Como o comportamento das mulheres nos dias
férteis interessa às empresas.
Por CRISTIANE SEGATTO
O mercado – que tudo fareja e
enxerga – está de olho no período fértil das meninas. Uma pesquisa da
Universidade do Texas, em Santo Antônio, sugere que as mulheres procuram mais
opções de parceiros nos dias próximos da ovulação. Até aí, o estudo liderado pela
professora de marketing Kristina M. Durante não me surpreende.
Cerca de duas semanas depois do
primeiro dia da menstruação, o desejo sexual feminino aumenta. Isso é resultado
da produção de progesterona, o hormônio liberado quando o óvulo está maduro e
pronto para ser fecundado.
Nessa fase, é natural que as
mulheres se interessem mais por sexo. Elas passam a enxergar encantos em
pessoas que antes não despertariam qualquer atração. A rede de possíveis
parceiros se amplia.
Esse é um truque da natureza para
garantir a perpetuação da espécie. Um mecanismo biológico tramado muito antes
da imposição da cultura monogâmica em grande parte das sociedades ocidentais.
Onde é que o mercado entra nessa
história? Segundo Kristina, a busca por variedade durante os dias férteis não
se resume às relações pessoais. O desejo por novidade verificado nessa fase
também influencia a forma como as mulheres respondem aos apelos do mercado. É
principalmente nesse período que as mulheres querem muuuuito aquele sapato da
vitrine, mesmo sabendo que o armário de casa está lotado.
O trabalho, que será publicado na
edição de abril do Journal of Consumer Research, está sendo considerado uma das
primeiras evidências de que o comportamento de escolha nas relações pessoais
pode influenciar a forma como desejamos e selecionamos produtos e serviços.
Como professora do departamento
de marketing do College of Business da Universidade do Texas, Kristina se
dedica a pesquisar as bases biológicas e a influência social que determinam as
decisões de consumo. O novo estudo está disponível na íntegra neste site.
Para chegar aos resultados, a
equipe realizou quatro estudos que envolveram 553 mulheres entre 18 e 40 anos.
Nenhuma delas estava grávida nem usava contraceptivos hormonais.
E o casamento? Muda alguma coisa
nas necessidades de consumo? Segundo Kristina, a fidelidade a um parceiro é
capaz de reduzir o desejo por variedade de produtos. Essa é uma informação
importante para o mercado. Significa que a lealdade em relações românticas pode
induzir certa fidelidade a marcas.
“De forma geral, as mulheres,
durante a ovulação, escolhem muitas opções diferentes. Não ficam sempre no
mesmo produto ou marca. Isso vale desde barras de chocolate até cosméticos”,
diz Kristina. É um período em que as mulheres estão especialmente suscetíveis
aos apelos dos competidores para que elas troquem de marca.
Nem todas as consumidoras
respondem à publicidade da mesma forma. “Esse maior desejo por variedade de
produtos no período fértil não foi verificado nas mulheres solteiras e
apaixonadas ou nas casadas que continuam tendo parceiros desejáveis.”
Fica a dica: se o consumo
consciente é a sua cara, deixe o cartão de crédito em casa e segure firme a
carteira quando estiver ovulando. Se o seu negócio é variar naqueles dias, dê
uma chance ao salto alto que não tira os olhos de você. Ele está ali na
vitrine, todo carente, louco para ser levado para casa.
Fonte: Revista Epoca
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