terça-feira, 24 de março de 2015

PM prende três médicos acusados de tráfico de órgãos no Sul de Minas

Médicos João Alberto Brandão, Cláudio Rogério e Jeferson Skulski foram detidos em Poços de Caldas (Foto: Reprodução EPTV)
A Polícia Militar (PM) prendeu, na tarde desta segunda-feira, três médicos acusados de participar de uma quadrilha de tráfico de órgãos, chamada de 'Máfia dos Órgãos', que agia no Sul de Minas Gerais. Os três são acusados pela morte de Paulo Lourenço Alves, de 41 anos, em janeiro de 2001. Segundo a denúncia do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), o atestado de óbito consta que a vítima morreu por causa de um hematoma cerebelar e hipertensão arterial. Porém, no prontuário não consta o laudo de exame que comprova a morte cerebral. Mesmo assim, o paciente teve rins e córneas extraídas.


Três médicos foram presos nesta segunda-feira (23) em Poços de Caldas (MG) acusados de irregularidades na constatação da morte e remoção de órgãos de um homem de 41 anos em 2001. Segundo a Polícia Civil, os mandados de prisão foram expedidos pelo juiz Narciso Alvarenga Monteiro de Castro, após mandado de prisão expedido em razão da sentença condenatória.
As audiências de instrução e julgamento referentes ao caso foram realizadas em julho de 2014 no Fórum de Poços de Caldas. O nefrologista João Alberto Góes Brandão, o urologista Cláudio Rogério Carneiro Fernandes e o radiologista Jeferson André Saheki Skulski são acusados da retirada ilegal de córneas e rins de Paulo Lourenço Alves, na época com 41 anos, na Santa Casa de Poços de Caldas. Eles foram condenados a 19, 17 e 18 anos, respectivamente.
Os profissionais foram detidos, levados para a Delegacia de Polícia Civil de Poços de Caldas e de lá encaminhados ao presídio da cidade. Outros três médicos envolvidos com o caso permanecem em liberdade, mas receberam medidas cautelares.
De acordo com o juiz Narciso Alvarenga Monteiro de Castro, a sentença conclui que o paciente Paulo Lourenço Alves ainda estava vivo quando os médicos fizeram a retirada dos órgãos.
O único médico que falou com a imprensa foi Cláudio Rogério Carneiro Fernandes. "Deus vai resolver isso. Já resolveu uma vez e vai resolver de novo essa injustiça", disse.
Dois dos médicos acusados por este crime – João Alberto Góes Brandão e Cláudio Rogério Carneiro Fernandes  - já foram condenados em outros casos da chamada ‘Máfia dos Órgãos’. Este último chegou a ficar preso por 30 dias pela condenação de 17 anos, por envolvimento no caso do menino Paulo Veronesi Pavesi, o Paulinho, em 2001. O caso ficou conhecido como 'Caso Pavesi' e foi o que deu início às investigações a outros oito casos referentes ao tráfico de órgãos na cidade.
Procurado, o advogado José Arthur Kalil que defende os médicos João Alberto Góes Brandão e Cláudio Rogério Carneiro Fernandes disse que vai recorrer da decisão e entrar com pedido de habeas corpus.
O advogado Fábio Camargo de Souza, que defende o radiologista Jeferson Skulski, informou que vai entrar com pedido de habeas corpus.

Outros médicos envolvidos permanecem soltos

Envolvidos neste caso, o gastroenterologista Paulo César Pereira Negrão foi condenado a 16 anos, mas o juiz entendeu que a participação dele não era suficiente para a prisão e por isso o profissional vai cumprir apenas medidas cautelares em liberdade. O advogado dele, Dório Ferreira Grossi disse que ainda não teve acesso à sentença.
O médico anestesiologista José Júlio Balducci, ex-secretário de Saúde de Poços de Caldas foi absolvido no caso.
A oftalmologista Alessandra Queiroz Araújo não vai ser presa porque o juiz entendeu que a pena era pequena e foi prescrita.


Caso foi julgado em julho de 2014 em Poços de Caldas (Foto: Reprodução EPTV)

