Está dedicado às “culturas
femininas entre igualdade e diferença” a assembléia do pontifício conselho da Cultura
do cardeal Gianfranco Ravasi (4-7 de fevereiro), no Vaticano. Entre os temas elencados no
documento preparatório, a violência contra as mulheres, o papel feminino na
Igreja e também a cirurgia estética como “boneca de carne”.
Testemunhal do
evento, com um vídeo-apresentação que suscitou elogios e críticas no mundo
anglo-saxônico, a atriz Nancy Brilli.
A reportagem é de Iacopo Scaramuzzi,
publicada por Vatican Insider, 02-02-2015. A traduçao é de Benno Dischinger.
“A expressão ‘culturas femininas’
não significa separá-las das masculinas, mas manifesta a consciência que existe
um ‘olhar’ sobre o mundo e sobre tudo que o circunda, sobre a vida e sobre a
experiência, que é próprio das mulheres”, se lê no “esboço de trabalho”
publicado no sítio do dicastério vaticano, e elaborado por um grupo de mulheres
à luz das considerações pastorais a nós enviadas pelos membros e consultores”
do pontifício conselho.
São quatro os temas individuados
pelo documento: “Entre igualdade e diferença: à procura de um equilíbrio”, “a
‘generatividade’ como código simbólico”, “o corpo feminino: entre cultura e
biologia” (e aqui o texto enfrenta o tema da violência sobre as mulheres, da
cirurgia estética como uma boneca de carne” e aquele do corpo das mulheres em
mérito à questão sobre “como evitar uma proposta puramente funcional:
sedutividade, mercificação, uso a fins de marketing”), e, enfim, “as mulheres e
a religião: fuga ou novas formas de participação na vida da Igreja?”).
O pontifício conselho de Ravasi
apresentará, ademais, a assembléia plenária de quarta-feira, dia 4 de
fevereiro, às 15h30, no Teatro Argentina de Roma com tomadas da Rai.
“Não é que as mulheres queiram
escolher os cardeais, mas tomar parte nesta abertura totalmente nova da Igreja”
do Papa Francisco, disse Nancy Brilli em conferência de imprensa. A atriz
italiana é testemunhal do evento com um vídeo no sítio do dicastério. Com o
hastag #LIFEOFWOMEN, afirma: “A que ponto nos encontramos, como mulheres? Estou
certa que te perguntaste muitas vezes, quem és, o que fazes, o que pensas com
respeito ao tu seres mulher, à tua força, às tuas dificuldades, ao teu corpo e
à tua vida espiritual. Se queres, podes compartilhar o teu ponto de
vista".
A versão inglesa do vídeo foi
recentemente retirada por causa – explicou Ravasi em resposta a uma pergunta
dos jornalistas – de uma “duplicidade de reações”, principalmente do mundo
estadunidense, canadense e australiano, de um lado os conservadores, que viam
nele um texto “demasiado avançado”, e por outro lado os progressistas o
consideravam demasiado “negativo”: as reações às suas iniciativas, glosou
Ravasi, “sempre tem sido assim: os entusiastas e aqueles que consideravam
realmente dimensões satânicas...”.
Nancy Brilli acrescentou: “Da
internet não se elimina jamais nada, o vídeo existe”.
Suscitou a curiosidade dos
jornalistas também a passagem do texto base sobra a “burqa”: “È impressionante
o crescimento da cirurgia estética para aderir a um modelo extrínseco, penso
nas garotas de dezoito anos que pedem para o aniversário um novo seio”, disse o
cardeal Ravasi, ampliando, todavia, o discurso à questão do “trans-humanismo”
levantada pelas neurociências e pela evolução da medicina esportiva.
“Eu – disse de sua parte Nancy
Brilli – estou muito envolvida por estar junto a um cirurgião plástico que se
ocupa prevalentemente de reconstrução pós-câncer. O termo “nova burqa” depende
do fato que as mulheres procuram com muita frequência homologar-se para serem
aceitas. Mas, se alguém altera a fisionomia com a qual vem ao mundo porque não
se sente bem, não entendo porque deva ser demonizado e criticado”.
Intervieram na conferência de
imprensa também a diretora de RaiNews24 Monica Maggioni, que citou entre outras
coisas os serviços da rede all news da Rai do Iraque, “dentro de Kobane
assediada, onde as mulheres, as mães e as filhas nos fazem uma narração de suas
perspectivas, temores, sonhos”.
A presidente da Rai Anna Maria
Tarantola, de sua parte, recordou os esforços da televisão pública, não priva
de freadas, para dar maior papel às mulheres, e sublinhou: “Há estudos muito
belos em campo econômico que mostram que as mulheres têm algumas
características, empatia, maior aversão a riscos, capacidade de trabalhar junto
com os outros, o envolvimento, que são muito apreciadas pelas próprias empresas
porque muito aptas a enfrentar a crise que nos atanaza há tanto tempo”.
Interveio na conferência de
imprensa, moderada pelo vice-diretor da sala de imprensa vaticana Ciro
Benedettini, também Consuelo Corradi, vice-diretora da Lumsa. O cardeal Ravasi
preanunciou a futura criação de uma “consulta feminina permanente” no interior
do pontifício conselho da Cultura, para aprofundar a questão do “olhar das
mulheres”, com um “número restrito” de participantes das “diversas
competências” e prevalentemente, mas não exclusivamente, italianas.
Fonte: Ihu
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