Luiza Brunet e Lirio Parisotto,
em uma foto de dezembro de 2013. BRUNO POLETTI FOLHAPRESS
A modelo e atriz Luiza Brunet,
54, tornou público nesta sexta-feira um episódio de agressão que sofreu há um
mês pelo então marido, o empresário bilionário Lirio Parisotto, 62. Ela afirmou
ao jornal O Globo que levou um soco e diversos chutes durante uma viagem que
fizeram a Nova York.
A agressão, segundo Luiza, ocorreu no apartamento do
empresário na noite do dia 21 de maio resultou em quatro costelas quebradas. No
dia seguinte, a modelo disse que pegou um avião e voltou para o Brasil, onde
realizou o exame de corpo de delito e uma denúncia ao Ministério Público de São
Paulo.
Ao jornal O Globo, Luiza explicou
que a vergonha foi a principal razão do seu silêncio por mais de um mês. “É
doloroso aos 54 anos ter que me expor dessa maneira. Mas eu criei coragem,
perdi o medo e a vergonha por causa da situação que nós, mulheres, vivemos no
Brasil”, disse. “É um desrespeito em relação à gente. O que mais nos inibe é a
vergonha. Há mulheres com necessidade de ficar ao lado do agressor por questões
econômicas, porque está acostumada ou mesmo por achar que a relação vai
melhorar”.
A voz de Luiza Brunet, mais de um
mês após sofrer a agressão, ecoou, batendo de frente com a ideia pré-concebida
de que a violência doméstica só acontece na periferia, ou nas margens da
sociedade. O agressor em questão é um empresário famoso e invejado pela sua
fortuna, que atua em diversos ramos, dentre eles o de petróleo e da
comunicação. É dono de uma patrimônio de mais de 2 bilhões de reais e figura na
28º posição entre as pessoas mais ricas do Brasil, segundo a lista da Forbes do
ano passado. Agora, responderá por uma ação criminal baseada na Lei Maria da
Penha, segundo afirmou o advogado de Luiza ao portal G1. O processo está em
segredo de Justiça.
Segundo o relato da atriz,
Parisotto se exaltou durante um jantar. Eles foram para casa na sequência, onde
ele a golpeou com um soco no rosto, a imobilizou no chão e deu vários chutes.
Ela disse que se trancou no quarto, de onde só saiu no dia seguinte, para
voltar ao Brasil. Por meio de uma nota enviada pela assessoria de imprensa,
Lirio Parisotto disse que lamenta "que versões distorcidas sobre um
episódio ocorrido na intimidade estejam sendo divulgadas como única expressão
da verdade. Embora compreenda a natural repercussão do caso pelas pessoas
envolvidas, tenho a convicção de que, no momento e nas esferas legais
apropriadas, todas as circunstâncias serão plenamente esclarecidas”. Ele não
quis dar entrevista.
A amigos, no entanto, ele tem
enviado mensagens dizendo que "nunca levantou a mão contra homem, muito
menos contra mulher. Quando a agressão vem do outro lado e você tem força
suficiente se imobiliza. Alguém com quatro costelas quebradas viaja no mesmo
dia (domingo) e na segunda e terça está nos estúdios da Globo testando roupa
para participação em novela... que mentira!"
Antes de tornar sua história
pública, Luiza usou sua conta no Instagram para desabafar, ainda que nas
entrelinhas. “Bom dia! Esta é a clássica foto sofrida por muitas mulheres no
Brasil. Não tenha medo de fazer denúncia 180 #delegaciadamulher
#procuradoriageraldesaopaulo. Esta é a campanha que vou abraçar! Ajudar
mulheres a perder o medo #falesemmedo esta pode ser a sua foto, pode ser a
minha foto”, publicou no início do mês, junto de uma imagem de uma mulher com
um olho roxo.
Depois da publicação, ela ainda
postou outras imagens que incentivavam a denúncia de agressões contra as
mulheres, até que, nesta sexta, resolveu falar publicamente sobre o que passou.
Luiza é embaixadora do Instituto Avon, que realiza campanhas contra a violência
doméstica. Contrariando um ditado, a palavra - e não o silêncio - de Luiza
Brunet podem valer ouro: a denúncia feita por alguém como ela pode ser capaz de
incentivar outras mulheres a prestarem queixa. Há quatro anos, quando a
apresentadora Xuxa falou publicamente sobre um episódio de abuso sexual sofrido
na adolescência, as queixas por meio do Disk Denúncia aumentaram em 30% no dia
seguinte.
De acordo com o Mapa da Violência
de 2015: homicídio de mulheres no Brasil, o parceiro ou ex-parceiro é o
principal autor da agressão sofrida por mulheres adultas. Em mais de 70% dos
casos, a violência ocorre dentro de casa. Luiza Brunet faz parte agora dessa
estatística. Mas sua voz pode ter o poder de conscientizar as mulheres a respeito
da importância das denúncias. "Homens não batem em homens. Não deixe de
registrar queixa na delegacia da mulher!" Escreveu ela, em outro post no
Instagram.
Fonte: El Pais
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