Muitas mulheres passam por
assédio sexual no trabalho, mas não sentem segurança para denunciá-lo e quebrar
o silêncio. Em muitos casos, a mulher que sofre assédio sexual prefere sair do
emprego, porque ficar desempregada e buscar outro trabalho soa como uma opção
melhor do que buscar a punição para o assediador. É muito difícil revelar o que
está acontecendo quando se tem receio de que não se possa provar ou que ninguém
acredite.
Por Jarid Arraes
É muito importante saber que o
assédio sexual no trabalho não vem
necessariamente de superiores e nem é algo que o assediador faz com uma
intenção supostamente elogiosa. Há mulheres que são sexualmente assediadas
quando escutam deboches a respeito dos seus corpos ou da sexualidade que os
assediadores julgam que elas possuem. No entanto, disfarçada de “brincadeira”
ou forjada na insistência da abordagem sexual, o assédio tem muitas faces.
Muitos assediadores esperam que as mulheres sejam agradecidas
pelo assédio sexual que sofrem, como se os atos fossem elogiosos e não
invasivos. No entanto, tal assédio torna o ambiente tóxico, repleto de medos e
sentimentos ruins que fazem com que o trabalho das mulheres seja prejudicado.
Afinal, é muito difícil manter um certo nível esperado de performance quando
não se pode sequer caminhar pelos corredores ou quando o simples ato de buscar
um copo d’água se torna um dilema.
Um dos maiores desafios continua
sendo a não-concretização da denúncia e a falta de assistência que essas
trabalhadoras podem sentir. Além disso, a falta de informação age como um
verdadeiro entrave para que o assédio sexual seja devidamente identificado, interrompido
e punido.
Também é fundamental compreender
que nem todas as trabalhadoras que estão sofrendo assédio sexual estão em
escritórios ou ambientes corporativos. Não há apenas um tipo de emprego onde
isso acontece. As empregadas domésticas, por exemplo, são parte das maiores
vítimas de assédio sexual e abusos no trabalho, sobretudo porque vivem em
ambientes privados, sem órgãos ou responsáveis que zelem por seus direitos e
submetidas a uma rotina de muitas violações de direitos – sejam elas quanto aos
horários extenuantes ou funções acumuladas.
Em primeiro lugar, é preciso que
todos os trabalhadores saibam o que é assédio sexual e que haja maior
conscientização a respeito do problema. Porém, nenhuma formação ou reunião será
eficiente se o machismo não for confrontado e eliminado das relações de
trabalho. Se o ambiente de trabalho é hostil para as mulheres, porque não é
planejado para que pessoas de todos os sexos possam trabalhar ou porque o
trabalho das mulheres é considerado inferior de alguma forma, é impossível
esperar que não exista assédio sexual.
Por todos esses fatores, se você
sofre assédio sexual no seu trabalho, busque ajuda. Procure sindicatos, grupos
de apoio e informações na internet. Você pode encontrar coletivos de mulheres
que lutam contra a violência sexual e que poderão te ajudar, além de suporte
jurídico. Rompa o silêncio. Um ambiente de trabalho livre de assédio sexual é
seu direito.
Fonte: Revista Fórum
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