Brasília(DF), 27/04/2016 - XIV
Marcha dos Vereadores em Brasília - Vereadores bebem e dançam durate o evento
no Centro de Convenções Ulisses Guimarães - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles
Os parlamentares não perderam tempo e se ambientaram rapidamente. Não demorou para descobrirem casas de massagem, bares com prostituição camuflada e até prostíbulos de luxo em pleno coração da capital federal.
A semana foi agitada em Brasília.
A alguns quilômetros do Congresso Nacional, onde o destino da presidente Dilma
Rousseff é decidido por senadores e deputados, no Centro de Convenções Ulysses
Guimarães, 340 parlamentares de vários estados participaram da 14ª Marcha dos
Vereadores. Da redução de gastos com a máquina pública ao fim do foro
privilegiado em casos de corrupção, eles prometiam se debruçar sobre problemas
nacionais. Para boa parte desses políticos, no entanto, o engajamento parou
ali, no conteúdo programático. Em vez de se concentrarem em palestras, debates
e mesas de discussão, muitos aproveitaram a visita a Brasília para marchar para
a farra.
Durante dois dias, a equipe do
Metrópoles acompanhou a aventura dos vereadores na cidade grande. Três pontos
principais abrigaram os participantes do evento: os setores hoteleiros Sul e
Norte e o Setor de Clubes Esportivos Norte. As diárias custaram, em média, R$
400. Os parlamentares não perderam tempo e se ambientaram rapidamente. Não
demorou para descobrirem casas de massagem, bares com prostituição camuflada e
até prostíbulos de luxo em pleno coração da capital federal.
O detalhe nada republicano disso
tudo é que a diversão dos excelentíssimos vereadores foi paga pelos municípios
de origem, ou seja, pelos contribuintes. Somente com inscrição, os
parlamentares gastaram quase R$ 700 mil. A hospedagem em hotéis luxuosos e
alimentação também entraram nessa conta. E, acredite, o prazer deles também foi
financiado pelo cidadão.
Enquanto painéis eram realizados
no auditório do primeiro pavimento do Centro de Convenções, na quinta-feira
(28/4), terceiro dia de evento, um grupo de vereadores bebia e dançava ao som
de uma dupla sertaneja. Tudo no mesmo andar. Generosos, atenderam ao pedido dos
cantores e colaboraram com a caixinha dos artistas. Alguns deram R$ 50. Com o
chapéu alheio, é fácil ser gentil.
Refrescando-se com uma lata de
cerveja, o vereador Wagner Loreno (PSB), de Mormaço (RS), estava satisfeito da
vida. O município dele, a 250km da capital Porto Alegre, tem 3 mil habitantes.
“A festa está muito boa”, disse ao avaliar, digamos, a programação recreativa
da marcha. Wagner já estava na quinta latinha.
Sentado em uma mesa com outros
vereadores, o vice-presidente da Câmara Municipal de Tianguá, no Ceará, Mariano
Brekenfeld Diniz (PSB), também bebia cerveja na modalidade sem moderação.
Passava das 19h e a noite dele estava apenas começando.
A bancada de Tianguá, aliás, era
uma das mais animadas. Depois de se divertirem na lanchonete do Centro de
Convenções, enquanto a plenária comia solta no auditório, representantes da
pequena cidade cearense, distante 270km de Fortaleza, marcharam para o Alfa
Pub, um bar na Quadra 2 do Setor Hoteleiro Sul, lotado de garotas belas,
desinibidas e da zona.
O vereador tianguaense chegou à
Alfa Pub por volta da meia-noite desta quinta-feira (28/4). Casado, o
socialista Mariano Brekenfeld Diniz ignorou o estado civil e logo engatou papo
com uma moça de cabelos castanhos que usava um vestido provocativo. Estava
acompanhado de outros dois colegas da Câmara. O grupo pediu um balde com
cervejas. Cada uma ao preço nada módico de R$ 30 a long neck de 355 ml. Isso
sim, uma sem-vergonhice. Apenas para entrar, cada um esbanjou R$ 360.
Mariano era o mais saidinho do
grupo. Enquanto os outros bebiam e apreciavam de longe as garotas, ele deixou a
timidez de lado e trocou beijos e carícias com a garota de programa. As
autoridades municipais não se demoraram muito na boate. Foram exatos 23 minutos
na Casa. Suficientes para Mariano sair de lá de mãos dadas com a acompanhante.
Como o expediente da casa ainda não havia se encerrado, ele teve de pagar a
luva de R$ 90 para sair de lá com a garota.
Brasília(DF), 27/04/2016 - XIV
Marcha dos Vereadores em Brasília - Movimentacão dos vereadores pela cidade -
Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles
A conta, no entanto, estava longe
de ser fechada. O serviço da moça varia de R$ 300 a R$ 500. “Eles é que estão
certos de irem foder (sic)”, comentou outra garota que esperava sua vez para
descolar um programa com algum dos participantes da marcha.
Do outro lado do Eixo Monumental,
um grupo de vereadores da Região Sul buscava diversão mais em conta. Na Quadra
2 do Setor Hoteleiro Norte, mulheres bem-vestidas ofereciam sabonetes exóticos
aos frequentadores de bares. Mas bastava um elogio para elas entregarem a verdadeira
atividade comercial: sexo. O programa era tabelado: R$ 300. No mesmo
quarteirão, um grupo de mulheres se insinuava para quem passava pela rua. Todas
atendiam em uma casa da massagem. Por meia hora de diversão, R$ 70. Mais uma
vez, os vereadores deram sinal de que as finanças vão muito bem, obrigado.
Crise, que crise?
Na Marcha de Vereadores teve
mesmo de tudo. Um dos políticos ganhou um carro de presente em um sorteio.
Outros foram atrás da sorte grande em endereços nada ortodoxos da capital. Para
os que vieram, o evento vai deixar saudade. Aos que pagaram, a conta das
delícias de fazer política na capital. Ah sim, entre um suspiro e outro, eles
soltaram o grito de protesto em frente ao Congresso Nacional.
XIV Marcha dos Vereadores em Brasília – Vereadores bebem e
dançam durante o evento no Centro de Convenções Ulishttp://www.ubajaranoticias.com.br/ses
Guimarães – Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles
Fonte: http://www.ubajaranoticias.com.br/
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