Marcas tentam se distanciar da
erotização e apostam em carnaval de rua. Maior cerco vem das redes sociais;
Ambev recolheu campanha da Skol após protestos de duas internautas.
“Eventuais apelos à sensualidade
não constituirão o principal conteúdo da mensagem; modelos publicitários jamais
serão tratados como objeto sexual.”
Quase oito anos após o Conar
(Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) apertar o cerco contra
a erotização da mulher na publicidade de bebida, muita coisa mudou.
Neste verão não tem Sandy nem
Paris Hilton. Entre as loiras que estão à frente dos comerciais está a
improvável Ana Maria Braga, 65, fazendo campanha para a Proibida, que recorreu
à velha fórmula das celebridades para gerar reconhecimento.
“A propaganda de cerveja hoje é
muito menos sexista e machista do que já foi. E aos poucos vamos amadurecendo”,
diz o criativo Flavio Casarotti, hoje sócio da Menta e que durante anos esteve
à frente dos comerciais de Kaiser e Heineken (na agência Fischer) e de Itaipava
(Y&R).
Neste Carnaval, o mote é a festa
do interior, o carnaval de rua. Até o tradicional camarote da Brahma na
Sapucaí, famoso pela quantidade de celebridades, neste ano virou da Antarctica
e focou em celebridades não midiáticas, como o garçom do boteco, a tia Leia da
feijoada e o artista do morro.
“Há uma enorme evolução e a gente
vem notadamente mudando esse jogo”, afirma Alexandre Loures, diretor de
comunicação da Ambev.
Porém, a velha associação entre
cerveja e mulher gostosa de biquíni, ainda que dentro das regras do Conar,
sobrevive: está, por exemplo, na série de comerciais da Itaipava (cervejaria
Petrópolis), com a bailarina do Faustão Aline Riscado no papel de Verão.
Um dos comerciais, exibido só na
internet e que mostra um rapaz supostamente tendo uma ereção ao enxergar Verão
no mar, está sendo analisado pelo Conar.
REDES SOCIAIS
O maior cerco hoje vem das redes
sociais. Semana passada, a Ambev recolheu uma campanha da Skol após protestos
de duas internautas que se espalhou na web, sob acusação de fomentar a
violência contra a mulher. O cartaz, veiculado em pontos de ônibus, trazia a
frase “Esqueci o ‘não’ em casa”.
“O público mudou, e as marcas
ainda estão um pouco atrasadas”, diz Fábio Mariano, professor de comportamento
do consumidor da ESPM. Segundo ele, quem não entendeu que a frase geraria
polêmica não entrou no “modelo mental do século 21″.
“Este é o século da precisão. Não
há espaço para ambiguidade e não importa se a piada é boa. A nova geração é
mais crítica e demanda das marcas cuidado com temas sensíveis”, afirma.
Após ficarem famosas pela crítica
à campanha da Skol, a publicitária Pri Ferrari e a jornalista Mila Alves
decidiram lançar o vídeo-blog “Tinha que Ser Mulher”, para combater
estereótipos machistas. “O politicamente correto não é coisa chata.
Simplesmente não pode fazer piada com minorias e parte da sociedade que ainda
são reprimidas”, diz Ferrari, 25.
Fonte: Folha de S. Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário