quinta-feira, 9 de abril de 2015

Prostitutas denunciam agressões

Profissionais de Goiás dizem ser maltratadas e cobram ação da Corregedoria da PM.

Há um mês, as profissionais do sexo que atuam na região do Dergo, mais especificamente no entorno da Rua Damiana da Cunha, reclamam de violência nas abordagens policiais sofridas a partir de operação para combate ao tráfico de drogas. Elas denunciam que são agredidas e humilhadas. Porta-voz da PM, tenente-coronel Divino Alves confirma a ação, mas nega abusos. E ainda afirma que a operação não tem data para ser encerrada e recomenda que as mulheres procurem a corregedoria para formalizar as reclamações.

Andréia é prostituta no local há mais de cinco anos. Ela prefere não falar o nome completo por medo. “Uma colega deu entrevista esses dias e foi agredida no outro dia.” Ela afirma que, desde o final do mês de janeiro, vem encontrando dificuldade para trabalhar. “Viaturas da PM permanecem aqui o dia todo. Quando os clientes chegam, são abordados e os PMs mandam todos embora. Não querem saber de nada, são violentos e grosseiros.”

Diretora do Centro de Valorização da Mulher (Cevam), Dolly Soares montou um grupo para acompanhamento das prostitutas. Desde 29 de janeiro, três reuniões já foram realizadas e o grupo reúne as denúncias. “São muitas reclamações, mas as principais são referentes à violência. Isso é muito preocupante porque elas não têm a quem recorrer. Estamos nessa luta e vamos cobrar respostas para esses abusos.”

Dolly avalia que cerca de 250 trabalhadoras do sexo atuem na região. E, segundo levantou, grande maioria já sofreu algum tipo de humilhação. Travesti, Renata afirma que já foi agredida duas vezes. Mas, na opinião dela, o pior é a humilhação. “Nos chamam de tudo, puxam nosso cabelo. Posso ser o que for, mas sou um ser humano e mereço respeito. Pago meus impostos e não preciso ser agredida por qualquer um na rua. Quero só meu dinheiro.” Ela afirma que as mulheres e travestis que atuam na região não são contra a ação da PM, mas querem mais respeito nas abordagens.

O Comitê Estadual de Prevenção e Combate à Tortura de Goiás (CEPCT-GO) foi convidado a participar das ações no local. Presidente da entidade, Símaro Suail Jordão se mostrou preocupado com os relatos das prostitutas. “O comitê repudia os maus tratos, confisco de documentação e as agressões físicas e psicológicas que elas afirmam que estão sofrendo.” Ele destaca que esteve na corregedoria da PM há cerca de duas semanas e que o problema foi apresentado. “Ficou acordado que o caso seria checado e que providências seriam tomadas.”

Na reunião realizada na tarde de sexta-feira (21), uma das profissionais do sexo optou por não se identificar. Mas ela afirma que na noite de quarta-feira, foi agredida em uma das abordagens. Ela apresentava a boca inchada. “Foi um chute”, disse. Ela reclama que em todas as abordagens é tratada com violência. “Dessa vez procurei a delegacia para registro de ocorrência. Não vou aceitar levar porrada e ficar quieta.” Com o documento em mãos, ela aguarda, agora, ser chamada para prestar depoimento. “Não sei se esse caso vai adiante, mas alguém precisa olhar por nós.”

Dona de um bar na região, que também prefere não falar o nome, diz que uma parede do estabelecimento já foi apelidada de “paredão da tortura”. Quando os PMs entram já colocam todos os clientes na parede, agridem com socos, tapas e pontapés, reclama ela.

Fonte: http://www.ohoje.com.br/

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