A concentração começou por volta
das 17h30 no quarteirão fechado da Rua Rio de Janeiro, no Centro da capital. As
manifestantes fecharam o trânsito da Avenida Afonso Pena, sentido Mangabeiras
Centenas de mulheres se manifestaram nesta
quarta-feira no Centro de Belo Horizonte contra a cultura do estupro. A
concentração começou por volta das 17h30 e elas seguiram em caminhada, atrás de
um carro de som, até a Praça da Liberdade, no Bairro Lourdes, Região
Centro-Sul. Manifestações ocorreram em todo o Brasil, convocadas em protesto
contra o estupro coletivo de uma adolescente de 16 anos no Rio de Janeiro.
"A violência contra as
mulheres está na cultura, nos hábitos do dia a dia que todo mundo tem como
comuns, como gracinhas, piadas e até elogios, entre aspas", disse a
manifestante Maria de Loures da Costa.
O protesto de BH teve apoio de
muitas mulheres jovens, adolescentes que saíram da escola e foram direto para a
Praça Sete. Dezenas de homens também participaram. "A diferença do teu
corpo e do meu: No teu corpo mandas tu. No meu corpo mando eu", dizia um
cartaz.
A estudante e dançarina K.M., de
15 anos, foi para o protesto sem a blusa, com adesivos contra o atual governo
cobrindo os seios, e escreveu a seguinte frase no corpo: "Não mereço ser
estuprada". Na data do estupro coletivo no Rio, ela conta que estava
naquela cidade com seu grupo de dança e tinha saído para se divertir à noite. O
professor do dela, preocupado, foi atrás. “No dia seguinte, ele leu sobre a
reportagem do estupro e me deu a maior bronca. Disse que poderia ter sido
comigo", conta a jovem.
A marcha contra a cultura do
estupro teve apoio de movimentos sociais. Tina Martins, da Ocupação Olga
Benário, defendeu a criação de uma delegacia de crimes contra a mulher de
plantão 24 horas em BH. As mulheres fizeram uma contagem regressiva, começando
do 33, número de participantes no estupro coletivo no Rio, segundo a denúncia.
A assistente social Nayara
Veloso, de 26, participou do ato com a roupa rasgada, representando as vítimas
de violência sexual. "O que acho mais interessante é se expõe a vida
pregressa da vítima quando deveriam investigar os agressores. Isso é uma forma
de deslegitimar o relato da vítima. Nada justifica o estupro", desabafou a
assistente social. "São 11 estupros por minuto no Brasil. 80% do sexo
feminino. Dessas, 72,5% são crianças e adolescentes", dizia o cartaz
carregado por Nayara. A arquiteta Carina Guedes, de 31, levou a filha de apenas
três meses para o ato. "É importante ela saber desde cedo que a gente tem
que lutar para conseguir as coisas", disse a mãe.
Mulheres de Ribeirão das Neves,
na Grande BH, marcaram presença no ato e reclamaram no carro de som dos vários
casos de estupro na cidade, segundo elas. A presença das cantoras Aline Calixto
e Titane no protesto também foi anunciada pelo carro.
O protesto, que fechou o trânsito
na Avenida Afonso Pena, sentido Mangabeiras, passou pela Rua Guajajaras e subiu
a Avenida João Pinheiro, sentido Praça da Liberdade. O ato, pacífico, foi
acompanhado pela PM, que estimou a presença de 300 participantes. Os
organizadores disseram haver 3 mil pessoas no protesto.
Fonte: Estado de Minas
Nenhum comentário:
Postar um comentário