Cida Vieira, mentora do projeto:
inspiração no museu de Amsterdã
Espaço funcionará em um casarão
na Rua Guaicurus, no maior complexo de prostituição do país.
Inspirado no Museu do Sexo de
Amsterdã, Belo Horizonte também terá o seu Red Light District (Distrito da Luz
Vermelha), cujo slogan é “sexo é a coisa mais natural do mundo”. O projeto,
ainda embrionário, vai criar o Museu Interativo do Sexo de BH em um casarão na
Rua Guaicurus, no maior complexo de prostituição do país, onde funcionam 21
hotéis trabalhando em dois turnos com atendimento 24 horas.
Na zona de baixo meretrício da
Guaicurus, com prédios em art decor da década de 1920, já trabalharam figuras
históricas como a prostituta Hilda Furacão e o travesti Cintura Fina,
personagens imortalizados pelo escritor mineiro Roberto Drummond. Outra precursora
foi a paulistana Gabriela Leite, criadora da grife de roupas Daspu, de São
Paulo, que teve passagem por BH.
“O museu vai ajudar a quebrar o
estigma do trabalho das prostitutas na sociedade mineira, que é falsa
moralista. Convive com a Guaicurus desde sempre e nunca nos assumiu. Agora, as
profissionais do sexo vão sair do armário”, afirma a mentora do projeto Cida
Vieira, presidente da Associação das Prostitutas de Minas Gerais (Aprosmig),
que chegou a implantar o curso de inglês e espanhol para prostitutas de BH na
Copa do Mundo de 2014. Ela lembra que, desde 2010, a profissão já está prevista
na Classificação Brasileira das Ocupações.
Na segunda-feira, às 13h30,
ocorre a primeira reunião oficial do projeto do Museu Virtual do Sexo, na sede
da Aprosmig, na Rua Guaicurus. Com os primeiros rascunhos nas mãos, Cida e os
outros participantes vão inscrever o projeto na Belotur e na Secretaria
Estadual de Cultura. O imóvel já existe. “Fiz uma exposição no Hotel Diamante,
no ano passado. Muitos dos convidados nunca tinham entrado antes em um
prostíbulo. É importante fazer o museu ali mesmo, na Rua Guaicurus, para que os
moradores da cidade descubram a beleza arquitetônica do Centro e das relações
sociais”, afirma o antropólogo e artista visual Francilins.
VERSÃO VIRTUAL Enquanto não se
consolida o patrocínio ao museu do sexo de BH, a associação das prostitutas e
seus parceiros estão reunindo material para lançar a versão virtual, com a
projeção de vídeos, fotos e objetos que possam recriar a rotina das mulheres da
Rua Guaicurus. “No primeiro momento, temos a plataforma visual. Quando tivermos
apoiadores, podemos viabilizar o museu físico. O importante é dar visibilidade
a estas pessoas que estão ali trabalhando e que a cidade tenta esconder.
Trata-se de uma patrimônio imaterial de enorme importância, que poderá
funcionar como atração turística, assim como em Amsterdã”, diz o artista
Francilins.
Fonte: Estado de Minas
Nenhum comentário:
Postar um comentário