Entenda o caso

O caso denominado como ‘Caso 5’  aconteceu há 15 anos e vitimou Paulo Lourenço Alves, na época com 41 anos. Segundo o processo, a vítima morreu em 15 de janeiro de 2011 no Hospital da Santa Casa. Após a morte encefálica,  as córneas teriam sido retiradas e enviadas para Varginha (MG) e os rins, embora retirados, não foram transplantados.
De acordo com a denúncia,  no prontuário da vítima não consta o laudo do exame que comprovaria a morte cerebral do paciente, que teria sido doador cadáver. Não foram encontrados também registros médicos relatando as condições clínicas do paciente e nem foi possível confirmar se as córneas foram encaminhadas para Varginha.
Para a promotoria, o paciente que teve os órgãos retirados em 2001 ainda estava vivo antes da cirurgia e os seis médicos que participaram do procedimento foram denunciados pela falha no diagnóstico de morte encefálica e remoção ilegal de órgãos.
Para o Ministério Público, há a denúncia de que o paciente havia ingerido bebida alcoolica no dia anterior à internação. Dessa forma, nenhum procedimento a fim de diagnosticar a morte encefálica deveria ter sido realizado, já que o álcool funciona como depressor do Sistema Nervoso Central (SNC). Por isso, os médicos são acusados de ter condutas que teriam como finalidade a morte da vítima para a captação dos órgãos.
O nefrologista e intensivista João Alberto Góes Brandão é apontado como o participante de todas as fases da captação, o que é expressamente proibido pela Lei de Transplantes. Segundo o Ministério Público, ele teria assistido ao paciente, mas não teria executado os procedimentos necessários para salvar a vida do mesmo e teria feito o exame para diagnosticar a morte encefálica de forma fraudulenta.
O denunciado também procedeu a notificação ao MG Sul Transplantes - entidade considera clandestina - e também avisou a família sobre a morte cerebral do paciente, obtendo autorização para a doação. Já o urologista e cirurgião Cláudio Rogério Carneiro Fernandes atuou diretamente na extração dos rins do doador.
Ainda na denúncia da promotoria, o gastroenterologista Paulo César Negrão atestou o diagnóstico de morte encefálica sem observar parâmetros legais. E o radiologista Jeferson Skulski usou técnica diferente da recomendada na literatura médica para a detecção da morte, o que impossibilitou o diagnóstico correto.
O médico José Júlio Balducci participou como anestesista da cirurgia de retirada de órgãos da vítima. Já a oftalmologista Alessandra Angélica Queiroz Araújo foi responsável pela extração das córneas, mesmo não possuindo autorização legal para realizar transplantes.
Para a promotoria, todos os envolvidos sabiam que a vítima poderia ainda estar viva e ainda assim prosseguiram com a cirurgia, assumindo o risco de morte do paciente.

Paulinho Pavesi morreu aos 10 anos após cair, passar por cirurgia e ter os órgãos removidos (Foto: Paulo Pavesi/ Arquivo Pessoal)


Outros casos relacionados e a Máfia dos Órgãos

Os médicos aparecem ainda em outros processos ligados à 'Máfia dos Órgãos'.  O 'Caso 2', que foi julgado recentemente está ligado ao 'Caso 3', que ainda tramita na Justiça e terminou com a morte da vítima Alice Mezavila Tavares, na época com 49 anos, após receber um rim doado por um paciente supostamente assassinado. Ela esperou pelo menos três anos pelo transplante do órgão e segundo a família, as causas apontadas pela Santa Casa foram infecção generalizada e insuficiência renal crônica. Em outra caso, uma vítima de 50 anos não teve os órgãos captados, no entanto, o motivo não consta no prontuário médico. A morte aconteceu no dia 6 de junho de 2001.
As investigações de diversos casos referentes à retirada ilegal de órgãos na Santa Casa de Poços de Caldas tiveram início após a morte do menino Paulo Veronesi Pavesi, o Paulinho, em 2000. A criança, na época com 10 anos, teria tido os órgãos removidos enquanto ainda estava viva. Em 2013, três dos médicos envolvidos foram condenados em primeira instância a penas que variam entre 14 e 18 anos  e dois deles passaram um mês detidos no Presídio de Poços de Caldas. Eles conseguiram o direito de recorrer em liberade, mesmo após as condenações.
Há ainda a expectativa de que outros quatro médicos sejam levados à júri popular por conta da morte do Caso Pavesi. No entanto, no começo deste mês, o julgamento deste caso, que acontecia em Belo Horizonte, foi suspenso. O Caso 1 também já foi julgado e condenou os médicos Alexandre Crispino Zincone, João Alberto Góes Brandão, Celso Roberto Frasson Scafi e Cláudio Rogério Carneiro Fernandes em primeira instância.


Fonte: Globo

26 comentários:

Anônimo disse...

olha a cara de preocupação deles e, com certeza, votaram na dilma

Anônimo disse...

Por isso prefiro médicos cubanos.

Anônimo disse...

o Anônimo vagabundo e canalha da mensagem das 18:19h, eleitor da gang que durante 12 anos devastou MG e deixou uma dívida de quase 80 BILHÕES DE REAIS, além de serviços públicos sucateados, sabe que o chefe desse quadrilha, o médico Carlos Mosconi era deputado estadual do PSDB, e foi presidente da comissão de saúde do parlamento de MG, homem de confiança de Aécio. O marginal que escreveu a mensagem é só mais um que faz parte do exército de robôs do Aécio para tentar distorcer os fatos e reverter as notícias sobre corrupção que aparecem contra ele. Agora não dá mais para esconder. Não tem mais o poder e não tem mais como manipular a informação.

HELENA BRITO 65 disse...

O que a Dilma tem a ver FDP?

Unknown disse...

Para de falar merda!

Unknown disse...

Ele deve ter cheirando o produto do helicóptero.

Anônimo disse...

Votaram na Dilma? Veja essa matéria para saber em que eles votaram...
http://www.viomundo.com.br/denuncias/leandro-fortes-tucano-carlos-mosconi-um-feliciano-piorado-na-assembleia-mineira.html

Anônimo disse...

