segunda-feira, 23 de março de 2015

Mulher, acusada de queimar o alcorão, foi espancada e apedrejada ate a morte


Uma mulher com problemas mentais foi linchada nas ruas de Cabul, no Afeganistão, acusada de ter queimado um Corão na capital. A mulher, chamada Farkhonda, de 32 anos, teria queimado um Corão em público e uma multidão a matou espancada, ateou fogo a seu corpo e depois o atirou no rio Cabul.

Na última quinta-feira, uma multidão, composta principalmente por homens, atacou a mulher com paus e pedras, espancando-a até a morte. Em seguida, atearam fogo a seu corpo. A polícia, segundo relatos, testemunhou a ação, mas não tomou providências.
Centenas de pessoas foram ao funeral de Farkhunda exigindo que os perpetradores do crime fossem punidos. O caixão de uma mulher espancada e apedrejada até a morte em Cabul foi carregado por um grupo de mulheres, rompendo a tradição dos funerais no Afeganistão.
O ataque da mulher, assim como a falta de intervenção policial, foram duramente criticados.O presidente afegão Ashraf Ghani disse ter ordenado uma investigação sobre o episódio.
Testemunhas dizem que o grupo acusava a mulher de queimar uma cópia do Alcorão, o livro sagrado do islamismo. No entanto, um funcionário do Ministério do Interior encarregado de investigar o caso disse não ter encontrado provas que confirmassem a acusação.
"Farkhunda era completamente inocente", disse o general Mohammad Zahir à imprensa local. Segundo ele, 13 pessoas, incluindo policiais, foram presas.


Ativistas afegãs rompem tradição e carregam caixão


Em seu funeral, neste domingo, ativistas de direito das mulheres e da sociedade civil carregaram o caixão, papel que costuma ser desempenhada por homens. As mulheres choravam e gritavam "queremos justiça para Farkhunda".
O irmão de Farkhunda disse à agência de notícias Reuters que ela se preparava para ser professora de estudos religiosos.
As mulheres ainda sofrem discriminação na maior parte do país e os ataques a elas frequentemente não são punidos.
Mesmo assim, acredita-se que este ataque, que aconteceu próximo à mesquita Shah-Du-Shamshaira, seja o primeiro do tipo no Afeganistão.


Fonte: G1 Globo

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