No alojamento trabalhadores mostram o que têm para
"comer"
Após receber uma denúncia de um
trabalhador que estaria em condições análogas a de escravidão em uma obra da
construtora Tenda/Grafisa, no bairro Camargos, região Noroeste de Belo
Horizonte, o Sindicato dos Trabalhadores da Construção de BH (Marreta) esteve
no local e flagrou 12 trabalhadores em condições precárias de trabalho no
local.
“Esse trabalhador nos procurou
dizendo que tem dois meses que ele foi mandado embora, sem receber, e que a
empresa não resolvia a situação dele e ainda ameaçou cortar a sua alimentação.
Fomos no alojamento e vimos várias goteiras lá, hoje vou no Ministério do
Trabalho e Emprego (MTE) pra conversar pessoalmente sobre isso. Já procurei a
Tenda e eles falaram que segunda-feira (30) irão regularizar a situação dos
trabalhadores”, explica o diretor do Marreta, Gilson Valdez.
Chamado de “alojamento-senzala”
pelos trabalhadores, o local ainda estaria sem luz e sem água potável, e com
alimentação precária. São 12 os trabalhadores que vieram da cidade de Serra, no
Espírito Santo, da Bahia, de São Paulo e do Piauí, além de um que veio do
interior do Estado. Eles trabalham como pedreiros e serventes, mas a
contratação dos funcionários, estaria irregular.
O pagamento prometido a eles
seria de R$ 3 mil, mas os trabalhadores já estariam sem receber há cerca de
três meses, ganhando apenas um vale de R$ 500,00 por mês, desde janeiro. O
último pagamento foi em dezembro, sendo que o 13º salário também não foi pago.
Construindo “felicidade”?
Além disso, eles não recebem
nenhum direito como trabalhadores, como cestas básicas. Alguns empregados já
trabalham no local há um ano e dois meses e o mais recente deles, está lá há
seis meses, sem contar com um trabalhador da Bahia que chegou há dois meses e
até hoje não recebeu nada.
O sindicato lembra que a
Tenda/Grafisa já foi incluída na lista suja do MTE de empresas flagradas
explorando mão de obra análoga à escrava no país. Foram dois empreendimentos
envolvidos, sendo um projeto residencial em Juiz de Fora e outro canteiro de
obras na capital.
O MTE informou que não foi
notificado oficialmente sobre a denúncia. Já a construtora Tenda disse
desconhecer qualquer irregularidade trabalhista em suas obras e informou que
“irá investigar qualquer denúncia de ocorrência nesse sentido”. “A companhia
esclarece que repudia qualquer prática desrespeitosa aos direitos trabalhistas
e reafirma seu compromisso com o respeito à legislação vigente”, finalizou, por
meio de nota.
Fonte: O Tempo
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