“Com a repercussão das fotos, que
nem era o nosso propósito, ela passou a ser reconhecida aqui no bairro e
ofendida de maneira vergonhosa”.
Ela é linda, loira, esbanja
sensualidade e acabou de fazer um ensaio só de lingerie pelas ruas do
tradicional bairro de Lourdes, na região Centro-Sul de Belo Horizonte. Mas o
que chamou a atenção de muitos moradores é o fato de Paola Alves Lopes, de 30
anos, ter consciência de sua beleza e não se sentir fragilizada ou menos sexy
por estar grávida de nove meses.
Após a sessão de fotos, realizada
na última sexta-feira (10) pelo marido dela e fotógrafo Alexandre de Oliveira
Périgo, de 45 anos, a mulher, que mora no mesmo bairro onde fez o ensaio,
passou a ser xingada e ofendida nas ruas.
“Com a repercussão das fotos, que
nem era o nosso propósito, ela passou a ser reconhecida aqui no bairro e
ofendida de maneira vergonhosa. Mas só quando está sozinha. Quando está comigo,
que tenho dois metros de altura e sou homem, isso não acontece. O que mostra
como essas manifestações vergonhosas de machismo são covardes. As pessoas estão
a chamando de 'puta', 'vadia', 'vagabunda', dizendo que o nosso filho vai ter
vergonha dela quando nascer”, conta Périgo.
Em resposta, o fotógrafo está
programando um novo ensaio, com 100 mulheres gestantes, no mesmo bairro.
“Resolvemos responder o preconceito com a arte. As gestantes não precisam
necessariamente vestir lingerie, como a Paola, a menos que queiram. Elas irão
vestir o que quiserem e o que as fizer se sentir bem. Se for lingerie, que
seja, se for shortinho curto, top, que seja”, explica.
Périgo conta que já conseguiu o
contato de 65 gestantes que estão interessadas em posar para as suas lentes, e
que o trabalho deve ser realizado na próxima semana. “Tem que ser em breve,
porque a Paola já está no fim da gestação”, conta.
Segundo o fotógrafo, a mulher não
se sentiu intimidada nem respondeu às ofensas. “Ela é muito tranquila, muito
centrada. Chegou em casa e me contou. Isso me afetou no sentido de ser uma
covardia fazerem isso com ela só quando ela está sozinha. É a hipocrisia da
tradicional família mineira que convive todos os dias com a miséria, mas que se
choca com isso. Esse novo ensaio vai ser uma resposta a essas pessoas”, diz.
Fonte: O Tempo
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