“Putafobia” é um termo recente,
que não está no dicionário, mas quer dizer discriminação e violência contra
garotas de programa. A palavra foi usada pela presidente da Associação das
Prostitutas de Minas Gerais (Aprosmig), Cida Vieira, nesta quinta-feira, Dia
Internacional das Prostitutas, quando questionada sobre os principais problemas
enfrentados pelas profissionais do sexo.
“Hoje, a Aprosmig puxa a questão
da putafobia, que é a violência gerada contra os profissionais do sexo no
exercício da profissão”, afirma Cida. Segundo ela, o estado, responsável pela
segurança pública, não possui estatísticas sobre as agressões físicas e
psicológicas contra as prostitutas.
“Não se discute políticas
públicas e nem combate à violência contra as prostitutas. Há estatísticas para
violência contra negros, índios, homossexuais e outros grupos, exceto para
mulheres que exercem trabalho sexual”, critica Cida, que está à frente da
associação fundada em 2009, na Rua dos Guaicurus, no Centro de Belo Horizonte,
via tradicionalmente conhecida pelas casas de prostituição.
Segundo a Aprosmig, somente na
Guaicurus há aproximadamente 4 mil prostitutas. O número total em Belo
Horizonte está entre 75 e 80 mil, enquanto no estado é de cerca de meio milhão.
“Não há políticas públicas que ampare esses profissionais em geral. Em nível
estadual, há mais de 500 mil garotas. É um número enorme para não ter visibilidade
em questão de direitos”, destaca.
Para Cida, o olhar da sociedade
para com a prostituta ainda é de preconceito, o que, para ela, deve ser
resolvido com diálogo. “O tabu realmente existe. Antigamente ser garota de
programa era uma última alternativa. Hoje em dia é o contrário, elas se formam,
tem universitárias”, diz.
Além da luta contra a putafobia,
outro ponto requerido pela associação é a ampliação dos direitos trabalhistas.
Cida pondera que houve avanço da questão no país com a inclusão da prostituição
no Código Brasileiro de Ocupação, o que tirou as profissionais da
clandestinidade. “Antes era mais complicado. A polícia chegava e prendia. Agora
ficou mais tranquilo”.
Ela ressalta, porém, que a
regulamentação da atividade é necessária, como em qualquer outra profissão.
“Ter o direito à aposentadoria e férias, embora sejamos autônomas. A gente vive
do trabalho, mantém família, aluguel, estudos... A maioria é casada, têm
filhos”, argumenta.
Associação
De acordo com Cida, o objetivo da
Aprosmig é lutar pela saúde das profissionais (com orientação de prevenção de
doenças sexuais e gravidez), cidadania e direitos humanos. A associação
oferece, junto com parceiros, apoio jurídico e psicológico às garotas de
programa. Ela ressalta que a instituição não tem o objetivo de incentivar a
prostituição, mas a de defender as profissionais do sexo.
Em comemoração ao Dia
Internacional da Prostituta, será realizado um seminário às garotas de programa
na sede da associação. Chegou-se a pensar em um evento maior, mas a ideia
esbarrou nas despesas que não conseguiriam ser pagas pela Aprosmig, segundo
Cida.
Mas para o dia 17 de julho, a
associação pretende colocar na rua um trio elétrico durante a Parada Gay em
Belo Horizonte. “A gente está tentando angariar custos de 12 mil para alugar o
trio e alertar para a putafobia”, explica.
Fonte: Rádio Itatiaia
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