Enquanto a autora se declara feminista e defende o direito
das mulheres à fantasia, outras promovem o boicote ao filme.
A afirmação está na ponta da
língua da escritora E.L. James, responsável por um dos mais impressionantes
sucessos literários do século, "Cinquenta Tons de Cinza", a partir
desta quinta (12) nos cinemas brasileiros: "Quero deixar claro que sou uma
feminista. Quem comanda meu escritório é uma mulher. A roteirista e a diretora
deste filme são mulheres. Sou pró-igualdade de gênero no pagamento de salários.
Agora, não podemos esquecer que mulheres, feministas como eu, também têm
fantasias, e conquistamos o direito de tê-las".
"É o credo patriarcal que
segue repetindo: 'você não tem o direito de fantasiar sobre determinado tema, é
perigoso para você, estamos protegendo você", continua James. "Ora,
isso é um pensamento misógino!". O basta é dado na semana em que o
primeiro filme baseado na trilogia criada pela ex-executiva de TV inglesa chega
aos cinemas do mundo todo, com o recorde de pré-vendas de ingressos de
Hollywood, o anúncio de uma nova versão do para salas em formato Imax e a
multiplicação de protestos de grupos contrários à violência doméstica,
defensores de um boicote ao filme.
A própria protagonista, Dakota
Johnson, também é direta ao defender o tema do longo. "Quem acredita que
nosso filme, de alguma maneira, afronta os direitos das mulheres, é mal
informado e um pouco tacanho. Só posso imaginar que estas manifestações venham
de mulheres que desejariam ter mais autonomia em suas vidas. Não há abuso
sexual, não há nenhum personagem feminino retratado no filme que é 'menor' do
que o masculino", argumenta Johnson.
"Anastasia tomou as rédeas
de sua vida, é ela quem decide viver esta relação do modo que Christian quer.
Para mim, é claro, trata-se de um filme sobre uma mulher que está aberta para
explorar sua intimidade e sexualidade. Isso é algo belo. E se eu fizer com que
pelo menos uma mulher saia deste filme mais confiante em relação à sua própria
sexualidade, já será uma senhora vitória".
"Cinquenta Tons de
Cinza", surgido como um esboço de conto escrito pela autora em um fórum
eletrônico de fãs de "Crepúsculo", trata do encontro da virginal
Anastasia (Dakota Johnson) com Christian Grey (Jamie Dornan), um empresário
bilionário, jovem, atlético e recluso, cujo prazer sexual é ser o dominador de
uma relação sadomasoquista heterossexual.
Interferências nas filmagens
Do livro para filme se passaram
três longos anos, com protagonistas que desistiram da empreitada no meio do
caminho, rumores sobre conflitos no set entre a autora (e produtora
"ativamente participativa") e a diretora (Sam Taylor-Johnson,
britânica conhecida dos cinéfilos por "O Garoto de Liverpool", em
torno dos anos formativos de John Lennon), e entre os dois protagonistas.
"Quando você tem um monte de
gente criativa no mesmo projeto, é claro que os conflitos e as discussões não
serão mesmo economizados. Mas o resultado finalmente está na tela e, apesar de
ter demorado muito, para o meu gosto, estou feliz. Agora, para mim, o mais
importante é lembrar sempre que foram os fãs que nos colocaram aqui onde
estamos", afirma a autora.
Ela aponta que o sucesso de seu
trabalho foi uma surpresa, do interesse das editoras à disputa acirrada de
estúdios de Hollywood pelos direitos de adaptação, e explica que os fãs são um
dos motivos de sua presença no set. "Pensei: trabalhei a vida toda nos
bastidores da televisão inglesa e sempre sonhei em fazer um filme. Pois bem:
juntou-se este desejo à vontade de ser a representante de fato dos fãs no
processo e, essencialmente por causa deles, decidi ser uma produtora presente
durante as filmagens".
Para ela, o sucesso de
"Cinquenta Tons de Cinza" tem a ver com dois aspectos: "O tema e
o fato de que escrevi este livro apenas e tão somente para mim. Algumas coisas
que encontrei no mundo do S&M me perturbaram de verdade, depois de
mergulhar nas pesquisas, mas não falo sobre isso. É um universo que me
intrigou, que me fez pensar, me levou a escrever por prazer próprio",
conta.
O filme não é nem especialmente
melhor nem marcadamente pior do que o livro, e as fãs, que se juntaram aos
jornalistas na exibição em Nova York deram o tom do fascínio feminino pelo
"Sr. Cinza", com gritos em altíssimos decibéis a cada momento em que
Dornan aparecia mais despido. As cenas de sexo são fartas para os padrões Hollywoodianos,
mas não especialmente tórridas.
"Eu me senti à vontade o
tempo todo", conta Dakota Johnson, 25 anos, que, para a decepção das fãs,
aparece mais vezes nua do que seu par. "Foi importante termos filmado aos
poucos, durante três meses, até que finalmente 'entramos, com as câmeras, no
quarto vermelho do Christian, onde as fantasias dele viram realidade'. Quando
abrimos aquela porta, já estava completamente à vontade". Filha dos atores
Melaine Griffith e Don Johnson, a ex-Miss Globo de Ouro faz seu primeiro papel
de fôlego em Hollywood.
"Quando acertamos que Sam
seria a diretora, ela já trouxe o elenco dela na cabeça, foram escolhas dela. A
Dakota é uma revelação, uma mulher luminosa, divertida. E por conta de tudo o
que aconteceu, a coisa toda com Charlie Hunnam [que desistiu antes das
filmagens], todo mundo sabe que o Jamie não era o primeiro nome da nossa lista.
