Profissionais de Goiás dizem ser
maltratadas e cobram ação da Corregedoria da PM.
Há um mês, as profissionais do
sexo que atuam na região do Dergo, mais especificamente no entorno da Rua Damiana
da Cunha, reclamam de violência nas abordagens policiais sofridas a partir de
operação para combate ao tráfico de drogas. Elas denunciam que são agredidas e
humilhadas. Porta-voz da PM, tenente-coronel Divino Alves confirma a ação, mas
nega abusos. E ainda afirma que a operação não tem data para ser encerrada e
recomenda que as mulheres procurem a corregedoria para formalizar as
reclamações.
Andréia é prostituta no local há
mais de cinco anos. Ela prefere não falar o nome completo por medo. “Uma colega
deu entrevista esses dias e foi agredida no outro dia.” Ela afirma que, desde o
final do mês de janeiro, vem encontrando dificuldade para trabalhar. “Viaturas
da PM permanecem aqui o dia todo. Quando os clientes chegam, são abordados e os
PMs mandam todos embora. Não querem saber de nada, são violentos e grosseiros.”
Diretora do Centro de Valorização
da Mulher (Cevam), Dolly Soares montou um grupo para acompanhamento das
prostitutas. Desde 29 de janeiro, três reuniões já foram realizadas e o grupo
reúne as denúncias. “São muitas reclamações, mas as principais são referentes à
violência. Isso é muito preocupante porque elas não têm a quem recorrer.
Estamos nessa luta e vamos cobrar respostas para esses abusos.”
Dolly avalia que cerca de 250
trabalhadoras do sexo atuem na região. E, segundo levantou, grande maioria já
sofreu algum tipo de humilhação. Travesti, Renata afirma que já foi agredida
duas vezes. Mas, na opinião dela, o pior é a humilhação. “Nos chamam de tudo,
puxam nosso cabelo. Posso ser o que for, mas sou um ser humano e mereço
respeito. Pago meus impostos e não preciso ser agredida por qualquer um na rua.
Quero só meu dinheiro.” Ela afirma que as mulheres e travestis que atuam na
região não são contra a ação da PM, mas querem mais respeito nas abordagens.
O Comitê Estadual de Prevenção e
Combate à Tortura de Goiás (CEPCT-GO) foi convidado a participar das ações no
local. Presidente da entidade, Símaro Suail Jordão se mostrou preocupado com os
relatos das prostitutas. “O comitê repudia os maus tratos, confisco de
documentação e as agressões físicas e psicológicas que elas afirmam que estão
sofrendo.” Ele destaca que esteve na corregedoria da PM há cerca de duas
semanas e que o problema foi apresentado. “Ficou acordado que o caso seria
checado e que providências seriam tomadas.”
Na reunião realizada na tarde de
sexta-feira (21), uma das profissionais do sexo optou por não se identificar.
Mas ela afirma que na noite de quarta-feira, foi agredida em uma das
abordagens. Ela apresentava a boca inchada. “Foi um chute”, disse. Ela reclama
que em todas as abordagens é tratada com violência. “Dessa vez procurei a
delegacia para registro de ocorrência. Não vou aceitar levar porrada e ficar
quieta.” Com o documento em mãos, ela aguarda, agora, ser chamada para prestar
depoimento. “Não sei se esse caso vai adiante, mas alguém precisa olhar por
nós.”
Dona de um bar na região, que
também prefere não falar o nome, diz que uma parede do estabelecimento já foi
apelidada de “paredão da tortura”. Quando os PMs entram já colocam todos os
clientes na parede, agridem com socos, tapas e pontapés, reclama ela.
Fonte: http://www.ohoje.com.br/
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