quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Acusado de cafetinagem, ex-diretor do FMI começa a ser julgado na França

Advogados de defesa de Strauss-Kahn afirmam que ele era adepto das orgias, mas não sabia que se tratava de prostitutas.

O ex-diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, que chegou a ser cotado para a presidência da França, em 2011, compareceu nesta segunda-feira (2), em Lille, no Norte da França, ao primeiro dia de seu julgamento. Ele é acusado, junto com outras 13 pessoas, de "proxenetismo com agravante em grupo organizado". Proxenetismo é o ato de obter benefícios econômicos da prostituição de outras pessoas. O proxeneta é popularmente conhecido, no Brasil, como cafetão.


Ex-diretor do FMI, Strauss-Kahn foi cotado para disputar a presidência da França
(AP Photo)
Strauss-Kahn chegou ao tribunal no início da tarde, acompanhado de seus três advogados de defesa. Ele deve ser ouvido na próxima semana, e a previsão é que o julgamento se estenda por todo o mês.

O ex-diretor do FMI é acusado de fazer parte de uma rede de prostituição montada por um grupo de amigos. Entre os réus estão empresários, um advogado, um policial e o dono de uma boate de sexo na Bélgica. Eles teriam participado de festas com prostitutas aliciadas mediante pagamento.

Os advogados de defesa de Strauss-Kahn afirmam que ele era adepto das orgias sexuais, mas não sabia que se tratava de prostitutas. O juiz que instruiu o processo concluiu que não havia elementos suficientes para indiciar o acusado, mas a procuradoria decidiu avançar com o julgamento. Se houver condenação, as penas podem chegar a dez anos de prisão e multas equivalentes a R$ 4,5 milhões.

David Lepidi, advogado do Grupo de Ação contra o Proxenetismo, organização não governamental que luta contra a exploração de prostitutas, acha que o julgamento é justo. “Não somos uma associação contra Dominique Strauss-Kahn, lutamos contra todas as formas de exploração da prostituição. Se, ao final dos debates, os elementos mostrarem que há razões para uma condenação, então a justiça será feita”, declarou.

O caso ficou conhecido como o caso Carlton, em referência ao Hotel Carlton, em Lille, que fez parte das investigações policiais em 2011, quando a rede de prostituição foi descoberta. Antes disso, Strauss-Kahn foi detido nos Estados Unidos por suspeita de agredir sexualmente uma empregada de um hotel em Nova York.

Algumas testemunhas de acusação pediram ao tribunal que a audiência seja realizada a portas fechadas. As partes civis implicadas alegam que algumas prostitutas preferem manter o anonimato. Algumas refizeram sua vida. Outras sempre ocultaram sua atividade das pessoas de seu convívio. O tribunal negou o pedido. Nem mesmo aceita a aplicação parcial, embora seja provável que revise sua posição no decorrer do processo. O não comparecimento de algumas vítimas poderia enfraquecer a acusação.

No resumo do caso, os testemunhos de algumas mulheres deixam em evidência a linha de defesa de Strauss-Kahn, que alega desconhecer que as participantes de suas orgias exerciam a prostituição. Segundo esses testemunhos, o ex-diretor do FMI era extremamente violento e estava acostumado a sodomizar as prostitutas a despeito de seus protestos. O intercâmbio de mensagens entre os acusados e as conversas telefônicas interceptadas apontam para a organização de encontros sexuais sempre sob medida para o insaciável apetite sexual de Strauss-Kahn.

O processo durará três semanas e DSK deve ser ouvido na terça-feira, 10 de fevereiro. Segundo se prevê, seu testemunho pode durar dois dias e meio. Soma-se à expectativa o debate sobre a prostituição na França, um país onde os bordéis são proibidos desde 1946. Uma das partes civis implicadas é a Fundação Scelles, que combate a prostituição e apoia a iniciativa socialista de condenar o réu. “Quero deixar claro que não estamos contra DSK, mas sim contra toda forma de agenciamento de prostitutas”, disse o advogado da fundação, David Lepidi, quando chegou ao tribunal de Lille.

Lille está a vinte de quilômetros da fronteira com a Bélgica, país que, como a Holanda, tem um enfoque muito mais permissivo em relação à prostituição e onde os bordéis são legalizados


Fonte: Agência Brasil e ElPais

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