Tenho fé q um dia, entenderemos q devemos nos unir pra uma reforma politica, pra uma reforma constitucional e pararmos com essa guerrinha pt e psdb

Anônimo disse...

Para um tal Anônimo: deixa de ser desonesto intelectual, a maioria dos médicos fizeram campanha para o Aécio.

Maria J. de Castro disse...

o tucano Carlos Mosconi, médico e idealizador da MG Sul Transplantes, ONG que servia de central clandestina de receptação e distribuição de órgãos humanos em Poços de Caldas. Foi presidente da Comissão de Saúde do Parlamento mineiro desde o governo de Aécio Neves em MG.


http://www.viomundo.com.br/denuncias/leandro-fortes-tucano-carlos-mosconi-um-feliciano-piorado-na-assembleia-mineira.html

Maria J. de Castro disse...

Aeroporto clandestino do Aécio Neves tb está ligado a máfia do transplante de órgãos.

http://ppavesi.blogspot.com.br/2014/07/o-aeroporto-de-aecio-e-o-trafico-de.html

zucca disse...

É de perder a esperança qdo vc lê um comentario "votaram na dilma" sobre um assunto tão absurdo e sério. Ao invés de exigirmos punição e acabar com essa quadrilha, ja vem um e minimiza o horror promovido por esses seres. Mais maor, por favor.

Unknown disse...

PORQUE SOLTAR ESTES CANALHAS? DEIXA ELE SER PRESO E MORTO NA CADEIA,SÓ FALAR PRO DETENTOS QUE ELES FAZEM JUSTIÇA COM SUAS MÃOS, POIS POR INCRIVELUE PAREÇA, DENTRO DAS PRISÕES MUITOS SÃO MAIS HUMNAOS QUE ESTES. ASSIM SEUS ORGÃOS SERÃO DOADOS POR COMPLETO....QUEM COM FERRE FERE CM FERRO SERÁ FERIDO, EM PROL DA HUMANIDADE MAIS HUMANA!

Anônimo disse...

A politicagem barata dos anti-Dilma chega ser engraçada: essa turma é ligada ao Carlos Mosconi, homem de confiança do Aécio.

Anônimo disse...

Este caso é tão grave e tão horroroso... E pior é saber que esses caras prestaram um juramento de preservar a vida humana e se venderam por pura ganância. Não são médicos, são monstros! Deveriam morrer no presídio. Não sabem o que é ter im filho.

Maria disse...

Por favor, respeitem as famílias e as vítimas. Dilma e Aécio não tem nada a ver com isso. Direcionem comentários à barbaridade da ocorrência. Esses algozes e bandidos já tinham passagem pela polícias, no passado recente já escolheram suas vítimas de ontem e foram soltos, em liberdade amanhã as vítimas futuras poderão ser qualquer um de vocês.

Anônimo disse...

No Brasil só tem ladrão na política corrupta!! Hoje, o maior empreendedorismo é envolver na política!! Quem entra vai só mama.

Paulo Pavesi disse...

Caros leitores. Eu sou Paulo Pavesi e meu filho foi assassinado por esta quadrilha, cujo chefe é amigo pessoal e braço direito de Aécio Neves. No entanto, me admira ver como um caso tão sujo pode virar guerra política. Uma criança de 10 anos foi assassinada. E parece que isto importa menos do que o perfil do chefe da quadrilha. Esta guerra PT e PSDB está acabando com o Brasil enquanto crianças como o meu filho estão sendo dizimadas. Será que poderíamos pensar nisso?

Anônimo disse...

Porque falar da Dilma te ofende tanto? É cúmplice dela?

Anônimo disse...

Nossa que cara trouxa! Porque acha que o outro não tem direito de opinar!

Anônimo disse...

Bruxa! Diminha!

Anônimo disse...

E vc na sua casa!

malu disse...

sr. Paulo Pavesi, sentimentos e espero que os culpados realmente cumpram as penas. Mas o sr. fala de "um chefe de quadrilha", mas não deu nome, ele já está entre os denunciados?

Anônimo disse...

Dilma deu autonomia ao MP e a PF como nunca antes ninguém deu , por isso você esta falando ASNEIRAS seu MENTECAPTO !

Anônimo disse...

Otário preconceituoso. Dilma sofre na mão de ridículos assim.
E vou dizer mais, não vi máfia nenhuna nesses casos.
PROMOTORES incompetentes, e muitos incapazes de seguir um procedimento jurídico adequado.
Nosso sistema penal segue com profissionais do sistema judiciário, desqualificados e movidos por emoções populares, prejudicando o estado de direito.
Para mim esses indivíduo deveriam ser proibidos de levarem trabalho para casa, assim como de lecionarem e com carga horária igual a qualquer funcionário público, de 40 horas semanais e férias de 30 dias anuais.

Anônimo disse...

Médico votando em Dilma? De onde o acéfalo tirou isso? Todo médico que conheço votou no Aécio, que fez conluio com a máfia do jaleco, que tem poder no congresso, que queriam aprovar o terrível "ato médico". Vão catar coquinho.