terça-feira, 7 de abril de 2015

México: Um regime político para as redes de tráfico de mulheres e a impunidade

Sob a democracia assassina do PRI (Partido Revolucionário Institucional), PAN (Partido da Ação Nacional) e PRD (Partido da Revolução Democrática) um novo nome se soma diariamente a longa lista de mulheres unidas no horror de terem sido arrancadas de suas casas, para serem trocadas como mercadorias sexuais. 


Cabe destacar que existem distintas formas de captura, como os anúncios de oferta de trabalho que frequentemente estão pedindo jovens de boa aparência para trabalhar em empresas inexistentes, as quais são recrutadas com promessas de bons salários em lugares longes ou, inclusive, em outros países e outra é pelos famosos “arrastões” (No México, são sequestros nos quais as mulheres são levadas pelas e para as redes de tráfico de pessoas).

Um verdadeiro comércio com rosto de mulher – onde as mais pobres e as migrantes são as mais vulneráveis – que exige que as mulheres e crianças sequestradas fiquem sem suas identidades, cortam-lhes a comunicação e as torturam fisicamente até que não lhes restem forças para tentar escapar.

O negócio do tráfico de mulheres é o terceiro lugar no ranking de negócios tão “produtivo” como a venda de armas e o tráfico de drogas, gerando lucros milionários para os cafetões – o que é suficiente para comprar o silêncio e a impunidade de juízes, policiais, políticos, governadores e autoridades de todos os níveis.

O Observatório Cidadão Nacional de Feminicídio documenta que desapareceram em apenas nove estados do México 9.200 mulheres e crianças. Entre junho de 2011 e junho de 2012 somente no Estado do México foram 955, sendo que 60% eram menores de 17 anos.

E por outro lado, segundo dados oficiais da Promotoria Especial para os crimes de violência contra as mulheres e tráfico de pessoas da Procuradoria Geral da República, os estados com maior índice de casos de tráfico de mulheres são: Tlaxcala, Distrito Federal, Puebla, Estado de México, Chihuahua, Chiapas, Veracruz Oaxaca y Guanajuato.

Nos últimos meses foi exposta uma rede de prostituição no interior do Partido Revolucionário Institucional (PRI) – encabeçada por Cuauhtémoc Gutiérrez³-, fecham com frequência centros noturnos que na realidade são centros de tráfico de pessoas no contexto de que existe uma Lei para Prevenir e Sancionar o Tráfico de Pessoas.

Esta lei é inoperante não porque não contenha elementos jurídicos para castigar, mas sim porque seguem sendo as mulheres vítimas do tráfico as que devem demonstrar que não aceitaram ser violadas, apropriadas, submetidas e torturadas, é fácil deduzir que os responsáveis destes crimes permanecerão impunes. Além disso, não é que não podemos acessar a justiça, nem que haja “ineficiência”, mas sim que os encarregados de administrar a justiça são os principais encobridores e só simulam que o Estado busca combater esta problemática.

Recentemente a Comissão contra o tráfico de pessoas do Senado propôs e aprovou um decreto de reformas em diversos artigos a lei citada. Ante a qual várias advogadas e especialistas advertem: “As modificações propostas são desnecessárias, podem ter de fundo a proteção de criminosos, tais como empresários e políticos”, ou seja, ainda que o decreto contenha elementos progressivos que buscam proteger as menores de idade vítimas de tráfico, as reformas propostas têm como fim impedir a punição aos responsáveis.

Não estão perdidas, estão desaparecidas, as autoridades são cúmplices!

Nesse sentido, como mencionam integrantes da agrupação de mulheres Pão e Rosas: “As mulheres temos que organizarmos para lutar pelo desmantelamento das redes de tráfico de pessoas e prostituição, sem depositar nenhuma confiança na justiça, nas autoridades políticas e judiciais cúmplices, na polícia e outras forças repressivas, principais sócias deste grande negócio”.

Mencionam que enquanto nestas eleições todas as candidaturas colocam dentro de sua agenda resolver os milhares de assassinatos e desaparecimentos ao longo do país, nossa tarefa deve ser levantar um grande movimento nas ruas que lute contra o feminicídio, as redes de tráfico, o trabalho precário e por conquistar nossos direitos mais elementares. Junto com conformar organismos de investigação das redes de tráfico, feminicídios, controlados por vítimas sobreviventes, seus familiares e organizações de mulheres e de direitos humanos independentes do Estado e suas instituições, para esclarecer cada fato e avançar na luta para terminar com a violência que nós mulheres sofremos.
Fonte: www.esquerdadiario.com.br

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