sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

50 tons de cinza: diversidade de opiniões desde o feminismo

Enquanto a autora se declara feminista e defende o direito das mulheres à fantasia, outras promovem o boicote ao filme.


A afirmação está na ponta da língua da escritora E.L. James, responsável por um dos mais impressionantes sucessos literários do século, "Cinquenta Tons de Cinza", a partir desta quinta (12) nos cinemas brasileiros: "Quero deixar claro que sou uma feminista. Quem comanda meu escritório é uma mulher. A roteirista e a diretora deste filme são mulheres. Sou pró-igualdade de gênero no pagamento de salários. Agora, não podemos esquecer que mulheres, feministas como eu, também têm fantasias, e conquistamos o direito de tê-las".

"É o credo patriarcal que segue repetindo: 'você não tem o direito de fantasiar sobre determinado tema, é perigoso para você, estamos protegendo você", continua James. "Ora, isso é um pensamento misógino!". O basta é dado na semana em que o primeiro filme baseado na trilogia criada pela ex-executiva de TV inglesa chega aos cinemas do mundo todo, com o recorde de pré-vendas de ingressos de Hollywood, o anúncio de uma nova versão do para salas em formato Imax e a multiplicação de protestos de grupos contrários à violência doméstica, defensores de um boicote ao filme.

A própria protagonista, Dakota Johnson, também é direta ao defender o tema do longo. "Quem acredita que nosso filme, de alguma maneira, afronta os direitos das mulheres, é mal informado e um pouco tacanho. Só posso imaginar que estas manifestações venham de mulheres que desejariam ter mais autonomia em suas vidas. Não há abuso sexual, não há nenhum personagem feminino retratado no filme que é 'menor' do que o masculino", argumenta Johnson.

"Anastasia tomou as rédeas de sua vida, é ela quem decide viver esta relação do modo que Christian quer. Para mim, é claro, trata-se de um filme sobre uma mulher que está aberta para explorar sua intimidade e sexualidade. Isso é algo belo. E se eu fizer com que pelo menos uma mulher saia deste filme mais confiante em relação à sua própria sexualidade, já será uma senhora vitória".

"Cinquenta Tons de Cinza", surgido como um esboço de conto escrito pela autora em um fórum eletrônico de fãs de "Crepúsculo", trata do encontro da virginal Anastasia (Dakota Johnson) com Christian Grey (Jamie Dornan), um empresário bilionário, jovem, atlético e recluso, cujo prazer sexual é ser o dominador de uma relação sadomasoquista heterossexual.


Interferências nas filmagens

Do livro para filme se passaram três longos anos, com protagonistas que desistiram da empreitada no meio do caminho, rumores sobre conflitos no set entre a autora (e produtora "ativamente participativa") e a diretora (Sam Taylor-Johnson, britânica conhecida dos cinéfilos por "O Garoto de Liverpool", em torno dos anos formativos de John Lennon), e entre os dois protagonistas.

"Quando você tem um monte de gente criativa no mesmo projeto, é claro que os conflitos e as discussões não serão mesmo economizados. Mas o resultado finalmente está na tela e, apesar de ter demorado muito, para o meu gosto, estou feliz. Agora, para mim, o mais importante é lembrar sempre que foram os fãs que nos colocaram aqui onde estamos", afirma a autora.

Ela aponta que o sucesso de seu trabalho foi uma surpresa, do interesse das editoras à disputa acirrada de estúdios de Hollywood pelos direitos de adaptação, e explica que os fãs são um dos motivos de sua presença no set. "Pensei: trabalhei a vida toda nos bastidores da televisão inglesa e sempre sonhei em fazer um filme. Pois bem: juntou-se este desejo à vontade de ser a representante de fato dos fãs no processo e, essencialmente por causa deles, decidi ser uma produtora presente durante as filmagens".

Para ela, o sucesso de "Cinquenta Tons de Cinza" tem a ver com dois aspectos: "O tema e o fato de que escrevi este livro apenas e tão somente para mim. Algumas coisas que encontrei no mundo do S&M me perturbaram de verdade, depois de mergulhar nas pesquisas, mas não falo sobre isso. É um universo que me intrigou, que me fez pensar, me levou a escrever por prazer próprio", conta.

O filme não é nem especialmente melhor nem marcadamente pior do que o livro, e as fãs, que se juntaram aos jornalistas na exibição em Nova York deram o tom do fascínio feminino pelo "Sr. Cinza", com gritos em altíssimos decibéis a cada momento em que Dornan aparecia mais despido. As cenas de sexo são fartas para os padrões Hollywoodianos, mas não especialmente tórridas.

"Eu me senti à vontade o tempo todo", conta Dakota Johnson, 25 anos, que, para a decepção das fãs, aparece mais vezes nua do que seu par. "Foi importante termos filmado aos poucos, durante três meses, até que finalmente 'entramos, com as câmeras, no quarto vermelho do Christian, onde as fantasias dele viram realidade'. Quando abrimos aquela porta, já estava completamente à vontade". Filha dos atores Melaine Griffith e Don Johnson, a ex-Miss Globo de Ouro faz seu primeiro papel de fôlego em Hollywood.

"Quando acertamos que Sam seria a diretora, ela já trouxe o elenco dela na cabeça, foram escolhas dela. A Dakota é uma revelação, uma mulher luminosa, divertida. E por conta de tudo o que aconteceu, a coisa toda com Charlie Hunnam [que desistiu antes das filmagens], todo mundo sabe que o Jamie não era o primeiro nome da nossa lista. Mas ele foi um substituto que se saiu melhor do que a gente esperava. Hoje, honestamente, penso: ainda bem que ele é o nosso Grey", diz a autora.

