Embora hoje em dia as pessoas que
se dedicam à prostituição sejam — quase sempre — marginalizadas, nem sempre a
atividade foi vista como o produto da falta de oportunidades ou de
circunstâncias desfavoráveis. Na verdade, conforme você verá nos exemplos a
seguir, a profissão se transformou bastante ao longo da História e, em alguns
casos, as profissionais do sexo chegaram a ser incrivelmente influentes e
respeitadas. Confira:
1 – As Auletrides da Grécia Antiga
Embora muitas mulheres tenham se
dedicado à prostituição ao longo da história grega, entre as mais ilustres, sem
dúvida, estavam as Auletrides. Elas exerciam suas atividades e pagavam impostos
ao Estado como qualquer trabalhador, e sua profissão envolvia muito mais do que
apenas oferecer sexo aos seus clientes.
Muitas Auletrides eram talentosas
ginastas, acrobatas, cantoras e até esgrimistas, portanto, além de serem
contratadas para “agradar” aos homens, era comum que elas fossem chamadas para
realizar apresentações em festivais públicos e inclusive cerimônias religiosas.
Essas mulheres podiam receber pequenas fortunas por seus trabalhos e, no geral,
eram respeitadas em sua época — tanto que muitas foram imortalizadas pela arte
e literatura.
2 – Os Tellaks do Império Otomano
Como você sabe, a prostituição
não é uma atividade exclusivamente feminina, e ao longo da História existiram
exemplos de rapazes que também se dedicaram à profissão, como é o caso dos
Tellaks do Império Otomano. Eles surgiram com a popularização dos banhos turcos
durante o século 15 e eram jovens garotos empregados para ajudar a banhar e
massagear os frequentadores — e, às vezes, agradá-los sexualmente.
Os meninos eram bem pagos pelos
seus serviços e podiam guardar todo o dinheiro que ganhavam. Como a sodomia era
proibida na época, os tellaks encontravam formas alternativas de satisfazer os
clientes, e muitos inclusive acabavam se envolvendo emocionalmente com os
frequentadores dos banhos turcos.
Com a queda do Império Otomano,
os jovens tellaks foram substituídos por atendentes adultos — e as atividades
de cunho sexual desapareceram por completo. No entanto, até hoje o termo “hamam
oglani” (ou algo como “menino do banho”) é usado pejorativamente na Turquia em
referência aos homossexuais.
3 – As cortesãs da Itália renascentista
Durante o período renascentista,
as cortesãs italianas desfrutaram de uma liberdade e de um estilo de vida aos
quais poucas mulheres da mesma época puderam aspirar. Ao contrário da maioria,
que só tinha acesso à educação se fosse enviada a conventos pela família, as
cortesãs podiam estudar livremente e ainda conseguiam conquistar o mesmo tipo
de estabilidade e segurança que as mulheres casadas — enquanto exploravam a
própria sexualidade.
Veronica Franco, famosa cortesã
veneziana
Não é a toa que as cortesãs eram
consideradas por muitos como as mulheres mais bem educadas de sua época, e
sabe-se que, além de oferecer sexo, elas podiam discutir temas como a
diplomacia, a poesia e a filosofia com seus clientes e amantes. Aliás, algumas
delas se tornaram tão influentes que chegaram a afetar a política ao
compartilhar suas opiniões com homens poderosos.
4 – As Oiran do período Edo no Japão
As gueixas, ao contrário do que
muita gente pensa, não eram prostitutas, mas sim mulheres treinadas especialmente
para entreter o público masculino. Na verdade, não é segredo que algumas
gueixas faziam sexo com seus clientes — e que diversas acabaram se tornando
amantes e protegidas de figurões poderosos —, mas a função de agradar aos
homens sexualmente era mesmo das Oiran.
As Oiran eram as prostitutas mais
requintadas do período Edo — que se estendeu entre o século 17 e 19 —, quando a
atividade ainda não era considerada ilegal no Japão. Essas mulheres eram
respeitadas, geralmente se vestiam com uma elaborada vestimenta e se
comunicavam de maneira extremamente formal, portanto, era comum que elas fossem
chamadas para “agradar” aos homens da nobreza.
5 – As Ganika da Índia
Ao longo de sua História, a Índia
reconheceu nove classes diferentes de prostitutas, que incluíam as Kumbhadasi,
Paricharika, Kulata, Sawirini, Nati, Shilpakarika, Prakashavinashta, Rupajiva e
Ganika — sendo que as que pertenciam a esse último tipo estavam no topo da
hierarquia da profissão.
Isso porque, enquanto muitas das
mulheres que pertenciam às demais classes praticavam a prostituição por
pertencerem a determinadas castas ou por serem forçadas pelos próprios maridos
para conseguir uma renda extra, as Ganika precisavam dominar 64 modalidades
diferentes de artes — como a pintura, música, poesia e artes teatrais — antes
de exercerem suas atividades sexuais.
Além disso, ao contrário de
prostitutas de classes inferiores, que muitas vezes eram obrigadas a viver em
bordéis, as Ganika podiam conquistar posições de destaque em cortes reais e residir
em confortáveis casas — e até contar com serventes à sua disposição. Ademais,
além de serem apreciadas por sua beleza, seus talentos e conhecimento refinado
as tornavam respeitadas o suficiente para acompanhar seus amantes em festas e
eventos públicos.
Fonte: www.megacurioso.com.br
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