Cada vez mais, mulheres chegam
aos 50 com filhos pequenos. Número de grávidas entre os 40 e os 44 anos
aumentou 18% nos últimos dez anos.
O amor de mãe se manifesta de
muitas formas. No segundo episódio de ‘Mulher 5.0’, Ana Furtado acompanha
histórias de mulheres que lutam e lutaram para viver a experiência da
maternidade.
Filho é um presente que não tem
hora para chegar. Aos 50, tem mãe com filho adulto e mãe novata nesse papel.
Esse amor sem limite é o tema deste episódio de ‘Mulher 5.0’.
O Fantástico conversou com duas
mulheres que em 2015 estão dando boas-vindas aos 50 anos: a atriz Betty Gofman
e a empresária Andréa Murgel.
A Betty Gofman começou a fazer
sucesso na TV muito cedo. Com a carreira a mil, a decisão de ser mãe foi sendo
adiada. Aos 45, Betty engravidou das gêmeas Alice e Helena, hoje com 4 anos.
“As pessoas começaram a me parar
na rua para falar que eu era inspiração. Várias mulheres: ‘Você é minha
inspiração, você teve filho com 45’. Para mim, caiu a ficha da minha idade
quando começaram a falar isso, porque eu não me sentia uma pessoa tendo filho
em um momento da vida, já tão... Eu me sinto com 30 anos, entendeu?”, ela
conta.
Betty teve que fazer tratamento
para engravidar. “Eu achava que ia ser mais fácil do que foi, porque eu me
cuido muito. Então eu levei um susto quando demorou. Eu demorei cinco anos tentando
engravidar”, diz a atriz.
“Uma mulher depois dos 40, tem 5%
de chances de engravidar. Na fertilização in vitro, ela vai de 5% para uns 20%.
Ou seja, aumenta quatro vezes mais”, explica João Ricardo Auler, obstetra
especialista em medicina reprodutiva.
A Betty fez várias tentativas de
fertilização in vitro, ou seja, fora do útero, até dar certo. Ela conta que
chegou a pensar em desistir.
“No final. Na última, eram os
últimos três embriões. Eu falei para o meu marido: ‘não quero mais’. Porque eu
fazia o tratamento muito na boa. Na hora que vinha uma resposta negativa, meu
mundo desabava. Aí acho que foi a hora que eu relaxei e falei: ‘não vou ficar
mesmo, mas tudo bem’. Coloquei os três e aí vieram duas meninas”, ela conta.
Já a empresária Andréa Murgel não
consegue se imaginar mãe aos 50 anos de duas crianças de 4.
“Não pela idade, mas porque eu
comecei cedo com meus filhos. Eu tive Carol com 24 e Dudu com 26. Eu acho que
hoje a gente tem mais recurso. A ciência cada vez mais vai avançando”, ela
relata.
Graças à medicina, cada vez mais
mulheres chegam aos 50 com filhos pequenos. O número de grávidas entre os 40 e
os 44 anos aumentou 18% nos últimos 10 anos.
A designer Lilian Gouvêa também
optou pela fertilização in vitro e teve Rafael aos 46. “Aos 50, você já fez
tanta coisa, já foi a festa, já viajou, você abre mão de tudo numa boa. É outra
vida”, ela diz.
Ela fez a chamada produção
independente e cria Rafael sozinha.
“As pessoas ficam: ‘nossa, você é
muito guerreira, te admiro muito, cuidar de uma criança sozinha’. Às vezes eu
sinto falta, quando ele está doente. Aí eu chamo a minha mãe, minha mãe me
salva”, ela conta.
E um menino de 4 anos dá um
trabalhão. “Eu sempre fiz exercício. Na gravidez, eu fiz questão de continuar
fazendo exercício. Aí eu estou no chão brincando com ele e digo: ‘tem muita mãe
de 20, 30, que não faz isso não’. Tem que ter pique”, brinca Lilian.
Vale lembrar que há dois anos o
Conselho Federal de Medicina publicou uma resolução recomendando a idade limite
de 50 anos para tratamentos de gravidez.
“Exatamente por causa dos riscos
clínicos que essa mulher poderia ter, principalmente diabetes e pressão alta”,
explica o obstetra João Ricardo Auler.
Mas, às vezes, a maternidade não
vem com uma gravidez. Vitória apareceu na vida da comerciante Eliane Figueiredo
quando já tinha duas semanas de vida.
“Foi amor à primeira vista.
Aquele negócio de bater e amar”, conta Eliane.
A mãe biológica não tinha
condições de criar Vitória. “Meu marido resolveu: ‘vamos parar com essa
história, está na hora da gente assumir a Vitória para sempre’. Aí entramos com
um pedido de guarda, e um ano depois entramos com a adoção. E hoje está aí, ela
é o amor da nossa vida e está dando muita alegria para a gente”, conta Eliane.
Quando adotou Vitória, Eliane já
tinha três filhas. Hoje a netinha Izabela completa a família. E mora todo mundo
junto.
“Minha vida é loucura! Eu
trabalho em casa, trabalho na rua, levo para a escola. Quando eu acabo de fazer
comida, a casa está de pernas para o ar. Tem hora que o cansaço bate, mas vale
a pena. Vale muito a pena”, ela avalia.
E quando a gente menos espera, os
filhos crescem. A filha mais velha de Andréa Murgel, a Carol, vai se casar em
outubro. É um momento de grande felicidade, depois de dois anos difíceis. Em
2013, o caçula de Andréa, Eduardo, morreu aos 21 anos, em um acidente com um
bote inflável.
“A gente não conhece nada, a
gente não sabe nada. É uma coisa assim inenarrável. Tem uma hora que quando
você está nessa experiência, você fala assim: ‘bom, ou eu vou morrer de verdade,
ou eu vou ficar na linha do meio, ou eu vou viver’. E eu escolhi viver”, ela
destaca.
Andréa criou um blog para dar
apoio a mães que perderam filhos. Os textos viraram um livro.
“É uma assistência à pessoa que
está ali em uma dor que os maridos, os filhos, os amigos, que são maravilhosos,
nunca vão conseguir aplacar. Se você aceita isso, é a hora que você se liberta.
Você precisa se libertar, senão você fica igual uma raiz de árvore, não vai
sair daquele lugar nunca. E eu não quero isso. Eu prometi para o Dudu que,
enquanto eu viver, eu vou viver de verdade”, ela diz.
“Eu olho para ela e vem uma
admiração enorme, porque é uma força de vida muito bonita”, avalia Betty. “Eu
acho que é uma força divina”, completa Andréa.
A Andréa agora anda às voltas com
os preparativos para o casamento da Carol. “E agora é a realização da minha
filha que vai se casar. Vai ter a vida dela, os filhos dela”, ela se emociona.
Fonte; Globo
Nenhum comentário:
Postar um comentário