quinta-feira, 5 de março de 2015

Ato público: religião não deve ser usada para legitimar violência contra a mulher


Ato vai reunir mulheres de diversas religiões e lembrar símbolos da luta feminina.

O Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic), juntamente com a Fé Bahai, a Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB), a Abrawica, a Federação Umbanda e Candomblé, realizam nesta quinta-feira, 05 de março, na Avenida das Bandeiras – Esplanada dos Ministérios, em Brasília, o Ato "As Religiões pelos direitos das Mulheres”. A ação tem como objetivos reafirmar o compromisso em favor do diálogo, promover a cultura de paz e chamar a atenção para os altos índices de violência contra a mulher.
Apoiada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o Ato público pretende reunir mulheres de todas as religiões em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, celebrado em 08 de março.

Em entrevista à Adital, a secretária-geral do Conic, pastora Romi Bencke, comenta que o Ato foi pensado para celebrar as ações pelo Dia Internacional da Mulher e também para mostrar que as religiões não podem instrumentalizar em seus discursos a violência contra o feminino. "Textos bíblicos têm sido utilizados de forma errônea, equivocada, para legitimar a violência contra a mulher.”, destaca Romi.

A pastora informa que, durante o Ato, serão recuperadas memórias de mulheres que de alguma forma sofreram violência, seja por lutarem pela democracia, seja por terem sido vítimas da cultura sexista. O Cristianismo vai lembrar a irmã Dorothy Stang, por exemplo, os Bahai vão homenagear as mártires do Irã, as tradições afro irão honrar as sacerdotisas que são vítimas constantes de perseguição, na figura da mãe Gilda.


Segundo Romi, as mulheres ainda enfrentam o problema da desigualdade e da discriminação. "Os desafios são grandes. O movimento está fragilizado. Ainda não conseguimos fazer com que esse trabalho se expanda e as barreiras sejam rompidas. Apesar das mulheres serem maioria nas tradições religiosas, ainda ocupam poucos lugares de liderança na hierarquia.”

A reunião de movimentos religiosos distintos é considerada uma iniciativa inovadora e sinaliza a possibilidade de diálogo na diversidade. A pastora ressalta que esse avanço é bem importante. De acordo com ela, todas as tradições convidadas responderam positivamente e as conversas têm sido de harmonia, de união para que o Ato dê certo e sirva de exemplo para ações futuras. "Ao compartilharmos as experiências, percebemos que mudam os endereços, mas os problemas enfrentados pelas mulheres são os mesmos.”, conclui Romi.


Para a Irmã Romi, apesar das mulheres serem maioria nas tradições religiosas, ainda ocupam poucos lugares de liderança na hierarquia.
Foram convidados a participarem do evento: a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil; Igreja Presbiteriana Unida; Igreja Episcopal Anglicana do Brasil; Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia; e Igreja Católica Romana. Foram convidadas também alguns organismos e Instituições parceiras, como a CRB Nacional - Conferência dos/as Religiosos/as do Brasil, Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), as Pontifícias Obras Missionárias (POM), o Centro Cultural Missionário (CCM), o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Arquidiocese de Brasília, Centro Ecumênico Bíblico (Cebi), Cáritas Brasileira, Comissão Brasileira Justiça e Paz (CBJP). Foram chamados ainda: a Secretaria Nacional de Direitos Humanos da Presidência da República, parlamentares, como a deputada federal Maria do Rosário (Partido dos Trabalhadores – PT – Rio Grande do Sul), deputado federal Jean Wyllys (Partido Socialismo e Liberdade – PSOL – Rio de Janeiro), senador Paulo Paim (PT – Rio Grande do Sul), Irmã Sueli Bellato, da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, senadora Ana Rita (PT – Espírito Santo), deputada federal Jandira Feghali (Partido Comunista do Brasil – PcdoB – Rio de Janeiro), deputado federal Luiz Couto (PT – Paraíba), deputados distritais Wasny de Roure e Chico Leite (PT), os deputados federais Chico Alencar (PSOL – Rio de Janeiro) e Luiza Erundina (Partido Socialista Brasileiro – PSB – São Paulo), dentre outros.

Fonte: Adital

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