As integrantes da Pastoral da
Mulher de Belo Horizonte – Unidade Oblata em Minas Gerais, Isabel Brandão e Ir.
Ivoni Grando marcaram presença no “Ciclo de Debates Reforma Política, Igualdade
de Gênero e Participação: O que querem as Mulheres de Minas”, evento realizado
no dia 13/03, na Assembléia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), comemorativo ao
08 de Março - Dia Internacional da Mulher.
Representando a Plataforma dos
Movimentos Sociais, Maria Amélia Souza Mendes, defendeu o fim do financiamento
privado das campanhas eleitorais que, em sua opinião, reforça um sistema
excludente e dominado pelos homens. Segundo Amélia, entidades como o Movimento
de Combate à Corrupção Eleitoral, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), sindicatos e outros 100
movimentos organizados da sociedade civil se uniram para elaborar um projeto de
coalizão para a reforma política, de modo a favorecer a igualdade de gênero e a
participação das mulheres na política. Ela destacou ainda o trabalho de
divulgação e coleta de assinaturas para a apresentação de um projeto de lei de
iniciativa popular ao Congresso Nacional até o final deste mês.
As principais propostas desse
projeto são: eleições proporcionais em dois turnos; lista pré-ordenada
(paritária), que consiste na obrigatoriedade de alternância de sexos;
financiamento democrático das campanhas; e nova regulamentação dos mecanismos
de exercício da democracia direta (plebiscito, referendo e projeto de
iniciativa popular).
Finalizando o ciclo de debates,
Benilda Regina Brito, Coordenadora do N’Zinga –
Coletivo de Mulheres Negras – e assessora da ONU Mulher, deu destaque a
luta das mulheres negras, sendo bastante aplaudida ao ler um trecho do discurso
de Sojourner Truth – famosa oradora e defensora dos Direitos da Mulheres,
proferido na Women’s Rights Convention em Akron, Ohio, Estados Unidos, em 1851:
“Aqueles homens ali dizem que as
mulheres precisam de ajuda para subir em carruagens, e devem ser carregadas
para atravessar valas, e que merecem o melhor lugar onde quer que estejam.
Ninguém jamais me ajudou a subir em carruagens, ou a saltar sobre poças de
lama, e nunca me ofereceram melhor lugar algum! E não sou uma mulher? Olhem
para mim? Olhem para meus braços! Eu arei e plantei, e juntei a colheita nos
celeiros, e homem algum poderia estar à minha frente. E não sou uma mulher? Eu
poderia trabalhar tanto e comer tanto quanto qualquer homem – desde que eu
tivesse oportunidade para isso – e suportar o açoite também! E não sou uma
mulher? Eu pari 13 treze filhos e vi a maioria deles ser vendidos para a
escravidão, e quando eu clamei com a minha dor de mãe, ninguém a não ser Jesus
me ouviu! E não sou uma mulher?
Daí aquele homenzinho de preto
ali disse que a mulher não pode ter os mesmos direitos que o homem porque
Cristo não era mulher! De onde o seu Cristo veio? De onde o seu Cristo veio? De
Deus e de uma mulher! O homem não teve nada a ver com isso.
Se a primeira mulher que Deus fez
foi forte o bastante para virar o mundo de cabeça para baixo por sua própria
conta, todas estas mulheres juntas aqui devem ser capazes de consertá-lo,
colocando-o do jeito certo novamente. E agora que elas estão exigindo fazer
isso, é melhor que os homens as deixem fazer o que elas querem.”
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