quarta-feira, 15 de abril de 2015

Meninas são vítimas de exploração sexual por paramilitares colombianos

Meninas de 11 anos são cooptadas por grupos paramilitares, sequestradas, traficadas e abusadas sexualmente.
Organizações de direitos humanos acusam grupos paramilitares da Colômbia de traficarem e explorarem sexualmente crianças e adolescentes. 

A sociedade civil pede medidas efetivas do Estado no combate a essa ameaça contra a infância. O grupo narco "Clã Úsuga” (antigo Urabeños), sob o comando de Dairo Antonio Úsuga David (Otoniel), seria o principal captador de meninas.
Segundo a delegada para a Infância e Adolescência da Defensora Pública da Colômbia, María Cristina Hurtado, em entrevista à revista Semana, "constata-se, como muita dor, que meninas entre 11, 12 e 13 anos são sequestradas por parte de grupos armados, com fins de exploração sexual. Estão sujeitas a diferentes tipos de violação a sua integridade e a sua dignidade sexual, que vão desde acesso carnal, abuso sexual, aborto forçado, gravidez forçada e contágio e infecções por transmissão sexual”.

As meninas são provenientes de famílias de camponeses, que vivem em extrema pobreza nas zonas rurais dos municípios de Urabá antioquenho (região costeira de Antioquia) e chocoano (Departamento de Chocó). Os grupos se aproveitariam das necessidades econômicas dos camponeses, pressionando pela entrega das meninas. Não ceder à pressão é uma sentença de morte.
Para María Cristina, "os delitos sexuais podem ser levados à Corte Internacional porque são crimes de guerra, que se agravam mais quando recaem sobre meninas menores de 14 anos.À luz dos direitos humanos, uma menina de 11, 12 anos ao pedir para ter relações sexuais, jamais se entenderá que sua vontade legitima o delito sexual”.
Grupos do narcotráfico têm migrado sua atuação para o tráfico de pessoas, tendo em vista a lucratividade do "negócio”. São redes organizadas nas mesmas rotas do tráfico de drogas, atuando em 168 municípios colombianos. A Defensoria Pública denomina-os de grupos "pós-desmobilizados”.
Otoniel é o chefe do temido grupo criminoso Clã Úsuga, a maior e mais estruturada organização paramilitar da Colômbia na atualidade, com cerca de 2.300 integrantes. O Clã é acusado por narcotráfico internacional, cujas operações se estenderiam ao Brasil, Argentina, Peru, Espanha e Honduras. Atividades ilícitas como extorsão, mineração ilegal, deslocamento forçado, homicídio e porte de armas também estariam vinculadas ao grupo, que é parte dos grupos criminosos emergentes (Bacrim).
O governo colombiano já anunciou a recompensa de $ 1.5 milhão de pesos por informações que permitam a captura de Otoniel e de outros cabeças da organização. Os Estados Unidos propõem o valor de US$ 5 milhões como recompensa. Mais de 1.200 membros de grupos de elite estão envolvidos na captura de Otoniel. Número superior à operação de buscas pelo narcotraficante colombiano Pablo Escobar, que dispunha, à época, na década de 1980, de 500 homens.
Os paramilitares vivem pressionando e impondo seu controle econômico, social e político na região sul do Departamento de Bolívar: em Ventura, Dos Bocas, Quebrada del Medio, Malena, Río Nuevo, Caño Guacamayo, na aldeia Tigre y Coco (Município de Tiquisio - Sul de Bolivar). Da mesma forma, no município de Monte Cristo e Pueblito Mejía, controlam a economia e cobram impostos dos pequenos comerciantes, criadores de gado, pescadores, garimpeiros, madeireiros, transportadores e agricultores. De acordo com relatos, o grupo realiza o cultivo ilícito de coca para o narcotráfico que controla. A partir dos acampamentos de Río Nuevo convocam as comunidades do setor de mineração de Mina Seca, Casa de Barro, Las Nieves, Mina Brisa e Buena Seña, para as extorquirem de acordo com atividade desenvolvida por cada pessoa.
A estratégia paramilitar segue ativa na Colômbia. Uma alta taxa de crimes sexuais permanece impune. As organizações de direitos humanos chamam à responsabilidade o governo colombiano e questionam como se deve evitar que crianças e adolescentes sejam um número crescente de vítimas.

Confira o vídeo em espanhol, da Revista Semana - "As escravas sexuais de Otoniel”:


Fonte: Adital

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