Quantas mulheres casadas,
respeitadas e valorizadas socialmente se prostituem com seus próprios maridos?
Quantas moças são educadas para só se casar com homens que lhes possam dar
conforto e dinheiro? Quantas mulheres solteiras só aceitam ir para um motel com
um homem se antes ele pagar o jantar num restaurante caro?
Por Regina Navarro Lins (Comentando o
“Se eu fosse você'')
A questão da semana é o caso do
internauta que está casado há 42 anos, adora a mulher, mas ela não quer mais
fazer sexo com ele. Para isso acontecer ela exige que ele lhe pague U$100 cada
vez.
Ao ler o seu relato, lembrei-me
de Nanda, uma bonita mulher de 34 anos, que atendi no consultório. Ela nunca
trabalhou; casou-se com Carlos quando tinha 23 anos e tiveram dois filhos. Seu
padrão de vida sempre foi alto. Ele, um empresário bem-sucedido, não se
importava com o ócio da mulher. Sentia uma grande atração sexual por ela e
ficava feliz em poder mimá-la.
Nanda fazia ginástica, dança,
massagem e comprava tudo o que desejava. Com o tempo, seu desejo sexual pelo
marido foi diminuindo, até se tornar um sacrifício fazer sexo com ele. Passou a
evitar, dando desculpas que já não convenciam mais. Carlos parou de insistir,
mas sutilmente foi diminuindo o dinheiro que lhe deixava todos os dias de
manhã.
Quando Nanda alegava que
precisava comprar alguma coisa ou pagar uma conta, ele carinhosamente lhe dizia
para ter paciência porque os negócios estavam numa fase difícil. A situação
chegou ao ponto dela ficar praticamente sem dinheiro algum, apenas a conta
certa do supermercado e das despesas das crianças.
Numa tarde em que estava reunida
com os amigos, Nanda desesperada desabafou: “Não transo com ele há dois meses,
não consigo. É um sacrifício, mas hoje não tem jeito, vou ter que fazer sexo de
qualquer maneira. Meu cabelo está horrível, preciso de dinheiro urgente para
cortá-lo.”
No dicionário encontramos a
seguinte definição de prostituta: “mulher que pratica o ato sexual por
dinheiro”. Na Antiguidade, a prostituição foi uma instituição sagrada muito
comum, chegando a ser exercida nos templos. Mulheres respeitáveis faziam sexo
com o sacerdote ou com um passante desconhecido, realizando assim um ato de
adoração a um deus ou deusa.
Com o surgimento do cristianismo,
os templos foram fechados e o meretrício passou a ser comercializado com fins
lucrativos para aqueles que faziam das mulheres suas escravas. Desde então a
prostituição passou a ser vista como necessária à sociedade; uma atividade
repulsiva, mas tolerada para evitar algo pior.
Aí vem a pergunta: quantas
mulheres casadas, respeitadas e valorizadas socialmente se prostituem com seus
próprios maridos? Quantas moças são educadas para só se casar com homens que
lhes possam dar conforto e dinheiro? Quantas mulheres solteiras só aceitam ir
para um motel com um homem se antes ele pagar o jantar num restaurante caro?
É impossível calcular, mas nada
disso é falado. Tudo se passa por baixo do pano para que a respeitabilidade
dessas pessoas seja preservada. A prostituta é desprezada, mas a única
diferença é que seu jogo é claro. Ela não se preocupa em fingir. “Entre as que
se vendem pela prostituição e as que se vendem pelo casamento a única diferença
consiste no preço e na duração do contrato.”, diz Simone de Beauvoir
Essa é uma história bem antiga.
Quando o patriarcado se estabeleceu, a mulher tornou-se um objeto que podia ser
comprado, trocado ou repudiado. Instalada a relação opressor/oprimido, a mulher
não encontrou outra alternativa. Usou a única arma que tinha para se defender:
o seu corpo. Controlando a satisfação das exigências sexuais masculinas,
conseguia obter em troca vantagens, assim como jóias, vestidos, perfumes etc.
Fonte: http://www.thurbay.com/
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