Advogados de defesa de
Strauss-Kahn afirmam que ele era adepto das orgias, mas não sabia que se
tratava de prostitutas.
O ex-diretor do Fundo Monetário
Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, que chegou a ser cotado para a
presidência da França, em 2011, compareceu nesta segunda-feira (2), em Lille,
no Norte da França, ao primeiro dia de seu julgamento. Ele é acusado, junto com
outras 13 pessoas, de "proxenetismo com agravante em grupo
organizado". Proxenetismo é o ato de obter benefícios econômicos da
prostituição de outras pessoas. O proxeneta é popularmente conhecido, no
Brasil, como cafetão.
Ex-diretor do FMI, Strauss-Kahn
foi cotado para disputar a presidência da França
(AP Photo)
Strauss-Kahn chegou ao tribunal
no início da tarde, acompanhado de seus três advogados de defesa. Ele deve ser
ouvido na próxima semana, e a previsão é que o julgamento se estenda por todo o
mês.
O ex-diretor do FMI é acusado de
fazer parte de uma rede de prostituição montada por um grupo de amigos. Entre
os réus estão empresários, um advogado, um policial e o dono de uma boate de
sexo na Bélgica. Eles teriam participado de festas com prostitutas aliciadas
mediante pagamento.
Os advogados de defesa de
Strauss-Kahn afirmam que ele era adepto das orgias sexuais, mas não sabia que
se tratava de prostitutas. O juiz que instruiu o processo concluiu que não
havia elementos suficientes para indiciar o acusado, mas a procuradoria decidiu
avançar com o julgamento. Se houver condenação, as penas podem chegar a dez
anos de prisão e multas equivalentes a R$ 4,5 milhões.
David Lepidi, advogado do Grupo
de Ação contra o Proxenetismo, organização não governamental que luta contra a
exploração de prostitutas, acha que o julgamento é justo. “Não somos uma
associação contra Dominique Strauss-Kahn, lutamos contra todas as formas de
exploração da prostituição. Se, ao final dos debates, os elementos mostrarem
que há razões para uma condenação, então a justiça será feita”, declarou.
O caso ficou conhecido como o
caso Carlton, em referência ao Hotel Carlton, em Lille, que fez parte das
investigações policiais em 2011, quando a rede de prostituição foi descoberta.
Antes disso, Strauss-Kahn foi detido nos Estados Unidos por suspeita de agredir
sexualmente uma empregada de um hotel em Nova York.
Algumas testemunhas de acusação
pediram ao tribunal que a audiência seja realizada a portas fechadas. As partes
civis implicadas alegam que algumas prostitutas preferem manter o anonimato.
Algumas refizeram sua vida. Outras sempre ocultaram sua atividade das pessoas
de seu convívio. O tribunal negou o pedido. Nem mesmo aceita a aplicação
parcial, embora seja provável que revise sua posição no decorrer do processo. O
não comparecimento de algumas vítimas poderia enfraquecer a acusação.
No resumo do caso, os testemunhos
de algumas mulheres deixam em evidência a linha de defesa de Strauss-Kahn, que
alega desconhecer que as participantes de suas orgias exerciam a prostituição.
Segundo esses testemunhos, o ex-diretor do FMI era extremamente violento e
estava acostumado a sodomizar as prostitutas a despeito de seus protestos. O
intercâmbio de mensagens entre os acusados e as conversas telefônicas
interceptadas apontam para a organização de encontros sexuais sempre sob medida
para o insaciável apetite sexual de Strauss-Kahn.
O processo durará três semanas e
DSK deve ser ouvido na terça-feira, 10 de fevereiro. Segundo se prevê, seu
testemunho pode durar dois dias e meio. Soma-se à expectativa o debate sobre a
prostituição na França, um país onde os bordéis são proibidos desde 1946. Uma
das partes civis implicadas é a Fundação Scelles, que combate a prostituição e
apoia a iniciativa socialista de condenar o réu. “Quero deixar claro que não
estamos contra DSK, mas sim contra toda forma de agenciamento de prostitutas”,
disse o advogado da fundação, David Lepidi, quando chegou ao tribunal de Lille.
Lille está a vinte de quilômetros da fronteira
com a Bélgica, país que, como a Holanda, tem um enfoque muito mais permissivo
em relação à prostituição e onde os bordéis são legalizados
Fonte: Agência Brasil e ElPais
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