sábado, 18 de abril de 2015

Mulheres encaram desafios da maternidade aos 50 anos

Cada vez mais, mulheres chegam aos 50 com filhos pequenos. Número de grávidas entre os 40 e os 44 anos aumentou 18% nos últimos dez anos.


O amor de mãe se manifesta de muitas formas. No segundo episódio de ‘Mulher 5.0’, Ana Furtado acompanha histórias de mulheres que lutam e lutaram para viver a experiência da maternidade.
Filho é um presente que não tem hora para chegar. Aos 50, tem mãe com filho adulto e mãe novata nesse papel. Esse amor sem limite é o tema deste episódio de ‘Mulher 5.0’.
O Fantástico conversou com duas mulheres que em 2015 estão dando boas-vindas aos 50 anos: a atriz Betty Gofman e a empresária Andréa Murgel.
A Betty Gofman começou a fazer sucesso na TV muito cedo. Com a carreira a mil, a decisão de ser mãe foi sendo adiada. Aos 45, Betty engravidou das gêmeas Alice e Helena, hoje com 4 anos.
“As pessoas começaram a me parar na rua para falar que eu era inspiração. Várias mulheres: ‘Você é minha inspiração, você teve filho com 45’. Para mim, caiu a ficha da minha idade quando começaram a falar isso, porque eu não me sentia uma pessoa tendo filho em um momento da vida, já tão... Eu me sinto com 30 anos, entendeu?”, ela conta.
Betty teve que fazer tratamento para engravidar. “Eu achava que ia ser mais fácil do que foi, porque eu me cuido muito. Então eu levei um susto quando demorou. Eu demorei cinco anos tentando engravidar”, diz a atriz.
“Uma mulher depois dos 40, tem 5% de chances de engravidar. Na fertilização in vitro, ela vai de 5% para uns 20%. Ou seja, aumenta quatro vezes mais”, explica João Ricardo Auler, obstetra especialista em medicina reprodutiva.
A Betty fez várias tentativas de fertilização in vitro, ou seja, fora do útero, até dar certo. Ela conta que chegou a pensar em desistir.
“No final. Na última, eram os últimos três embriões. Eu falei para o meu marido: ‘não quero mais’. Porque eu fazia o tratamento muito na boa. Na hora que vinha uma resposta negativa, meu mundo desabava. Aí acho que foi a hora que eu relaxei e falei: ‘não vou ficar mesmo, mas tudo bem’. Coloquei os três e aí vieram duas meninas”, ela conta.
Já a empresária Andréa Murgel não consegue se imaginar mãe aos 50 anos de duas crianças de 4.
“Não pela idade, mas porque eu comecei cedo com meus filhos. Eu tive Carol com 24 e Dudu com 26. Eu acho que hoje a gente tem mais recurso. A ciência cada vez mais vai avançando”, ela relata.
Graças à medicina, cada vez mais mulheres chegam aos 50 com filhos pequenos. O número de grávidas entre os 40 e os 44 anos aumentou 18% nos últimos 10 anos.
A designer Lilian Gouvêa também optou pela fertilização in vitro e teve Rafael aos 46. “Aos 50, você já fez tanta coisa, já foi a festa, já viajou, você abre mão de tudo numa boa. É outra vida”, ela diz.
Ela fez a chamada produção independente e cria Rafael sozinha.
“As pessoas ficam: ‘nossa, você é muito guerreira, te admiro muito, cuidar de uma criança sozinha’. Às vezes eu sinto falta, quando ele está doente. Aí eu chamo a minha mãe, minha mãe me salva”, ela conta.
E um menino de 4 anos dá um trabalhão. “Eu sempre fiz exercício. Na gravidez, eu fiz questão de continuar fazendo exercício. Aí eu estou no chão brincando com ele e digo: ‘tem muita mãe de 20, 30, que não faz isso não’. Tem que ter pique”, brinca Lilian.
Vale lembrar que há dois anos o Conselho Federal de Medicina publicou uma resolução recomendando a idade limite de 50 anos para tratamentos de gravidez.
“Exatamente por causa dos riscos clínicos que essa mulher poderia ter, principalmente diabetes e pressão alta”, explica o obstetra João Ricardo Auler.
Mas, às vezes, a maternidade não vem com uma gravidez. Vitória apareceu na vida da comerciante Eliane Figueiredo quando já tinha duas semanas de vida.
“Foi amor à primeira vista. Aquele negócio de bater e amar”, conta Eliane.
A mãe biológica não tinha condições de criar Vitória. “Meu marido resolveu: ‘vamos parar com essa história, está na hora da gente assumir a Vitória para sempre’. Aí entramos com um pedido de guarda, e um ano depois entramos com a adoção. E hoje está aí, ela é o amor da nossa vida e está dando muita alegria para a gente”, conta Eliane.
Quando adotou Vitória, Eliane já tinha três filhas. Hoje a netinha Izabela completa a família. E mora todo mundo junto.
“Minha vida é loucura! Eu trabalho em casa, trabalho na rua, levo para a escola. Quando eu acabo de fazer comida, a casa está de pernas para o ar. Tem hora que o cansaço bate, mas vale a pena. Vale muito a pena”, ela avalia.
E quando a gente menos espera, os filhos crescem. A filha mais velha de Andréa Murgel, a Carol, vai se casar em outubro. É um momento de grande felicidade, depois de dois anos difíceis. Em 2013, o caçula de Andréa, Eduardo, morreu aos 21 anos, em um acidente com um bote inflável.
“A gente não conhece nada, a gente não sabe nada. É uma coisa assim inenarrável. Tem uma hora que quando você está nessa experiência, você fala assim: ‘bom, ou eu vou morrer de verdade, ou eu vou ficar na linha do meio, ou eu vou viver’. E eu escolhi viver”, ela destaca.
Andréa criou um blog para dar apoio a mães que perderam filhos. Os textos viraram um livro.
“É uma assistência à pessoa que está ali em uma dor que os maridos, os filhos, os amigos, que são maravilhosos, nunca vão conseguir aplacar. Se você aceita isso, é a hora que você se liberta. Você precisa se libertar, senão você fica igual uma raiz de árvore, não vai sair daquele lugar nunca. E eu não quero isso. Eu prometi para o Dudu que, enquanto eu viver, eu vou viver de verdade”, ela diz.
“Eu olho para ela e vem uma admiração enorme, porque é uma força de vida muito bonita”, avalia Betty. “Eu acho que é uma força divina”, completa Andréa.
A Andréa agora anda às voltas com os preparativos para o casamento da Carol. “E agora é a realização da minha filha que vai se casar. Vai ter a vida dela, os filhos dela”, ela se emociona.

Fonte; Globo

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