quinta-feira, 26 de março de 2015

Esquema de exploração sexual de menores simulava venda de loteria

As jovens vendiam os bilhetes em frente ao Mercado Shangri-lá; ao mesmo tempo, agenciavam programas sexuais (Crédito: Roberto Custódio/JL)
As garotas que abordavam possíveis clientes, principalmente idosos, desapareceram após estourar o escândalo de favorecimento a esse crime envolvendo Marcelo Caramori e fiscais da Receita Estadual em Londrina.

O grupo de meninas que vendia bilhetes de loteria em frente ao Mercado Shangri-lá, na zona oeste de Londrina, sumiu há meses. O desaparecimento delas ocorreu logo após o estouro, em janeiro passado, do escândalo de favorecimento à prostituição de adolescentes envolvendo o ex-assessor da Casa Civil do Paraná Marcelo Caramori e fiscais da Receita Estadual. Não se tratou de uma coincidência: além da venda de bilhetes, as meninas faziam programas sexuais e agenciavam encontros com adolescentes. Segundo um comerciante, elas foram presas.
A loteria era uma fachada para a abordagem ostensiva aos clientes, segundo os lojistas do local ouvidos pelo JL. O alvo preferencial das meninas era idosos. A suspeita é de que os programas eram negociados no próprio mercado. Se o encontro era com adolescentes, os homens as buscavam em outros locais, como em frente ao Armazém da Moda, perto do Supermercado Viscardi da Vila Casoni e até mesmo em Cambé.
O grupo que desapareceu, segundo lojistas, somava três ou quatro meninas. Este é um dos vários esquemas de prostituição de adolescentes que são investigados hoje em Londrina. Não existe, obrigatoriamente, uma relação entre todos os núcleos que estão na mira do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Sabe-se, porém, que alguns deles mantinham contatos entre si.
As vendedoras de bilhetes de loteria do Shangri-lá, por exemplo, mantinham contato com o ex-assessor da Casa Civil do Paraná Marcelo Caramori e com o fiscal da Receita Estadual em Londrina Orlando Aranda. O grupo delas, no entanto, tinha também uma forma própria de funcionamento.
Reclamações
Entre os comerciantes do Shangri-lá, não eram poucas as queixas quanto ao comportamento das garotas. A principal era a de que a abordagem ostensiva incomodava os clientes do mercado. Segundo uma lojista, a atuação das meninas intimidava inclusive as mulheres dos consumidores que iam acompanhados. Em uma ocasião, os comerciantes chamaram a polícia, mas o problema não foi resolvido.
Nas falas das garotas que faziam “ponto” no mercado Shangri-lá aparecem informações sobre festas em mansões e chácaras, para as quais eram levadas adolescentes. Entre os endereços citados estão uma mansão na Gleba Palhano, em Londrina, e uma chácara em Bratislava, em Cambé.

Oito foram presos
Oito pessoas chegaram a ser presas acusadas de envolvimento em esquemas de prostituição de adolescentes. As investigações foram deflagradas em janeiro, quando o auditor da Receita Estadual em Londrina Luiz Antônio de Souza foi preso num motel com uma adolescente. Depois, foram detidos outros fiscais e auditores do órgão, mulheres suspeitas de agenciar adolescentes para a prostituição e o ex-assessor da Casa Civil do Paraná Marcelo Caramori.

As investigações sobre a prostituição de adolescentes continuam. A Promotoria de Defesa do Patrimônio Público apura também a evolução patrimonial de auditores e fiscais da Delegacia da Receita Estadual em Londrina. Souza, o primeiro a ser preso no caso da prostituição, tem um patrimônio estimado em R$ 30 milhões, por exemplo. A suspeita é de que os investigados teriam um esquema de cobrança de propina para diferentes fins ilícitos.

Fonte: http://www.jornaldelondrina.com.br/

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