As jovens vendiam os bilhetes em
frente ao Mercado Shangri-lá; ao mesmo tempo, agenciavam programas sexuais (Crédito: Roberto Custódio/JL)
As garotas que abordavam
possíveis clientes, principalmente idosos, desapareceram após estourar o
escândalo de favorecimento a esse crime envolvendo Marcelo Caramori e fiscais
da Receita Estadual em Londrina.
O grupo de meninas que vendia
bilhetes de loteria em frente ao Mercado Shangri-lá, na zona oeste de Londrina,
sumiu há meses. O desaparecimento delas ocorreu logo após o estouro, em janeiro
passado, do escândalo de favorecimento à prostituição de adolescentes
envolvendo o ex-assessor da Casa Civil do Paraná Marcelo Caramori e fiscais da
Receita Estadual. Não se tratou de uma coincidência: além da venda de bilhetes,
as meninas faziam programas sexuais e agenciavam encontros com adolescentes.
Segundo um comerciante, elas foram presas.
A loteria era uma fachada para a
abordagem ostensiva aos clientes, segundo os lojistas do local ouvidos pelo JL.
O alvo preferencial das meninas era idosos. A suspeita é de que os programas
eram negociados no próprio mercado. Se o encontro era com adolescentes, os
homens as buscavam em outros locais, como em frente ao Armazém da Moda, perto
do Supermercado Viscardi da Vila Casoni e até mesmo em Cambé.
O grupo que desapareceu, segundo
lojistas, somava três ou quatro meninas. Este é um dos vários esquemas de
prostituição de adolescentes que são investigados hoje em Londrina. Não existe,
obrigatoriamente, uma relação entre todos os núcleos que estão na mira do Grupo
de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Sabe-se, porém, que
alguns deles mantinham contatos entre si.
As vendedoras de bilhetes de
loteria do Shangri-lá, por exemplo, mantinham contato com o ex-assessor da Casa
Civil do Paraná Marcelo Caramori e com o fiscal da Receita Estadual em Londrina
Orlando Aranda. O grupo delas, no entanto, tinha também uma forma própria de
funcionamento.
Reclamações
Entre os comerciantes do
Shangri-lá, não eram poucas as queixas quanto ao comportamento das garotas. A
principal era a de que a abordagem ostensiva incomodava os clientes do mercado.
Segundo uma lojista, a atuação das meninas intimidava inclusive as mulheres dos
consumidores que iam acompanhados. Em uma ocasião, os comerciantes chamaram a
polícia, mas o problema não foi resolvido.
Nas falas das garotas que faziam
“ponto” no mercado Shangri-lá aparecem informações sobre festas em mansões e
chácaras, para as quais eram levadas adolescentes. Entre os endereços citados
estão uma mansão na Gleba Palhano, em Londrina, e uma chácara em Bratislava, em
Cambé.
Oito foram presos
Oito pessoas chegaram a ser
presas acusadas de envolvimento em esquemas de prostituição de adolescentes. As
investigações foram deflagradas em janeiro, quando o auditor da Receita
Estadual em Londrina Luiz Antônio de Souza foi preso num motel com uma
adolescente. Depois, foram detidos outros fiscais e auditores do órgão,
mulheres suspeitas de agenciar adolescentes para a prostituição e o ex-assessor
da Casa Civil do Paraná Marcelo Caramori.
As investigações sobre a
prostituição de adolescentes continuam. A Promotoria de Defesa do Patrimônio
Público apura também a evolução patrimonial de auditores e fiscais da Delegacia
da Receita Estadual em Londrina. Souza, o primeiro a ser preso no caso da
prostituição, tem um patrimônio estimado em R$ 30 milhões, por exemplo. A
suspeita é de que os investigados teriam um esquema de cobrança de propina para
diferentes fins ilícitos.
Fonte: http://www.jornaldelondrina.com.br/
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