Religiosas durante o Congresso, em Aparecida, fazem
assinatura pela Reforma Política
Cerca de 2.100 religiosos
reunidos no Congresso da Vida Consagrada, que aconteceu de 07 a 10 de abril
próximo passado, fizeram adesão pelo Projeto de Lei de iniciativa popular, que
pede Reforma Política Democrática e Eleições Limpas sem o financiamento de empresas.
Mais de mil assinaturas foram
recolhidas durante o evento, isso porque, de acordo com a coordenação, parte
dos congressistas já haviam participado da coleta nas respectivas comunidades.
“Como religiosas devemos estar
atentas a essa iniciativa porque constituímos também, os cidadãos da sociedade
e é um dever nosso participar para o bem do próprio povo de Deus. Vejo a
Campanha como um grande passo que a sociedade está dando e essa adesão maciça
das Congregações mostra que os
Consagrados querem ser uma presença significativa no meio social”, disse uma
religiosa que acabara de fazer a sua
assinatura.
Para o coordenador da Conferência
dos Religiosos do Brasil da Regional da Brasília, o religioso marista, Irmão
José Wagner da Cruz, a adesão dos Religiosos à Campanha é um grande passo para
o posicionamento da democracia do nosso país num outro patamar. “Os empresários
brasileiros dão as contribuições para financiar as campanhas e depois aguardam
as benesses de cada realidade nos governos”, disse.
O Religioso afirmou, ainda,
que essa adesão dos religiosos a
Campanha é uma resposta ao Papa Francisco. “Isto quer dizer, uma Igreja de
saída que tem gestos de saída e alguém que como cidadão se compromete em
colaborar para ser um entre aquele um milhão e quinhentas mil assinaturas das
quais necessitamos".
Cruz vê esta ação dos Religiosos
como uma atitude profética, evangélica porque, segundo ele, melhorando a gestão
do recurso público, mais garantia de vida se tem nas diversas realidades do
povo brasileiro. “É o que o Evangelho pede, é o que Francisco tem nos
interpelado e é o que a identidade da nossa consagração quer com a profecia e
com a mística, hoje. Gesto bonito que tem tudo a ver com a Campanha da
Fraternidade que nos move a serviço e acredito quanto mais cidadão formos
exigindo vida para todos, mais consagrados nós seremos”, atestou.
O
coordenador da Conferência dos Religiosos da Regional de São Paulo e
missionário da Congregação dos Oblatos de Maria Imaculada, padre Rubens Pedro
Cabral, participou da coleta de assinaturas durante o Congresso e afirmou que o
fato de ter assinado, “representa a contribuição eclesial a este universo que
precisa realmente encontrar novos caminhos por causa da situação política que
se vive hoje’. “A minha assinatura, acrescentou, representa uma aceitação de
tudo aquilo que a Igreja está propondo e ao mesmo tempo uma rejeição a outros
projetos que não favorecem a vida e a dignidade da pessoa”.
Religiosas e Religiosas enviam
nota ao Governo Brasileiro e à Sociedade
Os religiosos e religiosas
redigiram uma nota a ser enviada ao Congresso e divulgada para a toda a
sociedade, sobre a atual conjuntura política nacional. Temas em discussão no
Congresso como a redução da maioridade penal e o não reconhecimento dos
problemas socioeconômicos e políticos que dizimam populações indígenas e
quilombolas, foram repudiados pelos Consagrados/as. “Assumimos o projeto de Lei
de Iniciativa Popular, obra da coalizão pela Reforma Política Democrática e
Eleições Limpas. Nos Religiosas durante o Congresso fazem assinatura pela
Reforma Politica posicionamos contra a redução da maioridade penal, o não
reconhecimento das causas indígenas e dos quilombolas, e refutamos todas as
atitudes que ferem a democracia e a legitimidade das eleições”, diz trecho da
carta.
Os religiosos chamaram de
práticas repressoras “a iminência de aprovação da redução da maioridade penal,
a perda de conquistas trabalhistas, a lentidão da nossa justiça, a corrupção e,
por vezes, a manipulação midiática que
distorce os fatos e imprime uma abordagem parcial dos mesmos”.
Petrobrás, medidas de ajuste
fiscal adotadas pelo Governo, o aumento da inflação, o aumento abusivo dos
preços de determinados serviços, a crise na relação entre os três Poderes da
República, foram temas destacados na nota.
Leia a íntegra da mensagem.
CONGRESSO NACIONAL DA VIDA
CONSAGRADA
NOTA SOBRE A SITUAÇÃO DO PAÍS
A Conferência dos Religiosos do
Brasil, por ocasião do Congresso Nacional para a Vida Consagrada, realizado nos dias 07 a 10
de abril de 2015, em Aparecida, São Paulo, com a presença de mais de dois mil
Religiosos e Religiosas de muitas Congregações e Institutos de Vida Consagrada,
Sociedade de Vida Apostólica e Institutos Seculares, de todo o Brasil,
refletiu, entre outros assuntos, sobre o
complexo e difícil momento pelo qual passa o País, sobretudo no que se refere à
ameaça aos avanços sociais e aos processos democráticos, que consolidamos
nos últimos anos, bem como sobre as
dificuldades econômicas que assolam nossa população.
Refletindo sobre a identidade e
profecia, constatou-se a urgência de uma reação pacífica, mas contundente,
contra as práticas repressoras em curso: a iminência de aprovação da redução da
maioridade penal, a perda de conquistas trabalhistas, a lentidão da nossa
justiça, a corrupção e, por vezes, a manipulação midiática que distorce os fatos e imprime uma abordagem
parcial dos mesmos.
É legítimo o clima de insatisfação
popular frente ao “escândalo da corrupção na Petrobrás, as recentes medidas de
ajuste fiscal adotadas pelo Governo, o aumento da inflação, o aumento abusivo
dos preços de determinados serviços, a crise na relação entre os três Poderes
da República”. No entanto nada legitima um “golpe na democracia”, pois o Estado
Democrático de Direito foi conquistado com muita luta, sofrimento e martírio em tempos não muito
remotos.
As manifestações de rua, ainda que legítimas, correm o perigo de
servirem aos interesses privados de
grupos fechados ao bem da população, em particular dos mais pobres.
Conscientes de que o que está em jogo
é um conflito de projetos de sociedade,
nossa missão profética coloca-nos sempre ao lado dos que mais sofrem, com uma
postura ética, pautada na justiça e defesa dos direitos. Por isso, nos posicionamos
contra toda forma de dominação, interesses, iniciativas e processos que
violentem ou abortem as conquistas que potencializam a inclusão dos mais
pobres. Assumimos o projeto de Lei de Iniciativa Popular obra da coalizão pela
Reforma Política Democrática e Eleições Limpas. Nos posicionamos contra a
redução da maioridade penal, o não reconhecimento das causas indígenas e dos
quilombolas, e refutamos todas as atitudes que ferem a democracia e a
legitimidade das eleições.
Convocamos a todas e todos para que se
mantenham firmes neste caminho, com uma postura crítica e lúcida neste momento
histórico, discernindo com solicitude o que apoiar, exercendo uma cidadania ativa voltada para o fortalecimento
das causas da justiça e da paz.
Que nossa Senhora Aparecida, nos ilumine
e conduza sempre nos caminhos da justiça e profecia.
Aparecida, 10 de abril de 2015.

IR. MARIA INÊS VIEIRA RIBEIRO, mad
Presidente da CRB Nacional
Pelos Consagrados e Consagradas presentes no Congresso Nacional
Fonte: CRB
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