quinta-feira, 2 de junho de 2016

No Dia da Prostituta, presidente de associação em Minas chama atenção para a putafobia

“Putafobia” é um termo recente, que não está no dicionário, mas quer dizer discriminação e violência contra garotas de programa. A palavra foi usada pela presidente da Associação das Prostitutas de Minas Gerais (Aprosmig), Cida Vieira, nesta quinta-feira, Dia Internacional das Prostitutas, quando questionada sobre os principais problemas enfrentados pelas profissionais do sexo.


“Hoje, a Aprosmig puxa a questão da putafobia, que é a violência gerada contra os profissionais do sexo no exercício da profissão”, afirma Cida. Segundo ela, o estado, responsável pela segurança pública, não possui estatísticas sobre as agressões físicas e psicológicas contra as prostitutas.

“Não se discute políticas públicas e nem combate à violência contra as prostitutas. Há estatísticas para violência contra negros, índios, homossexuais e outros grupos, exceto para mulheres que exercem trabalho sexual”, critica Cida, que está à frente da associação fundada em 2009, na Rua dos Guaicurus, no Centro de Belo Horizonte, via tradicionalmente conhecida pelas casas de prostituição.

Segundo a Aprosmig, somente na Guaicurus há aproximadamente 4 mil prostitutas. O número total em Belo Horizonte está entre 75 e 80 mil, enquanto no estado é de cerca de meio milhão. “Não há políticas públicas que ampare esses profissionais em geral. Em nível estadual, há mais de 500 mil garotas. É um número enorme para não ter visibilidade em questão de direitos”, destaca.

Para Cida, o olhar da sociedade para com a prostituta ainda é de preconceito, o que, para ela, deve ser resolvido com diálogo. “O tabu realmente existe. Antigamente ser garota de programa era uma última alternativa. Hoje em dia é o contrário, elas se formam, tem universitárias”, diz.

Além da luta contra a putafobia, outro ponto requerido pela associação é a ampliação dos direitos trabalhistas. Cida pondera que houve avanço da questão no país com a inclusão da prostituição no Código Brasileiro de Ocupação, o que tirou as profissionais da clandestinidade. “Antes era mais complicado. A polícia chegava e prendia. Agora ficou mais tranquilo”.

Ela ressalta, porém, que a regulamentação da atividade é necessária, como em qualquer outra profissão. “Ter o direito à aposentadoria e férias, embora sejamos autônomas. A gente vive do trabalho, mantém família, aluguel, estudos... A maioria é casada, têm filhos”, argumenta.

Associação

De acordo com Cida, o objetivo da Aprosmig é lutar pela saúde das profissionais (com orientação de prevenção de doenças sexuais e gravidez), cidadania e direitos humanos. A associação oferece, junto com parceiros, apoio jurídico e psicológico às garotas de programa. Ela ressalta que a instituição não tem o objetivo de incentivar a prostituição, mas a de defender as profissionais do sexo.

Em comemoração ao Dia Internacional da Prostituta, será realizado um seminário às garotas de programa na sede da associação. Chegou-se a pensar em um evento maior, mas a ideia esbarrou nas despesas que não conseguiriam ser pagas pela Aprosmig, segundo Cida.

Mas para o dia 17 de julho, a associação pretende colocar na rua um trio elétrico durante a Parada Gay em Belo Horizonte. “A gente está tentando angariar custos de 12 mil para alugar o trio e alertar para a putafobia”, explica.

Fonte: Rádio Itatiaia

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