Campanha usa a hashtag
#AskHerMore para pedir que jornalistas façam perguntas mais inteligentes às
atrizes: "Não pergunte apenas sobre o vestido. Pergunte sobre a mulher que
está usando [o vestido]"
Nomes como Cate Blanchett,
Julianne Moore e Emma Stone têm se recusado a apenas exibir seu
"visual" e alegam que, enquanto seus colegas homens recebem perguntas
relacionadas a carreiras e papéis nos filmes, para elas sobram questões sobre
vestidos, penteados e dietas.
E uma campanha com o slogan #AskHerMore ("pergunte mais a ela") foi encampada pela comediante Amy Poehler, apresentadora da última edição do Globo de Ouro e estrela do seriado "Parks and Recreation". A campanha foi usada em premiações recentes pelo site "The Daily Share" para estimular perguntas mais inteligentes vindas dos espectadores.
O resultado foram questões como
"qual era seu plano B se fracassasse como atriz?", "qual o
melhor conselho que você recebeu?", "que papel feminino você sonha em
interpretar?", com respostas bem mais interessantes.
O grupo Representation Project,
responsável pelo #AskHerMore, pede que a hashtag seja usada pelo público para
pressionar os entrevistadores do Oscar, alegando que "muitas vezes os
repórteres focam mais na aparência feminina do que em suas conquistas".
'Você faz isso com os homens?'
Um dos momentos mais emblemáticos
dessas críticas ocorreu na temporada de premiações do ano passado, quando Cate
Blanchett (vencedora do Oscar de melhor atriz em 2014) interrompeu uma
entrevista no tapete vermelho no momento em que um cinegrafista a filmava seu
corpo para mostrar seu vestido. "Você faz a mesma coisa com os
homens?", perguntou ela ao cinegrafista, ao vivo.
Este ano, na premiação do SAG
(Screen Actors Guild Awards), diversas atrizes se recusaram a mostrar as mãos
para a chamada chamada "mani-cam" - uma pequena câmera da emissora E!
que servia para as atrizes exibirem suas unhas feitas e os dedos adornados com
anéis de diamantes.
Emma Stone e Jennifer Garner
também já se queixaram de serem questionadas sobre suas rotinas de beleza ou o
típico "como você concilia trabalho e família?", perguntas que nunca
aparecem nas entrevistas com seus respectivos namorados e maridos famosos.
"Ninguém nunca perguntou [a
Ben Affleck] sobre equilíbrio entre trabalho e família. E compartilhamos a
mesma família", alerta Jennifer Garner
"Absolutamente todas as
pessoas que me entrevistaram me perguntaram isso", criticou Garner em um
evento em outubro passado. "Ninguém nunca perguntou (ao marido dela, o
ator e diretor Ben Affleck) sobre equilíbrio entre trabalho e família. E nós
compartilhamos a mesma família. Será que não é hora de mudar essa
conversa?"
Numa tentativa de mostrar a
banalidade de algumas perguntas feitas a mulheres famosas, o site Buzzfeed UK
as fez a atores durante a premiação do Bafta, no início de fevereiro. Astros
como Eddie Redmayne (indicado ao Oscar por A Teoria de Tudo) e Michael Keaton
(Birdman) ficaram desconcertados ao ouvirem "o que você está
vestindo?" ou "você pode dar uma voltinha?".
'Oscar do descontentamento'
Apesar das reações femininas às
perguntas banais, alguns analistas aponta que muitas atrizes costumam se
beneficiar dos elogios nas temporadas de premiações, já que isso geralmente se
traduz em mais contratos publicitários com produtos de beleza ou grifes de
moda. É o que resssaltou, em entrevista ao jornal New York Times, Bronwyn
Cosgrave, autora do livro Made for Each Other: Fashion and the Academy Awards
("Feitas uma para a outra: a moda e a Academia", em tradução livre).
Por outro lado, o sexismo em
Hollywood tende a refletir a objetificação das mulheres e seu julgamento apenas
pela aparência em outras esferas da sociedade.
