segunda-feira, 6 de abril de 2015

Dá para ser feminista e cristã? Dá sim!

O meu desejo é deixar claro para ambos os lados que estamos agindo em prol de um mundo melhor e que, por mais que nossas ideias entrem em conflito, é necessário que haja um pouco mais de paciência de cada um para que possamos nos entender de uma vez.

Por Lika Sagi, do Lugar de Mulher

Desde que me assumi feminista e comecei a escrever sobre, muitos questionamentos guiados pela desinformação são feitos. Uns perguntam sobre depilação, outros sobre começar a odiar homens, outros perguntam até se eu me tornei lésbica. Mas um dos maiores questionamentos que eu enfrento é como eu vou me manter cristã e feminista ao mesmo tempo.
Nascida e criada na igreja católica, me tornei espírita há 3 anos e, desde então, minha fé é construída com base em diversas religiões. Eu simplesmente não me sinto confortável seguindo uma doutrina só, eu gosto de encontrar o meu caminho na fé com base no que eu acredito. Eu meio que “monto” minha própria religião sem deixar de respeitar as outras e sem desconsiderar também os ateus pois acredito que cada um sabe o que é melhor para si. Como seguir meus caminhos na fé sem deixar de lutar pelos direitos que o feminismo reivindica? Ora essa, usando um dispositivo chamado bom senso.
Eu sei e muitos de nós sabemos que as doutrinas do cristianismo ainda são baseadas na Bíblia, que foi escrita por um mortal que foi incumbido de espalhar a palavra de Deus com base na vida daquela época. Acontece que o mundo evoluiu e as leis ficaram… do mesmo jeito.
Muitos de nós cristãos compreendemos a importância do feminismo no mundo, inclusive líderes religiosos passam ideias do feminismo em suas palestras, cultos e missas. Sabemos também que a nossa opinião não deve ser orientada apenas naquela doutrina e que tudo mudou demais para o que o Testamento seja seguido à risca (vide sacrifícios) e que a opinião não é verdade absoluta que deve ser seguida.
Obviamente temos aqueles mais ortodoxos que seguem uma mente fechada, antiga e consequentemente machista. Mas isso temos independente da religião. Aliás, argumentos religiosos são apenas muletas para o machismo, assim como “questões culturais” são para o racismo e por aí vai a infinidade de argumentos que não se sustentam mas que as pessoas insistem em usar.
O meu desejo é deixar claro para ambos os lados que estamos agindo em prol de um mundo melhor e que, por mais que nossas ideias entrem em conflito, é necessário que haja um pouco mais de paciência de cada um para que possamos nos entender de uma vez. Sempre alguém vai ter que ceder um pouco para que o mundo entre em paz.
Cristãos, nós feministas não estamos contra vocês. Feministas, nós cristãos não estamos contra vocês. Tá na hora de se unir.
Mas acima de tudo, tá na hora de se respeitar.

Fonte: Geledes

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