A internet parou na tarde de
terça-feira (03), com um suposto vídeo íntimo da Sabrina Sato. Na postagem, Sabrina aparece de calcinha ao levantar da cama, enquanto veste o sutiã e caminha em direção à porta.
Mas hoje tudo foi revelado e as imagens fazem parte de uma campanha da marca de absorventes Always.
O vídeo foi feito por causa da
ação #JuntasContraVazamentos, que fala sobre como um vazamento de intimidade,
como ter fotos nuas publicadas na web sem permissão, pode abalar a autoestima
de qualquer mulher.
A marca incentiva que outras
mulheres mostrem seu apoio a essa causa postando nas redes sociais uma selfie
com o símbolo da campanha e a hashtag #JuntasContraVazamentos.
"Esse vídeo que vocês
acabaram de ver poderia ser um vazamento da minha intimidade. Mas ele foi feito
para chamar atenção para um problema muito sério. Muitas meninas e mulheres tem
sua intimidade vazada sem seu consentimento. Nós, mulheres, não podemos deixar
um vazamento tirar nosso sono e nossa autoconfiança. Somos donas da nosso
intimidade, e nós é que decidimos o que queremos e não mostrar”, disse ela
sobre a campanha de uma marca de absorventes.
Fonte: http://virgula.uol.com.br/
Por que a campanha da Always não é tão legal quanto parece
A iniciativa de falar sobre o tema é ótima. Mas não é meio
contraditório usar um suposto vídeo vazado para dizer que é errado vazar vídeos
íntimos?
Além disso, a campanha, criada pela
agência Leo Burnett, é baseada em uma comparação esquisita de dois sentidos da
palavra “vazamento”: o de menstruação — um incidente constrangedor, porém
natural — e o de imagens íntimas — que é um crime.
Tudo fica ainda mais
desconfortável quando vemos essa imagem da campanha:
Parece muito estranho usar toda a
estética de uma imagem íntima vazada — a mulher nua, meia-luz, sentada na cama
descontraidamente mexendo no celular — para dizer que é errado vazar imagens
íntimas.
E esta outra, que ainda por cima
tem aquela distorção das partes íntimas, deixando a foto com mais cara ainda de
imagem vazada sem consentimento?
A campanha é da Always, marca de
absorventes, em parceria com a ONG Safernet, que listou algumas dicas no site
oficial da marca. A primeira era esta: “Se você não quer que suas fotos e
vídeos sejam expostos, evite enviá-los para outras pessoas”.
Uma dica com linha de raciocínio
perigosamente próxima ao velho pensamento “se não quiser ser estuprada, não
saia de casa usando roupas curtas”.
Os próprios responsáveis pela
campanha devem ter percebido isso rapidamente — tanto que esta dica foi tirada
do ar e substituída por orientações práticas que realmente podem ajudar uma
vítima deste tipo de crime, como esta:
Lembrando que não há problema
algum uma marca endossar uma campanha de conscientização. A Benetton, por
exemplo, já fez isso nesta campanha em parceria com a ONU pelo fim da violência
contra a mulher.
E a própria Always já acertou
muito com a campanha “Like a Girl”.
Mesmo com o trocadilho duvidoso
com “vazamento” e as fotos da Sabrina posadas como se fossem vazadas, muita
gente gostou da campanha.
E também teve quem achou tudo
isso completamente fora de propósito.
De qualquer forma, a campanha
novamente deixou claro o quanto estamos longe de entender o vazamento de
imagens íntimas e o pornô de vingança como um crime, e como com qualquer crime,
a vítima nunca deve ser culpada.
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