segunda-feira, 13 de abril de 2015

Rio investiga máfia de trabalho escravo chinês

Escravidão. Trabalhadores chineses vinham de Guangdong (acima) esperando salário de R$ 2 mil

Grupo de comerciantes prendia e torturava seus funcionários trazidos da China.

 Um grupo de comerciantes chineses está na mira de procuradores do Ministério Público do Trabalho, no Rio de Janeiro. Eles são acusados de aliciar pessoas na cidade de Guangzhou, na província de Guangdong, e trazê-las para o Brasil, onde eram exploradas em regime de trabalho escravo.


Três inquéritos que investigam a prática foram abertos desde 2013 e encaminhados à Justiça Federal – um está concluído e dois se encontram em andamento. Peças processuais mostram que chineses são convencidos a vir com propostas de salário de R$ 2.000 moradia e alimentação de graça. Mas, ao chegar, recebem a notícia de que terão de trabalhar por pelo menos três anos sem receber pagamento em pastelarias da cidade para cobrir as despesas das passagens aéreas.

O caso que deu início às investigações é de 2013, quando o Ministério Público do Trabalho denunciou à Justiça Federal o chinês Van Ruilonc, 32, dono de uma pastelaria em Parada de Lucas.

A vítima, que foi incluída em um programa de proteção, informou que recebeu, em Guangdong, uma oferta para trabalhar em um restaurante do Rio, onde receberia R$ 2.000. Segundo ela, ao desembarcar na cidade, uma pessoa a recebeu no Galeão na área de entrega de bagagens.

A vítima era permanentemente vigiada e proibida de sair do local do trabalho. Exames de corpo de delito comprovaram a existência de castigos físicos, como pauladas, chibatadas e queimaduras com cigarros. Policiais encontraram a vítima, mantida em cárcere privado, graças a uma informação do Disque-Denúncia.

A procuradora do Ministério Público do Trabalho Guadalupe Louro Couto, que acompanhou o caso, disse que a vítima dava expediente todos os dias das 5h30m às 23h, não recebia salário e era agredida.

Van Ruilonc foi condenado a oito anos e seis meses de prisão por tortura qualificada e crime de redução a condição análoga à de escravo.

Outros inquéritos. Outros dois inquéritos ainda são investigados no Estado. Em um dos casos, um jovem de 17 anos era mantido preso. Em outro, trabalhadores chineses não tinham salário e trabalharam todos os dias.

Números

Brasil. No ano passado, 1.590 trabalhadores foram resgatados de situação análoga à escravidão no país, resultado de 248 ações fiscais realizadas pelo governo, divulgou em janeiro o Ministério do Trabalho. Minas Gerais foi o Estado recordista, com 354 trabalhadores em situação de escravidão.

Fonte: O Tempo

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