A crise atual da Igreja, os seus
medos e a sua falta de vigor espiritual têm a sua origem a um nível profundo.
Com frequência, a ideia da ressurreição de Jesus e da sua presença no meio de
nós é mais uma doutrina pensada e predicada, que uma experiência vivida.
A leitura que a Igreja propõe
neste domingo é o Evangelho de João capítulo 20, 19-31, que corresponde ao
Segundo Domingo da Páscoa ciclo B do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio
Pagola comenta o texto.
O relato de João não pode ser
mais sugestivo e interpelador. Só quando vem a Jesus ressuscitado no meio
deles, o grupo de discípulos se transforma. Recuperam a paz, desaparecem os
seus medos, enchem-se de uma alegria desconhecida, sentem o alento de Jesus
sobre eles e abrem as portas, porque se sentem enviados a viver a mesma missão
que Ele havia recebido do Pai.
A crise atual da Igreja, os seus
medos e a sua falta de vigor espiritual têm a sua origem a um nível profundo.
Com frequência, a ideia da ressurreição de Jesus e da sua presença no meio de
nós é mais uma doutrina pensada e predicada, que uma experiência vivida.
Cristo ressuscitado está no
centro da Igreja, mas a sua presença viva não está arraigada em nós, não está
incorporada na substância das nossas comunidades, não nutre habitualmente os
nossos projetos. Após vinte séculos de cristianismo, Jesus não é conhecido nem
compreendido na Sua originalidade. Não é amado nem seguido como foi pelos Seus
discípulos e discípulas.
Nota-se de seguida quando um
grupo ou uma comunidade cristã se sente como habitada por essa presença
invisível, mas real e ativa de Cristo ressuscitado. Não se contentam em seguir
rotineiramente as diretrizes que regulam a vida eclesial. Possuem uma sensibilidade
especial para escutar, buscar, recordar e aplicar o Evangelho de Jesus. São os
espaços mais sãos e vivos da Igreja.
Nada nem ninguém nos podem
aportar hoje a força, a alegria e a criatividade que necessitamos para
enfrentarmos uma crise sem precedentes, como pode fazê-lo a presença viva de
Cristo ressuscitado. Privados do Seu vigor espiritual, nós não sairemos da
nossa passividade quase inata, continuaremos com as portas fechadas ao mundo
moderno, seguiremos fazendo “o mandado”, sem alegria nem convicção. Onde
encontraremos a força que necessitamos para recriar e reformar a Igreja?
Fonte: Ihu
Nenhum comentário:
Postar um comentário