mulheres reconhece a violência crescente nas universidades como expressão de misoginia, agressão e intimidação da livre convivência e circulação de estudantes. Em conjunto com lideranças das universidades, estamos trabalhando para dar visibilidade a essas violências que precisam de respostas ágeis e efetivas do poder público, para a justiça aos casos e a prevenção da violência de gênero e raça”, afirma Nadine Gasman, representante da ONU Mulheres Brasil.
A programação contou com alunas e professores da USP e os diretores da FMUSP (Faculdade de Medicina da USP), entre eles José Otávio Costa Auler Júnior.
Nos últimos dois anos, surgiram no Brasil denúncias contra trotes universitários organizados por estudantes veteranos, que lançam mão de práticas machistas, lesbofóbicas, homofóbicas, transfóbicas e racistas contra calouras e calouros. Ano após ano, esse grupo é submetido a atividades agressivas definidas por veteranos, nas festas das faculdades e dentro das residências estudantis – a maioria deles, homens brancos e de classe média alta.


Entre as atividades propostas na Carta para dar fim a essas práticas violentas estão: a elaboração de uma campanha de mídia e advocacy contra o trote violento, que conscientize universitárias e universitários a respeito da violência de gênero e raça, e a formação de uma rede institucionalizada de apoio, com a implementação de comitês de apuração e ouvidorias.
A mobilização acontece no marco da iniciativa "O Valente não é Violento”, da campanha do secretário-geral da ONU "UNA-SE pelo Fim da Violência contra as Mulheres”, com o intuito de expressar, publicamente, um compromisso institucional em favor de mulheres, trans, lésbicas, gays, negras e negros, que há anos são vítimas da violência nos trotes.
Na recepção da calourada, no primeiro semestre letivo de 2015, serão realizadas aulas públicas sobre o trote violento e a igualdade de gênero e raça, na Faculdade Cásper Líbero (São Paulo), na USP e na Universidade Federal de Goiás, onde alunas e alunos também tomarão contato com o tema por meio de materiais de comunicação, como lambe-lambes e faixas.
As ações também incentivam a denúncia de violências sofridas ou presenciadas por meio do aplicativo Clique 180 (http://clique180.org.br) disponível para download nos sistemas de telefones inteligentes (smartphones) IOS e Android, do portal Minha Voz (www.minhavoz.com) e do mapa Chega de Fiu Fiu (www.chegadefiufiu.com.br), a fim de tornar públicos os casos de violência e fornecer informações como serviços públicos de assistência policial, jurídica e psicológica pós-violência ou de prevenção.

Eliminação da violência de gênero
"O Valente não é Violento” é uma iniciativa da campanha UNA-SE Pelo Fim da Violência Contra as Mulheres, do secretário geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, que conta com o envolvimento de todas as agências da ONU e é coordenada pela ONU Mulheres. No Brasil, a ação conta com o apoio da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR).
Tem com o objetivo estimular a mudança de atitudes e comportamentos machistas, enfatizando a responsabilidade que os homens devem assumir na eliminação da violência contra as mulheres e meninas. Desse modo, a juventude da América Latina e do Caribe poderá ter uma vida livre da violência de gênero.

Leia aqui a íntegra da carta pública pelo Fim do Trote Violente contra Gênero e Raça.

Fonte: Adital

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