O Ministério da Justiça removeu
de sua rede social uma peça publicitária de uma campanha contra o abuso de
álcool após receber críticas de internautas. O post, publicado no Facebook, foi
considerado machista e um incentivo ao bullying por alguns usuários.
Na mesma semana em que a
presidenta Dilma Rousseff inaugurou a primeira Casa da Mulher Brasileira, local
que reúne assistência jurídica e médica e acolhimento para mulheres vítimas de
violência, o Ministério da Justiça mostra que políticas voltadas para o gênero
no Brasil ainda têm um longo caminho a percorrer.
Uma peça publicitária divulgada
no Facebook do Ministério da Justiça virou alvo de centenas de críticas por
estimular a violência contra a mulher. Com os dizeres: “Bebeu demais e esqueceu
o que fez? Seus amigos vão te lembrar por muito tempo”, a foto mostrava duas
meninas ao fundo rindo de uma terceira, que segura um celular e faz cara de
desentendida. Durou menos de um dia inteiro no ar.
E é fácil entender por quê. Em
uma sociedade que volta e meia coloca a responsabilidade do abuso sexual na
própria vítima, uma publicidade desse tipo endossa os argumentos de que “a
culpa é da mulher”, ou que ela “pediu para ser estuprada”, como muitos chegam a
argumentar.
Após a enxurrada de críticas, o
Ministério da Justiça tirou a peça do ar e se desculpou publicamente, via
Facebook: “A campanha #BebeuPerdeu é muito mais
do que isso. Nós nos equivocamos com a peça. Ela tem o objetivo de conscientizar jovens até 24 anos sobre os malefícios
do álcool. Atuamos em políticas públicas em conjunto com a Secretaria
de Políticas para a Mulher (SPM) contra a violência doméstica, o feminicídio e
outras formas de violência contra a mulher. Pedimos desculpas pelo mal
entendido e ao mesmo tempo contamos com a colaboração de todos na campanha.
Abraços”.
O estrago já havia sido feito, e
as internautas reagiram. “É [uma peça] misógina e naturaliza a cultura do
estupro, deixa a entender que alguém que bebe - neste caso mulheres - seria
responsável por qualquer coisa que lhe ocorresse e ainda ridiculariza a vítima,
deixando claro que além de culpada também deve ser satirizada por isso”,
escreveu uma leitora no Facebook. “Conscientizar é conscientizar e não
estimular violência. Ministério da Justiça, vocês sabem quantas mulheres são
vítimas de abuso por ano no Brasil? Ou melhor, vocês sabem quantas pessoas
abusam de mulheres porque elas beberam? Cadê a responsabilidade e a noção nessa
campanha?”, disse outra.
A foto polêmica fazia parte de
uma campanha, iniciada no carnaval do ano passado, que visa conscientizar
jovens e adolescentes sobre o consumo de bebidas alcoólicas. A ação foi criada
pela agência SLA, a pedido do Ministério da Justiça. Ao Portal Imprensa,
Marcone Gonçalves, diretor de comunicação do Ministério, disse que a
responsabilidade pela peça ter ido ao ar foi do órgão e não da agência.
A bola fora faz o o Ministério da
Justiça entrar no carnaval pela quarta-feira de cinzas. Com uma propaganda que,
sem dúvida será “lembrada por muito tempo”.
A campanha #BebeuPerdeu será
lançada na próxima segunda-feira (9) em todo o país. Outros cartazes da
campanha não foram removidos da página do Ministério da Justiça no Facebook.
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