Seguir Jesus é o coração da vida
cristã. O essencial. Nada há mais importante ou decisivo. Precisamente por
isso, Lucas descreve três pequenas cenas para que as comunidades que leem seu
evangelho tomem consciência de que, aos olhos de Jesus, não pode haver nada de
mais urgente e inadiável. Jesus utiliza imagens duras e escandalosas.
Observa-se que quer sacudir as consciências.
Por Jose Antonio Pagola
Não procura mais seguidores, mas
seguidores mais comprometidos, que o sigam sem reservas, renunciando a falsas
seguranças e assumindo as rupturas necessárias.
Suas palavras colocam no fundo
uma só questão: que relação queremos estabelecer com Ele, aqueles que nos
dizemos seus seguidores?
Primeira cena
Um dos que o acompanham sente-se
tão atraído por Jesus que, antes que o chame, ele mesmo toma a iniciativa:
«Irei seguir-te aonde quer que fores». Jesus faz-lhe tomar consciência do que
está dizendo: «As raposas têm tocas, e os pássaros ninhos», mas ele «não tem
onde repousar a cabeça».
Seguir Jesus é toda uma aventura.
Ele não oferece aos seus segurança ou bem-estar. Não ajuda a ganhar dinheiro ou
a adquirir poder. Seguir Jesus é «viver de caminho», sem instalarmos no
bem-estar e sem procurar um falso refúgio na religião. Uma Igreja menos
poderosa e mais vulnerável não é uma desgraça. É o melhor que pode
acontecer-nos para purificar a nossa fé e confiar mais em Jesus.
Segunda cena
Outro está disposto a segui-lo,
mas pede-lhe para cumprir primeiro com a obrigação sagrada de «sepultar seu
pai». A nenhum judeu pode estranhar, pois trata-se de uma das obrigações
religiosas mais importantes. A resposta de Jesus é desconcertante: «Deixe que
os mortos sepultem seus próprios mortos: você vai anunciar o reino de Deus».
Abrir caminhos ao Reino de Deus
trabalhando por uma vida mais humana é sempre a tarefa mais urgente. Nada deve
atrasar nossa decisão. Ninguém deve reter-nos ou travar-nos. Os «mortos», que
não vivem a serviço do reino da vida, já se dedicaram a outras obrigações
religiosas menos urgentes que o reino de Deus e da sua justiça.
Terceira cena
A um terceiro que quer
despedir-se da sua família antes de segui-Lo, Jesus diz-lhe: «Quem põe a mão no
arado e olha para trás não serve para o Reino de Deus». Não é possível seguir
Jesus olhando para trás. Não é possível abrir caminhos para o reino de Deus
ficando no passado. Trabalhar no projeto do Pai requer dedicação total,
confiança no futuro de Deus e audácia para caminhar atrás dos passos de Jesus.
Fonte: Ihu
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