Um dos obstáculos mais
importantes para impulsionar a transformação que necessita hoje a Igreja é a
passividade generalizada dos cristãos. Desgraçadamente, durante muitos séculos
temos educado, sobretudo, para a submissão e a passividade. Todavia hoje, às
vezes parece que não os necessitamos para pensar, projetar e promover caminhos
novos de fidelidade para Jesus Cristo.
A leitura que a Igreja propõe
neste domingo é o Evangelho de Jesus segundo Lucas 12,32-48 que corresponde ao
19° Domingo do Tempo Comum, ciclo C do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José
Antonio Pagola comenta o texto. Eis o texto
As primeiras gerações cristãs
viram-se muito rapidamente obrigadas a colocar-se uma questão decisiva. A vinda
de Cristo ressuscitado demorava mais do que se tinha pensado de início. A
espera tornava-se longa. Como manter viva a esperança? Como não cair na
frustração, no cansaço ou no desalento?
Nos evangelhos encontramos
diversas exortações, parábolas e chamadas que só têm um objetivo: manter viva a
responsabilidade das comunidades cristãs. Uma das chamadas mais conhecidas diz
assim: «Estejam com os rins cingidos e as lâmpadas acesas». Que sentido podem
ter estas palavras para nós, depois de vinte séculos de cristianismo?
As duas imagens são muito
expressivas. Indicam a atitude que hão de ter os criados que estão à espera de
noite que regresse o seu senhor, para abrir-lhe o portão da casa quanto chame.
Hão de estar com «os rins cingidos», quer dizer, com a túnica arregaçada para
poderem mover-se e atuar com agilidade. Hão de estar com «as lâmpadas acesas»
para ter a casa iluminada e manterem-se despertos.
Estas palavras de Jesus são
também hoje uma chamada a viver com lucidez e responsabilidade, sem cair na
passividade ou na letargia. Na história da Igreja há momentos em que se cai a
noite. No entanto, não é a hora de apagar as luzes e nos pormos a dormir. É a
hora de reagirmos, despertar a nossa fé e seguir caminhando para o futuro,
inclusive numa Igreja velha e cansada.
Um dos obstáculos mais
importantes para impulsionar a transformação que necessita hoje a Igreja é a
passividade generalizada dos cristãos. Desgraçadamente, durante muitos séculos
temos educado, sobretudo, para a submissão e a passividade. Todavia hoje, às
vezes parece que não os necessitamos para pensar, projetar e promover caminhos
novos de fidelidade para Jesus Cristo.
Por isso temos de valorizar,
cuidar e agradecer tanto o despertar de uma nova consciência em muitos laicos e
laicas que vivem hoje sua adesão a Cristo e sua pertença à Igreja de um modo
lúcido e responsável. É, sem dúvida, um dos frutos mais valiosos do Vaticano
II, primeiro concílio que se ocupou direta e explicitamente deles.
Estes crentes podem ser hoje o
fermento de umas paróquias e comunidades renovadas em torno de seguirmos fiéis
a Jesus. São o maior potencial do cristianismo. Necessitamo-los mais do que
nunca para construir uma Igreja aberta aos problemas do mundo atual, e próxima
dos homens e mulheres de hoje.
Fonte: Ihu
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