Mas ele foi um substituto que se saiu melhor do que a gente esperava. Hoje,
honestamente, penso: ainda bem que ele é o nosso Grey", diz a autora.
Novo livro
Moradora do subúrbio de Londres
–a ação de "Cinquenta Tons", no entanto, se dá no Pacífico Norte dos
EUA, centrada em Seattle e Portland– casada e mãe de dois filhos, ela diz que a
vida segue tranquila e que prepara um novo livro ("segredo, guardado a sete
chaves, não posso contar mais nada"), cujo personagem principal "tem
um gosto musical bem diverso do meu".
"E isso faz tudo ficar mais
difícil na hora de escrever. Veja bem, a Anastasia e o Christian são ambos meus
filhos, tem muito de mim nos dois, mas o gosto musical dele é igualzinho ao
meu, e permeia a narrativa", diz, rindo, e se negando, de modo firme, a
dar quaisquer detalhes sobre os dois próximos filmes da trilogia, sequer se Sam
Taylor-Johson seguirá na direção.
Fonte: Uol
Feministas promovem boicote contra Cinquenta tons de cinza nos EUA
Hollywood não precisa do seu
dinheiro, mas mulheres que sofreram violência, sim”. Esse é um dos slogans da
campanha de boicote ao filme Cinquenta tons de cinza, feita por organizações
contra violência doméstica nos Estados Unidos e Canadá. A proposta é que as
pessoas doem os US$ 50 que gastariam com ingresso do filme para instituições de
proteção à mulher. Dentre os vários participantes estão a National Center on
Sexual Exploitation, a London Abused Women´s Centre (que fica no Canadá) e a
Stop Porn Culture.
A campanha, sob a hashtag
#50DollarsNot50Shades (#50DólaresNão50Tons), afirma que o filme não mostra uma
vida sexual saudável, mas sim uma relação de abuso emocional e sexual. O
personagem Chistian Grey, para essas instituições, é controlador e dominador,
em vez de galã sedutor. “O livro Cinquenta tons de cinza ganhou total aceitação
na cultura popular, mesmo que o enredo romantize a manipulação, perseguição,
ameaças, isolação e coerção”, afirmam as instituições no site oficial.
A conta no Twitter já tem mais de
3 mil seguidores e ganhou repercussão em todo o mundo. Segundo o jornal The
Washington Times, as organizadores Jill e Jen (que preferiram não utilizar
nomes completos), do Stop Porn Culture e London Abused Women´s Center,
respectivamente, comemoram o alcance da campanha, e confirmam que já receberam
doações de países como Alemanha e Austrália.
Baseado no best-seller homônimo,
o filme tem estreia mundial marcada para o próximo 11 de fevereiro. A trama
conta a história de Anastásia Steele, uma jovem de 21 anos que se envolve com
um homem mais velho. A polêmica gira em torno das preferências sexuais
retratadas no filme, como o sadomasoquismo, em que Anastásia é submissa ao
sádico Christian Grey. Quanto a isso, a campanha rebate que o livro
“perigosamente mal interpreta Bondage, Disciplina, Dominação, Submissão,
Sadismo e Masoquismo (BDSM), e dá a impressão que esse estilo de vida é fruto
de uma infância conturbada e pode ser ‘curado’”.
Fonte: Correio Braziliense
5 motivos para não assistir
50 tons de cinza
Por Nina Lemos
Eu li "50 tons de
cinza". Quer dizer, eu li como jornalistas leêm livros que não gostam, mas
têm que ler "profissionalmente": pulando. Li o suficiente para
odiar. E, não, não acho que ele deva ser
proibido porque faz apologia da violência doméstica! Só acho que a
história é machista, boba e faz pouco da
inteligência feminina. Proibir? Jamais! Só pense cinco vezes antes de gastar
seu lindo dinheirinho e seu tempo maravilhoso com essa versão sadomasoquista da
Bridget Jones. Abaixo, cinco razões para NÃO VER O FILME.
1- A heroína, Anastasia, é uma garota
desajeitada, tímida, que só dá fora na vida (porque mulher, vocês sabem, nunca
faz nada direito sem um homem) que é seduzida por um príncipe. O sadomasoquismo
e as cenas calientas não mudam o fato de que, veja bem, ela é uma garota
perdida que precisa ser salva por um príncipe!
2- Ela é virgem. Nada contra virgens. Mas uma
história sobre uma garota desajeitada que é seduzida por um príncipe
sadomasoquista parece romance erótico do século 19, só que em versao mequetrefe.
3- O príncipe é rico! Sim, Anastasia é uma
virgem desajeitada seduzida por um príncipe yuppie. Uma das surpresas que ele
faz para ela é um passeio de helicoptero! Não, não podemos acreditar mais em
príncipes yuppies. Pelo amor de deus, não! Chega de Mr Bigs e Cristian Greys!
4- O sadomasoquismo é gourmetizado. Como o
príncipe é yuppie, eles fazem sexo em cima de móveis de couro de design, em
camas sadomasoquistas casa cor e em cadeiras sadomasoquistas que, como diz o
amigo Xico Sá, de tão esnobes, tem nome de gente.
5- Por que precisa existir livro de sexo para
mulher? A gente não pode curtir qualquer sacanagem e gostar? Tem que ser em
embalagem com príncipe rico de design? Abaixo o erotismo de design, viva a
pornografia barata! Sem móveis de design. E, principalmente, sem príncipes
salvadores. Chega!
PS. Se depois de todos esses
motivos você quer ver o filme, vá, se jogue! Afinal, ninguém tem que nada. Nem
que concordar com absolutamente nada do que está escrito nesse texto.
Fonte: http://revistatpm.uol.com.br/
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