Uma mulher com problemas mentais
foi linchada nas ruas de Cabul, no Afeganistão, acusada de ter queimado um
Corão na capital. A mulher, chamada Farkhonda, de
32 anos, teria queimado um Corão em público e uma multidão a matou espancada,
ateou fogo a seu corpo e depois o atirou no rio Cabul.
Na última quinta-feira, uma
multidão, composta principalmente por homens, atacou a mulher com paus e
pedras, espancando-a até a morte. Em seguida, atearam fogo a seu corpo. A
polícia, segundo relatos, testemunhou a ação, mas não tomou providências.
Centenas de pessoas foram ao
funeral de Farkhunda exigindo que os perpetradores do crime fossem punidos. O
caixão de uma mulher espancada e apedrejada até a morte em Cabul foi carregado
por um grupo de mulheres, rompendo a tradição dos funerais no Afeganistão.
O ataque da mulher, assim como a
falta de intervenção policial, foram duramente criticados.O presidente afegão
Ashraf Ghani disse ter ordenado uma investigação sobre o episódio.
Testemunhas dizem que o grupo
acusava a mulher de queimar uma cópia do Alcorão, o livro sagrado do islamismo.
No entanto, um funcionário do Ministério do Interior encarregado de investigar
o caso disse não ter encontrado provas que confirmassem a acusação.
"Farkhunda era completamente
inocente", disse o general Mohammad Zahir à imprensa local. Segundo ele,
13 pessoas, incluindo policiais, foram presas.
Ativistas afegãs rompem tradição e carregam caixão
Em seu funeral, neste domingo,
ativistas de direito das mulheres e da sociedade civil carregaram o caixão,
papel que costuma ser desempenhada por homens. As mulheres choravam e gritavam
"queremos justiça para Farkhunda".
O irmão de Farkhunda disse à
agência de notícias Reuters que ela se preparava para ser professora de estudos
religiosos.
As mulheres ainda sofrem
discriminação na maior parte do país e os ataques a elas frequentemente não são
punidos.
Mesmo assim, acredita-se que este
ataque, que aconteceu próximo à mesquita Shah-Du-Shamshaira, seja o primeiro do
tipo no Afeganistão.
Fonte: G1 Globo
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