Duas indianas tiveram coragem
suficiente para gravar um rap contra o estupro, o #RapAgainstrape, em seu país.
Após colocarem o clipe no YouTube, o vídeo 'viralizou' e está com quase 100 mil
acessos em apenas dois dias.
Os casos de violência contra a mulher naquele país
assustam pelo teor chocante – elas são consideradas menos dignas de respeito do
que os homens culturalmente e, alguns livros hindus deixam claro o diminuto
papel feminino na sociedade indiana, como o Manusmriti, ou Leis de Manu, que
promove a desigualdade ao afirmar que uma mulher não está apta a ser
independente em nenhum momento de sua vida.
Pankhuri Awasthi e Uppekha Jain
postaram o vídeo poucos dias depois de uma freira de 70 anos ser estuprada,
quando um grupo de cinco intrusos invadiu um colégio religioso ao leste da
Índia. Na sequência, houve um clamor nacional depois que o governo indiano
proibiu a transmissão do documentário India's daughter, sobre o estupro
coletivo a Jhoti Singh, em 2012, produzido pela BBC londrina. A morte da
estudante causou indignação nacional, e elevou a pressão pública por uma
justiça mais rápida num país onde, embora os índices de crimes contra as
mulheres sejam galopantes, os processos judiciais se arrastam por anos. Como
resultado, as leis se tornaram mais severas e passaram a prever pena de morte
para alguns casos específicos – em alguns deles, os molestadores foram presos.
Segundo M Venkaiah Naidu, ministro para assuntos parlamentares da Índia, o
filme "é uma conspiração internacional para difamar o país". O
vídeo-manifesto das meninas abre com um aviso: "Este vídeo não tem nenhum
conteúdo explícito. Mostra somente a realidade das mulheres indianas".
"Não se iniba agora, você é
parte dessa cultura", diz Jain em ritmo de rap, misturando hindu e inglês.
As amigas, que são de Mumbai, abordam do infanticídio feminino à agressão
sexual. Em determinado ponto, Jain pede ao público que, em vez de proibir o uso
de 'palavrões e roupas sexy, melhor tomar coragem e banir os criminosos do
parlamento'. "É hora de fundar novas definições para honra, dignidade,
respeito e masculinidade".
Awasthi responde: "Vou usar
o que quiser, mesmo se for 'mini', será somente um vestido e, nem por um
segundo pense que isso é um sim" – no caso de 2012, os agressores culparam
a vítima por não se comportar como uma 'mulher decente'.
No fim, a letra diz: "Os
tempos em que éramos abusadas e caladas acabou. E por trás de portas fechadas
nós choramos. É tempo de mudar a maré e para você ficar ao nosso lado.
Ajude-nos a trazer um novo dia - para você, para mim, para nós. Vamos cavar um
novo caminho".
Fonte: Revista Epoca
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