Além disso, muitas mulheres têm
aproveitado o momento para pedir mais representatividade feminina em papéis de
destaque e mais reconhecimento nas cerimônias de premiação.
A colunista Melissa Silverstein,
da revista "Forbes", já chama a edição deste ano da premiação de
"Oscar do descontentamento" por conta das críticas que as indicações
receberam desde que foram anunciadas em 15 de janeiro.
"Está difícil ficar animada
com o Oscar porque não me sinto representada. Escrevo sobre as mulheres no
mercado cinematográfico há mais de sete anos e, mesmo que já estejamos falando
sobre o número de mulheres diretoras e de mulheres diante das câmeras, essa
temporada de prêmios me lembra o ainda quanto falta para chegarmos lá",
disse.
Esta é a primeira vez desde 2006
que a premiação da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas – cujos
votantes são em sua maioria (77%) homens – não indica mulheres a nenhum dos
grandes prêmios além da categoria de melhor atriz.
Apenas uma das cinco atrizes
indicadas neste ano está em um filme também indicado como melhor filme –
Felicity Jones, que interpreta a primeira esposa de Stephen Hawking no filme
"A Teoria de Tudo".
Todos os outros filmes cujas
atrizes foram indicadas ao principal prêmio contam histórias exclusivamente de
mulheres e receberam elogios da crítica, mas foram deixados de fora da
premiação. É o menor índice desde 2003.
Representatividade
A diminuição da
representatividade das mulheres entre os filmes indicados chama mais atenção ao
considerar que o sucesso midiático da premiação depende cada vez mais de suas
espectadoras. Segundo a empresa de pesquisa Nielsen, cerca de 61% da audiência
televisiva do Oscar 2014, a edição mais vista desde 2000, foi de mulheres.
"Nosso dinheiro é tão verde
quanto (o dos homens) e nós compramos metade dos ingressos (para os filmes).
Mas nossas histórias ainda são irrelevantes nos maiores prêmios", afirma
Melissa Silverstein.
O argumento de Silverstein,
ecoado por outros comentaristas americanos, tanto homens quanto mulheres, cita
exemplos como Livre, filme baseado na biografia de Cheryl Strayed, que fez uma
caminhada de mais de 1.600 km pelos Estados Unidos. O filme recebeu críticas
favoráveis e o chamado "oscar buzz" (expectativa de muitas indicações
ao Oscar), mas foi indicado em apenas duas categorias – melhor atriz e melhor
atriz coadjuvante.
Da mesma forma, Selma, filme
sobre a caminhada intermunicipal pelos direitos civis dos negros liderada por
Martin Luther King Jr., em 1965, recebeu duas indicações, entre elas a de
melhor filme, mas deixou de fora sua diretora, Ava DuVernay.
* Com reportagem de Camilla
Costa, Mariana Della Barba e Paula Adamo Idoeta
Fonte: BBC Brasil
Patricia Arquette faz discurso feminista poderoso
Patricia Arquette recebeu o Óscar de Melhor Atriz
Secundária, depois de ter ganho vários prémios ao longo das últimas semanas e
fez um discurso que surpreendeu e arrebatou a audiência.
Após um início tradicional, onde destacou o trabalho das
outras nomeadas, que eram Meryl Streep, Emma Stone, Laura Dern, e Keira
Knightley, agradedeu à família e a todos os envolvidos atrás e à frente das
câmaras de «Boyhood - Momentos de uma Vida», e à organização Givelove.org, que
leva o saneamento ecológico a países em desenvolvimento, a atriz avançou por
algo completamente diferente:
«Para cada mulher que deu à luz, para cada contribuinte e
cidadã desta nação, temos lutado pela igualdade de direitos de todos, é a nossa
vez de ter salários iguais de uma vez por todas, e igualdade de direitos para
as mulheres nos Estados Unidos da América»
Na audiência, Meryl Streep, Jennifer Lopez e Shirley
MacLaine foram as imagens visíveis do entusiasmo que tomou conta da audiência
do Dolby Theather enquanto Patricia Arquette saia de palco.
Nenhum comentário:
Postar um comentário