Novo livro

Moradora do subúrbio de Londres –a ação de "Cinquenta Tons", no entanto, se dá no Pacífico Norte dos EUA, centrada em Seattle e Portland– casada e mãe de dois filhos, ela diz que a vida segue tranquila e que prepara um novo livro ("segredo, guardado a sete chaves, não posso contar mais nada"), cujo personagem principal "tem um gosto musical bem diverso do meu".

"E isso faz tudo ficar mais difícil na hora de escrever. Veja bem, a Anastasia e o Christian são ambos meus filhos, tem muito de mim nos dois, mas o gosto musical dele é igualzinho ao meu, e permeia a narrativa", diz, rindo, e se negando, de modo firme, a dar quaisquer detalhes sobre os dois próximos filmes da trilogia, sequer se Sam Taylor-Johson seguirá na direção.

Fonte: Uol

Feministas promovem boicote contra Cinquenta tons de cinza nos EUA

Hollywood não precisa do seu dinheiro, mas mulheres que sofreram violência, sim”. Esse é um dos slogans da campanha de boicote ao filme Cinquenta tons de cinza, feita por organizações contra violência doméstica nos Estados Unidos e Canadá. A proposta é que as pessoas doem os US$ 50 que gastariam com ingresso do filme para instituições de proteção à mulher. Dentre os vários participantes estão a National Center on Sexual Exploitation, a London Abused Women´s Centre (que fica no Canadá) e a Stop Porn Culture.
  
A campanha, sob a hashtag #50DollarsNot50Shades (#50DólaresNão50Tons), afirma que o filme não mostra uma vida sexual saudável, mas sim uma relação de abuso emocional e sexual. O personagem Chistian Grey, para essas instituições, é controlador e dominador, em vez de galã sedutor. “O livro Cinquenta tons de cinza ganhou total aceitação na cultura popular, mesmo que o enredo romantize a manipulação, perseguição, ameaças, isolação e coerção”, afirmam as instituições no site oficial.

A conta no Twitter já tem mais de 3 mil seguidores e ganhou repercussão em todo o mundo. Segundo o jornal The Washington Times, as organizadores Jill e Jen (que preferiram não utilizar nomes completos), do Stop Porn Culture e London Abused Women´s Center, respectivamente, comemoram o alcance da campanha, e confirmam que já receberam doações de países como Alemanha e Austrália.

Baseado no best-seller homônimo, o filme tem estreia mundial marcada para o próximo 11 de fevereiro. A trama conta a história de Anastásia Steele, uma jovem de 21 anos que se envolve com um homem mais velho. A polêmica gira em torno das preferências sexuais retratadas no filme, como o sadomasoquismo, em que Anastásia é submissa ao sádico Christian Grey. Quanto a isso, a campanha rebate que o livro “perigosamente mal interpreta Bondage, Disciplina, Dominação, Submissão, Sadismo e Masoquismo (BDSM), e dá a impressão que esse estilo de vida é fruto de uma infância conturbada e pode ser ‘curado’”.

Fonte: Correio Braziliense


5  motivos para não assistir 50 tons de cinza


Por Nina Lemos

Eu li "50 tons de cinza". Quer dizer, eu li como jornalistas leêm livros que não gostam, mas têm que ler "profissionalmente": pulando. Li o suficiente para odiar.  E, não, não acho que ele deva ser proibido porque faz apologia da violência doméstica! Só acho que a história  é machista, boba e faz pouco da inteligência feminina. Proibir? Jamais! Só pense cinco vezes antes de gastar seu lindo dinheirinho e seu tempo maravilhoso com essa versão sadomasoquista da Bridget Jones. Abaixo, cinco razões para NÃO VER O FILME.

1-  A heroína, Anastasia, é uma garota desajeitada, tímida, que só dá fora na vida (porque mulher, vocês sabem, nunca faz nada direito sem um homem) que é seduzida por um príncipe. O sadomasoquismo e as cenas calientas não mudam o fato de que, veja bem, ela é uma garota perdida que precisa ser salva por um príncipe!

2-  Ela é virgem. Nada contra virgens. Mas uma história sobre uma garota desajeitada que é seduzida por um príncipe sadomasoquista parece romance erótico do século 19, só que em versao mequetrefe.

3-  O príncipe é rico! Sim, Anastasia é uma virgem desajeitada seduzida por um príncipe yuppie. Uma das surpresas que ele faz para ela é um passeio de helicoptero! Não, não podemos acreditar mais em príncipes yuppies. Pelo amor de deus, não! Chega de Mr Bigs e Cristian Greys!

4-  O sadomasoquismo é gourmetizado. Como o príncipe é yuppie, eles fazem sexo em cima de móveis de couro de design, em camas sadomasoquistas casa cor e em cadeiras sadomasoquistas que, como diz o amigo Xico Sá, de tão esnobes, tem nome de gente.

5-  Por que precisa existir livro de sexo para mulher? A gente não pode curtir qualquer sacanagem e gostar? Tem que ser em embalagem com príncipe rico de design? Abaixo o erotismo de design, viva a pornografia barata! Sem móveis de design. E, principalmente, sem príncipes salvadores. Chega!

PS. Se depois de todos esses motivos você quer ver o filme, vá, se jogue! Afinal, ninguém tem que nada. Nem que concordar com absolutamente nada do que está escrito nesse texto.


Fonte: http://revistatpm.uol.com.br/

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